Sentir dor faz parte da vida, mas quando ela se torna constante, entra em cena um problema que afeta milhões de brasileiros: a dor crônica.
Segundo a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), cerca de 37% da população brasileira convive com algum tipo de dor crônica, o que representa um impacto expressivo na saúde pública.
A condição, muitas vezes negligenciada, interfere no trabalho, nas relações pessoais e até na capacidade de sentir prazer nas atividades mais simples do dia a dia.
Mas afinal, por que a dor crônica aparece e o que diferencia esse tipo de dor da dor comum, aquela que melhora com o tempo? É sobre isso que falaremos a seguir.
Prossiga com a leitura e aprenda sobre:
- O que é dor crônica?
- O que causa a dor crônica?
- Tipos de dor crônica
- Patologias frequentemente associadas à dor crônica
- Qual médico procurar para dor crônica?
- Como é feito o diagnóstico da dor crônica?
- Tratamentos convencionais para dor crônica
- Tratamento para dor crônica com Cannabis medicinal
- O uso da Cannabis para fins medicinais é permitido no Brasil?
- Como conseguir prescrição para tratamento de dor com Cannabis?
- Como comprar remédios à base de Cannabis?
O que é dor crônica?

Todo mundo já sentiu dor — seja um corte, uma torção no tornozelo, uma cirurgia ou até mesmo uma dor de dente.
Esse tipo de dor, chamada dor aguda, costuma ter uma causa clara e tende a desaparecer conforme o corpo se recupera. Ela cumpre uma função importante: avisar que há algo errado.
A dor crônica, por outro lado, é diferente. Ela persiste por semanas, meses ou até anos, mesmo depois que o corpo já deveria estar curado.
Em muitos casos, a dor perde sua função de proteção e passa a ser uma condição por si só — sem utilidade, mas com enorme impacto físico e psicológico.
Para fins clínicos, considera-se dor crônica aquela que dura mais de 12 semanas ou que ultrapassa o tempo esperado de cicatrização.
Pode ter origem em uma lesão antiga, em doenças que afetam o sistema nervoso, ou em condições degenerativas comuns em idosos, como a osteoartrite.
Essa persistência interfere profundamente na rotina. Pessoas com dor crônica costumam reduzir suas atividades físicas e sociais, o que pode levar ao sedentarismo, ao ganho de peso e até à piora do quadro de dor.
Além do desconforto constante, há reflexos diretos na saúde mental — ansiedade, isolamento e distúrbios do sono são frequentes.
Estima-se que uma em cada dez pessoas no mundo desenvolva algum tipo de dor crônica. Em alguns países, essa taxa chega a 25% da população.
E nem sempre há uma causa física evidente: situações de estresse intenso, depressão ou traumas emocionais podem desencadear dores sem origem aparente.
Diferença entre dor aguda e dor crônica
A principal diferença entre dor aguda e dor crônica está na duração — mas não apenas nisso.
A dor aguda surge como uma resposta imediata a uma lesão ou inflamação. É intensa, localizada e geralmente cessa quando o problema é tratado.
Uma fratura, uma cirurgia recente ou uma infecção costumam provocar esse tipo de dor, que desaparece assim que o corpo se recupera.
Já a dor crônica pode permanecer mesmo depois da cura do tecido, ou surgir sem uma causa física detectável.
Em vez de servir como um aviso temporário, torna-se um problema contínuo, que afeta o funcionamento do sistema nervoso e altera o modo como o corpo interpreta os sinais de dor.
Enquanto a dor aguda é resolvida com analgésicos e anti-inflamatórios, o tratamento da dor crônica costuma ser multidisciplinar.
Médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais trabalham juntos para controlar o sintoma e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Em muitos casos, é necessário associar medicamentos, fisioterapia, técnicas de relaxamento e até terapias comportamentais.
O que causa a dor crônica?

A dor crônica pode ter diversas origens. Às vezes, ela é consequência de uma lesão que nunca cicatrizou completamente.
Em outros casos, surge como manifestação de doenças inflamatórias, degenerativas ou autoimunes.
