Os medicamentos à base de Cannabis têm ganhado espaço no tratamento de diversas condições de saúde em crianças, especialmente casos graves, como epilepsia e transtorno do espectro autista. Com o aumento do interesse pelo uso terapêutico dos canabinoides, é importante que pesquisadores realizem mais estudos sobre a segurança dessa abordagem, antecipando possíveis efeitos colaterais.
Os medicamentos com Cannabis, assim como qualquer remédio, podem causar efeitos colaterais. Em crianças, essa preocupação é maior, já que seu organismo ainda está em desenvolvimento e pode ser mais sensível às substâncias ativas.
Um estudo investigou a segurança do tratamento com Cannabis em pacientes pediátricos, analisando a prevalência de efeitos adversos gastrointestinais, como diarreia e náuseas. O estudo, realizado por pesquisadores canadenses, observou que, embora alguns pacientes tenham apresentado reações adversas, a abordagem continua sendo uma opção segura.
Tratamentos com Cannabis em crianças
Muitas dúvidas e debates surgiram nos últimos anos em relação ao uso de derivados da Cannabis em crianças, especialmente entre pais que buscam alternativas para tratar doenças complexas em seus filhos.
O uso responsável de medicamentos à base de Cannabis pode trazer benefícios para a qualidade de vida de crianças e suas famílias, Um dos exemplos mais conhecidos é o tratamento de epilepsias de difícil controle com o canabidiol (CBD), um dos compostos da Cannabis. Em alguns casos, não se trata apenas de reduzir o número de crises, mas de promover uma transformação no cotidiano da criança. Com o tratamento, elas podem voltar a frequentar a escola e viver plenamente a infância.
Do mesmo modo, crianças no espectro autista têm demonstrado melhoras com o uso do CBD, especialmente na interação social, controle da agitação e até redução de comportamentos auto lesivos.
O estudo canadense, ao analisar os efeitos colaterais gastrointestinais, tem como objetivo ajudar médicos e responsáveis a tomarem decisões mais informadas, garantindo segurança e ampliando as possibilidades terapêuticas.
Fatores que influenciam o surgimento de efeitos colaterais
A pesquisa analisou dados de mais de 1.200 pacientes pediátricos, considerando cerca de 25 estudos, entre ensaios clínicos, estudos de coorte retrospectivos e estudos não controlados.
Os resultados mostraram que cerca de 33% das crianças apresentaram efeitos gastrointestinais adversos, como náuseas e diarreia. O estudo também revelou que crianças com síndrome de Dravet, um tipo raro de epilepsia, têm maior propensão a desenvolver diarreia (21%) do que outros tipos de condição (5%, em média). Isso sugere que o tipo de condição tratada e a dosagem do medicamento podem influenciar no surgimento dos efeitos colaterais.
Como reduzir os efeitos colaterais em tratamentos com Cannabis
Os pesquisadores alertaram que, embora sejam derivados de plantas, os medicamentos com Cannabis possuem compostos ativos que interagem com o organismo. Por isso, é fundamental que pais e cuidadores busquem informação e mantenham diálogo constante com os profissionais de saúde.
Para garantir a segurança do tratamento, os especialistas reforçam a importância de seguir as recomendações médicas à risca. Isso inclui respeitar a dosagem prescrita e não interromper o uso sem orientação profissional. Além disso, as consultas de acompanhamento são essenciais para monitorar a resposta ao tratamento e ajustar a dose, se necessário. Esses cuidados ajudam a minimizar os efeitos colaterais e a garantem melhores resultados no tratamento.
Palavra da especialista
Em live no canal do Cannabis & Saúde no YouTube, a Dra. Vanessa Matalobos falou sobre a segurança e eficácia dos tratamentos pediátricos com medicamentos à base de Cannabis. Ela destacou as principais condições de saúde tratadas com canabinoides.
“A Sociedade Brasileira de Pediatria autoriza para tratar epilepsias refratárias. A Cannabis vai tratar o transtorno do espectro autista e a disbiose intestinal. Também trato com Cannabis o transtorno Borderline, assim como casos de esquizofrenia e câncer cerebral. Patologias de pele como psoríase e dermatite atópica, também podem ser tratadas.”
Sobre os efeitos colaterais do uso prolongado de medicamentos ricos em delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) em crianças, a Dra. Matalobos destacou que alternativas como óleos broad spectrum e CBD isolado podem ser opções seguras.
“É muito seguro usar Cannabis em crianças. Na realidade, algumas pessoas têm preconceito, que é muito grande ainda. A gente tem que avaliar o paciente e tem que saber que existem vários tipos de óleo.”
Confira no vídeo abaixo a entrevista completa com a Dra. Vanessa Matalobos.
A Cannabis melhorando a vida de crianças
Na nossa sessão História dos pacientes, apresentamos recentemente o caso de dois irmãos diagnosticados com transtorno do espectro autista: Hadassa, de 5 anos, e Emanuel, de 7. Na entrevista, a mãe das crianças, Eliana, compartilhou os benefícios que o tratamento com medicamentos à base de Cannabis proporcionou aos filhos.
“Devido ao alto nível de agressividade e à seletividade alimentar, eles não se alimentavam bem e tinham pouca interação social. Com a introdução da Cannabis, percebemos uma grande diferença na esfera comportamental. Eles ficaram mais calmos e houve uma evolução significativa na alimentação.”
A inclusão de canabinoides na rotina de cuidados das crianças trouxe não apenas mais qualidade de vida, mas também uma nova perspectiva para a família.
Leia a história completa aqui.
Como iniciar um tratamento seguro com Cannabis
No Brasil, desde 2015, o uso medicinal da Cannabis tem regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão estabeleceu que esse tipo de medicamento só pode ser indicado por profissionais de saúde após avaliação de cada paciente. Essa regra tem o objetivo de garantir que o tratamento ocorra em segurança e com os produtos adequados.
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