Entre as causas mais comuns estão:
- Lesões físicas: Quedas, fraturas ou movimentos repetitivos podem causar danos duradouros nos tecidos;
- Doenças inflamatórias e autoimunes: Condições como artrite reumatoide, lúpus e fibromialgia frequentemente provocam dores persistentes;
- Alterações neurológicas: Lesões nos nervos, como na neuropatia periférica ou na esclerose múltipla, podem causar dor contínua mesmo sem lesão aparente;
- Cirurgias: Especialmente aquelas mais invasivas, podem deixar sequelas dolorosas de longo prazo;
- Envelhecimento: O desgaste natural das articulações, músculos e ossos contribui para o aparecimento da dor crônica;
- Traumas emocionais e estresse: O sistema nervoso e o emocional estão interligados; tensões constantes podem amplificar a percepção da dor;
- Infecções crônicas: Infecções como o HIV podem causar inflamação e dores persistentes.
Quais são os sintomas da dor crônica?
A dor crônica pode se manifestar de várias formas — dor constante, formigamento, sensação de queimação ou rigidez são algumas delas.
Além do desconforto físico, há sintomas secundários que surgem com o tempo: fadiga, insônia, dificuldade de concentração e até alterações no humor.
Viver com dor constante pode gerar um ciclo difícil de romper.
A pessoa reduz suas atividades diárias para evitar o sofrimento, o que leva ao isolamento social e à perda de autonomia.
A limitação física, muitas vezes, vem acompanhada de ansiedade e depressão, agravando ainda mais o quadro.
Outros sintomas comuns incluem palpitações, alterações na respiração, distúrbios do sono e até dores musculares generalizadas, como ocorre na fibromialgia.
Sinais físicos e emocionais mais comuns
No aspecto físico, os sinais mais frequentes são dor persistente ou recorrente em um local específico (coluna, articulações, abdômen), rigidez, cansaço fácil e sensibilidade aumentada ao toque.
Muitos pacientes sofrem com alterações no sono, perda de força ou resistência que piora com o tempo.
Movimentos que antes eram triviais passam a provocar limitação funcional: subir escadas, carregar sacolas, ou sentar por longos períodos deixam de ser tarefas neutras.
No campo emocional, a presença constante da dor altera comportamento e motivação.
Aparecem irritabilidade, ansiedade por antecipação da próxima crise e um quadro de desânimo que pode evoluir para depressão.
A dor crônica também muda a maneira como a pessoa se relaciona: há retraimento social, medo de comprometer compromissos por causa da dor e aumento de conflitos familiares em torno da limitação funcional.
Cognitivamente, queixas como dificuldade de concentração e “nevoeiro mental” são comuns, afetando produtividade e qualidade de vida.
O ponto crítico é que esses sinais físicos e emocionais se reforçam: insônia aumenta sensibilidade à dor; mais dor consome recursos emocionais e reduz a capacidade de enfrentamento.
Dor crônica intratável e complicações
Quando a dor crônica não responde a intervenções habituais, fala-se em dor intratável.
Não é apenas uma dor mais intensa: é um quadro em que os mecanismos de manutenção da dor se tornaram autônomos do gatilho inicial.
O sistema nervoso passa a “memorar” o sinal doloroso; caminhos de sensibilização central fazem com que estímulos fracos provoquem dor intensa.
As complicações são múltiplas e se acumulam: perda de autonomia, afastamento do trabalho, isolamento social e piora da saúde mental com risco de depressão profunda e ansiedade generalizada.
Há impacto sobre sono, alimentação e mobilidade, fatores que, por sua vez, agravam problemas metabólicos e cardiovasculares.
Outro risco prático é a iatrogenia: uso crônico de opioides e benzodiazepínicos pode gerar dependência, sedação e queda da capacidade funcional.
Fisiopatológica
O termo “dor fisiopatológica” descreve a dor que nasce de processos orgânicos identificáveis — inflamação, lesão tecidual, compressão nervosa ou disfunção de órgãos.
Diferente de manifestações puramente psicogênicas, aqui há alteração clara na estrutura ou no funcionamento do corpo que explica, em parte, o sinal doloroso.
Dentro desse quadro, ocorrem três cenários clássicos: dano tecidual que ativa nociceptores (receptores de dor); inflamação que sensibiliza fibras nervosas e perpetua sinais; e lesão nervosa que gera disparos anômalos (neuropatia).
Do ponto de vista bioquímico, citocinas inflamatórias, mediadores como prostaglandinas e alterações na excitabilidade neuronal modificam a forma como o sistema nervoso interpreta estímulos.
Em algumas situações, a própria tentativa de cicatrização cria tecido que comprime estruturas vizinhas (por exemplo, aderências ou osteófitos), dando continuidade ao ciclo da dor.
Tipos de dor crônica

Nem toda dor crônica é igual — e entender isso é o primeiro passo para tratá-la corretamente.
Embora, na prática, o sintoma principal seja o mesmo — a dor persistente que insiste em permanecer por semanas ou meses —, os mecanismos por trás dela variam muito.
Essa diferença explica por que um remédio funciona para um paciente e falha completamente em outro.
Cada tipo de dor tem uma origem biológica específica, ligada ao modo como o sistema nervoso interpreta e reage a determinados estímulos.
De modo geral, os especialistas classificam a dor crônica fisiopatológica em quatro grandes grupos:
- Dor nociceptiva: surge quando há estímulo contínuo a nociceptores por dano tecidual ou inflamação — por exemplo, artrose ou lesões musculares. Geralmente é bem localizada e se agrava com o uso da área afetada.
- Dor neuropática: resulta de lesão ou disfunção do sistema nervoso (nervos periféricos ou sistema nervoso central). Caracteriza-se por queimação, formigamento, choques elétricos ou sensação de dormência.
- Dor centralizada (nociplástica): quando o problema está na amplificação dos sinais no sistema nervoso central — o cérebro e a medula “aumentam” a dor. Fibromialgia e algumas síndromes de dor generalizada se enquadram aqui; a dor tende a ser difusa e desproporcional a achados estruturais.
- Dor mista: situações em que dois ou mais mecanismos coexistem — por exemplo, uma hérnia de disco que causa compressão nervosa (neuropática) e também inflamação local (nociceptiva). Esses casos são os mais desafiadores, porque cada componente pode exigir tratamento específico.
Classificar a dor conforme esses tipos ajuda a direcionar intervenções, uma vez que analgésicos simples raramente resolvem dor neuropática ou centralizada.
O diagnóstico diferencial é, portanto, passo inicial indispensável para qualquer plano terapêutico bem-sucedido.
Dor de cabeça crônica
A dor de cabeça é, de longe, uma das queixas mais comuns em consultórios médicos.
Quando o sintoma ultrapassa os três meses de duração, ou aparece em mais de 15 dias por mês, entra na categoria de cefaleia crônica.
O problema é que, nessa fase, o cérebro e as vias nervosas envolvidas na percepção da dor já sofreram alterações que mantêm o desconforto mesmo sem gatilho aparente.
Entre as causas mais frequentes estão a enxaqueca crônica e a cefaleia tensional, mas também há dores persistentes associadas a distúrbios do sono, uso excessivo de analgésicos e alterações hormonais.
O paciente vive um ciclo desgastante: sente dor, toma remédio, o alívio é temporário, e logo o sintoma volta — muitas vezes com mais intensidade.
Esse processo, chamado de “cefaleia por uso excessivo de medicação”, é um dos maiores desafios do tratamento.
Dor lombar crônica
A dor lombar crônica é uma das principais causas de afastamento do trabalho no mundo.
Ela não é apenas um incômodo físico: é uma condição que altera a rotina, prejudica o sono e interfere na mobilidade.
Entre as causas mais comuns estão hérnias de disco, artrose nas vértebras, contraturas musculares persistentes e processos inflamatórios nos tecidos que sustentam a coluna.
Quando o episódio agudo não é tratado corretamente, o corpo cria mecanismos de compensação que acabam piorando o quadro.
Além disso, fatores emocionais, como estresse e ansiedade, podem amplificar a percepção da dor e dificultar a recuperação.
Dor pélvica crônica
A dor pélvica crônica é um diagnóstico complexo, especialmente em mulheres, por envolver múltiplas causas possíveis — ginecológicas, urológicas, intestinais e até musculoesqueléticas.
É definida quando a dor persiste por mais de seis meses e afeta diretamente a qualidade de vida, o desempenho sexual e o bem-estar emocional.
Entre as causas mais conhecidas estão endometriose, adenomiose, cistite intersticial, síndrome do intestino irritável e disfunções do assoalho pélvico.
Também há sobreposição de fatores físicos e emocionais que mantêm o ciclo da dor.
Condições frequentemente associadas à dor crônica

A dor crônica é um problema de saúde complexo e, muitas vezes, invisível.
Ela pode se manifestar de diferentes formas: contínua, intermitente, localizada ou difusa, e persistir por meses ou anos, mesmo após o tratamento da causa inicial.
Em muitos casos, a dor deixa de ser apenas um sintoma e se torna uma condição por si só, interferindo diretamente na qualidade de vida, no sono, no humor e na capacidade funcional.
Essa persistência dolorosa costuma estar ligada a distúrbios físicos que provocam inflamação, degeneração de tecidos ou alterações no sistema nervoso.
O corpo continua enviando sinais de dor mesmo quando já não há mais lesão evidente, o que torna o diagnóstico e o tratamento desafiadores.
Entre as doenças mais associadas à dor crônica estão condições articulares, neuromusculares e inflamatórias, como:
Osteoartrite
A osteoartrite é uma doença degenerativa que compromete toda a articulação e provoca inflamação da membrana sinovial.
Em condições normais, há equilíbrio entre a produção e a destruição da cartilagem.
Quando esse equilíbrio se rompe, seja por sobrecarga mecânica, envelhecimento ou alterações metabólicas, a dor e a rigidez começam a aparecer.
As dores típicas da osteoartrite pioram com o movimento e melhoram com o repouso.
Costumam surgir de forma progressiva ao longo do dia e podem atrapalhar o sono, especialmente em fases de inflamação mais intensa.
O avanço da doença é lento, mas caracterizado por períodos de crise em que a destruição da cartilagem acelera e o desconforto se intensifica.
Endometriose
A endometriose é uma doença ginecológica crônica que afeta cerca de uma em cada dez mulheres.
Ela ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio, que normalmente reveste o útero, cresce fora dele nos ovários, trompas ou outros órgãos pélvicos.
Esse tecido reage aos hormônios do ciclo menstrual, gerando inflamação e dor recorrente.
Os sintomas variam bastante. Em algumas mulheres, a doença é silenciosa; em outras, provoca cólicas menstruais incapacitantes, dor durante as relações sexuais e até dor ao urinar.
A intensidade da dor não está necessariamente ligada à extensão das lesões, o que torna o diagnóstico um desafio frequente.
Cervicalgia

A cervicalgia é o termo médico para dor na região do pescoço. Ela pode ser consequência de má postura, tensão muscular, desgaste das vértebras cervicais ou hérnias de disco.
O problema é comum em quem passa muitas horas em frente ao computador ou mantém a cabeça inclinada por longos períodos.
Além da dor e da rigidez no pescoço, a cervicalgia pode causar dor de cabeça, tontura e até formigamento nos braços.
O tratamento depende da causa, mas costuma envolver fisioterapia, exercícios de alongamento e, em casos mais severos, intervenções médicas específicas.
Cefaleia
A cefaleia, ou dor de cabeça, é uma das formas mais comuns de dor crônica.
Pode surgir de maneira episódica ou persistente, e suas causas vão desde tensão muscular até alterações neurológicas.
As enxaquecas, por exemplo, são crises intensas que podem vir acompanhadas de náusea, sensibilidade à luz e som, e costumam durar de horas a dias.
Embora a maioria das cefaleias seja benigna, algumas podem sinalizar condições mais graves.
Por isso, dores que se tornam frequentes, mudam de padrão ou interferem na rotina devem ser avaliadas por um especialista.
Hérnias de disco
A hérnia de disco ocorre quando o disco intervertebral — uma estrutura que funciona como amortecedor entre as vértebras — se desloca e comprime raízes nervosas.
Isso pode gerar dor intensa na região lombar ou cervical, além de irradiar para pernas ou braços, dependendo do local afetado.
Os sintomas geralmente pioram com movimentos, tosse ou espirros.
Em alguns casos, a hérnia pode ser assintomática, mas quando causa dor persistente, requer acompanhamento médico e fisioterápico para evitar complicações e perda de mobilidade.
Fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dor difusa, fadiga extrema e distúrbios do sono.
Acredita-se que o cérebro das pessoas com essa condição amplifica os sinais de dor, reagindo de forma exagerada a estímulos que normalmente não seriam dolorosos.
É comum que a fibromialgia venha acompanhada de ansiedade, depressão e alterações cognitivas leves, conhecidas como “nevoeiro mental”.
Embora não tenha cura, o tratamento busca reduzir a dor crônica e melhorar a qualidade de vida por meio de medicamentos, fisioterapia e terapias integrativas.
Artrite
A artrite é uma inflamação nas articulações que causa dor, inchaço e rigidez.
Diferente da osteoartrite, que é degenerativa, a artrite tem um componente inflamatório mais evidente e pode atingir pessoas de diferentes idades, embora seja mais frequente após os 50 anos.
As crises tendem a piorar durante a noite e no início dos movimentos.
Quando não tratada, a doença pode comprometer articulações importantes, como joelhos, punhos e vértebras, limitando atividades simples do dia a dia.
Qual médico procurar para dor crônica?

O tratamento da dor crônica costuma envolver uma equipe multidisciplinar.
Reumatologistas, ortopedistas, fisiatras e anestesiologistas são os especialistas mais procurados, mas o encaminhamento pode variar conforme a origem da dor.
Em casos mais complexos, a Medicina Intervencionista da Dor oferece abordagens específicas para controle dos sintomas, muitas vezes associando terapias farmacológicas, físicas e integrativas.
Como é feito o diagnóstico da dor crônica?
O diagnóstico começa com uma anamnese detalhada, em que o médico investiga o histórico da dor, sua duração, intensidade e fatores agravantes.
Em seguida, são aplicadas escalas de avaliação, como a Escala Visual Analógica (EVA), que quantifica a dor de 0 a 10, e a escala LANSS, usada para identificar características neuropáticas.
Exames de imagem — como ultrassonografia, tomografia ou ressonância magnética — ajudam a identificar alterações estruturais.
Quando necessário, exames laboratoriais complementam a investigação.
Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito em conjunto com diferentes especialistas, o que aumenta a precisão e direciona melhor o tratamento.
Tratamentos convencionais para dor crônica
O principal objetivo do tratamento é reduzir a intensidade da dor e restaurar a qualidade de vida.
A escolha da terapia depende da causa, da localização e da resposta individual do paciente.
Fármacos
Os analgésicos são divididos em níveis de acordo com a potência:
- O paracetamol e o ácido acetilsalicílico são usados para dores leves;
- A codeína e o tramadol, para dores moderadas;
- Outros derivados da morfina, em casos mais graves.
Medicamentos antidepressivos e anticonvulsivantes também podem ser indicados quando há envolvimento do sistema nervoso.
Todos devem ser usados sob orientação médica, devido ao risco de efeitos colaterais.
Fisioterapia e terapia ocupacional
A fisioterapia atua na redução da dor, melhora da mobilidade e fortalecimento muscular.
Já a terapia ocupacional ajuda o paciente a readaptar suas atividades diárias, promovendo autonomia e qualidade de vida mesmo com limitações físicas.
Técnicas de medicina integrativa
A acupuntura, a osteopatia e a fitoterapia vêm sendo cada vez mais incorporadas ao manejo da dor.
A acupuntura estimula pontos específicos do corpo, promovendo alívio natural.
Por outro lado, a osteopatia trabalha o realinhamento articular e a fitoterapia utiliza substâncias naturais com propriedades anti-inflamatórias.
A aromaterapia também pode auxiliar no relaxamento, reduzindo a tensão muscular e a ansiedade associada à dor.
Terapias psicológicas e comportamentais
A dor crônica não se limita ao físico — ela afeta também a forma como a pessoa pensa, sente e reage ao próprio corpo.
Por isso, as terapias psicológicas e comportamentais são essenciais no tratamento.
Entre elas, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ajuda o paciente a identificar padrões de pensamento e comportamento que amplificam a dor, substituindo-os por estratégias mais saudáveis de enfrentamento.
Essa abordagem costuma ser conduzida por psicólogos ou psiquiatras e faz parte de um plano terapêutico amplo, que integra o manejo médico e emocional.
Outra abordagem com bons resultados é a Terapia Interpessoal (TIP).
O foco aqui é ajudar o paciente a compreender como suas relações e interações sociais influenciam a percepção da dor.
A TIP trabalha o fortalecimento dos vínculos e a resolução de conflitos que, muitas vezes, agravam o sofrimento.
Programas de reabilitação da dor
Os programas de reabilitação da dor são uma das abordagens mais completas para quem convive com dor crônica.
Eles seguem o modelo biopsicossocial, que entende a dor como resultado da interação entre corpo, mente e contexto social — e não apenas como um problema físico a ser eliminado.
Ao contrário do modelo biomédico convencional, que busca apenas suprimir o sintoma, o foco aqui é restaurar a funcionalidade e melhorar a qualidade de vida.
O paciente é estimulado a recuperar o controle sobre o corpo e sobre a própria rotina, aprendendo a conviver com a dor de forma menos limitante.
Esses programas envolvem quatro pilares principais:
- Tratamento médico, com acompanhamento de especialistas e uso racional de medicamentos;
- Terapia comportamental, para trabalhar aspectos psicológicos e emocionais;
- Recondicionamento físico, com atividades planejadas para devolver força e mobilidade;
- Educação em dor, que ensina o paciente a entender o próprio quadro e agir de forma ativa no tratamento.
Quando bem estruturado, o programa de reabilitação pode reduzir significativamente o uso de medicamentos e melhorar a autoconfiança do paciente, quebrando o ciclo de dor e sofrimento.
Tratamento para dor crônica com Cannabis medicinal

No Brasil, milhões de pessoas convivem diariamente com dor crônica, uma condição que ultrapassa o desconforto físico e impacta a vida social, profissional e emocional.
Mesmo com o avanço dos tratamentos convencionais, muitos pacientes não encontram alívio duradouro.
Estudos mostram que cerca de 70% dos brasileiros com dor crônica não recebem um tratamento realmente eficaz.
É nesse contexto que a Cannabis medicinal vem ganhando espaço como alternativa terapêutica.
O motivo é simples: ela atua em mecanismos biológicos diferentes dos analgésicos convencionais, ajudando a modular a dor de forma mais ampla e, muitas vezes, com melhor tolerância.
A ação da Cannabis está diretamente ligada ao sistema endocanabinoide, uma rede de receptores presente em todo o corpo humano — inclusive no cérebro e no sistema nervoso periférico.
Esse sistema regula funções como o sono, o humor, o apetite e, principalmente, a percepção da dor.
Quando os canabinoides da planta interagem com esses receptores, eles ajudam a estabilizar a comunicação entre as células nervosas, tornando a dor menos intensa e mais controlável.
Além dos efeitos sistêmicos, produtos tópicos com extratos de Cannabis também vêm sendo usados para reduzir inflamações e aliviar dores localizadas, especialmente em articulações e músculos.
Durante uma live realizada no canal do Cannabis & Saúde, a médica anestesiologista Wanderli Soares Ramos destacou como a Cannabis pode atuar de forma integrada.
Ou seja, seus benefícios também se estendem na melhora do sono e do bem-estar emocional, que costumam ser prejudicados por condições dolorosas de longa duração.
Estudos que demonstram a eficácia da Cannabis para a dor crônica
Um trabalho publicado em 2018 mostrou que dois de seus principais compostos, o CBD e o THC, atuam na redução da dor e na modulação de sua percepção pelo sistema nervoso central.
O mecanismo envolve uma regulação do sistema endocanabinoide, que controla tanto a transmissão quanto a sensibilidade aos estímulos dolorosos.
Em termos simples, o THC pode alterar a forma como o cérebro interpreta os sinais de dor, enquanto o CBD contribui para reduzir inflamações e equilibrar o sistema nervoso.
Os efeitos terapêuticos mais observados incluem:
- Ação anti-inflamatória: o CBD combate processos inflamatórios, aliviando tanto dores locais quanto sistêmicas;
- Efeito relaxante: a Cannabis ajuda a reduzir a tensão muscular e o estresse físico e mental associados à dor persistente;
- Propriedade ansiolítica: ao equilibrar neurotransmissores ligados ao humor, a Cannabis diminui sintomas de ansiedade e depressão que frequentemente acompanham quadros de dor crônica;
- Ação analgésica: o THC e o CBD atuam em sinergia para modular a intensidade e a frequência das crises de dor.
O uso da Cannabis para fins medicinais é permitido no Brasil?
Sim. O uso da Cannabis medicinal é regulamentado no Brasil desde 2015, quando a Anvisa autorizou a prescrição de produtos à base de canabinoides para fins terapêuticos.
Atualmente, a RDC 660/2022 define os critérios legais para a importação segura de produtos à base de Cannabis.
Além disso, hoje, o país já conta com mais de 50 medicamentos à base de Cannabis disponíveis em farmácias.
Quem deseja iniciar o tratamento deve passar por avaliação médica. O profissional analisará o histórico clínico, a intensidade da dor e os tratamentos anteriores antes de emitir a prescrição.
Como conseguir prescrição para tratamento de dor com Cannabis?
Quando o tratamento convencional não traz resultados satisfatórios, recorrer à Cannabis medicinal pode ser uma alternativa.
Para isso, o primeiro passo é buscar um profissional habilitado.
Os médicos cadastrados no portal Cannabis & Saúde possuem experiência no uso terapêutico da planta e estão preparados para orientar o paciente em todas as etapas do processo — da consulta inicial até o acompanhamento.
Basta acessar o portal, escolher o médico de sua preferência e preencher o formulário online.
Após o agendamento, você receberá por e-mail todas as informações sobre o atendimento e os próximos passos para iniciar o tratamento de forma legal e segura.
Como comprar remédios à base de Cannabis?
A compra de medicamentos de Cannabis segue as mesmas regras dos fármacos controlados.
É necessário apresentar duas vias da receita médica na farmácia, e uma delas fica retida no momento da compra.
Como a oferta nacional ainda é limitada, muitos pacientes optam pela importação autorizada pela Anvisa. O processo é simples:
- Prescrição médica: A aquisição de remédios à base de Cannabis começa na consulta médica, na qual o especialista indica o medicamento conforme as necessidades do paciente;
- Solicitação à Anvisa: Com a receita em mãos, um comprovante de residência e identidade, o comprador deve acessar o site da Anvisa para envio da documentação e preenchimento de um formulário de solicitação;
- Importação: Uma vez que a solicitação for feita, é só aguardar pela resposta do órgão de vigilância sanitária, que deve chegar no prazo de, aproximadamente, 10 dias. Se o retorno for positivo, a autorização de importação é emitida.
- Compra e entrega: Você pode solicitar a importação do produto mediante receita médica e recebê-lo em casa.
Conclusão
O tratamento da dor crônica é um desafio que exige tempo, paciência e uma combinação de estratégias.
Em muitos casos, a Cannabis medicinal surge como uma opção capaz de oferecer alívio real e melhoria na qualidade de vida, sem os mesmos riscos dos analgésicos convencionais.
Se você ou alguém próximo convive com dor crônica, considere conversar com um médico especializado.
Acesse nossa plataforma de agendamento, conheça os profissionais familiarizados com esta abordagem e descubra como iniciar seu tratamento de forma segura e legal.

















