O canabidiol (CBD) está emergindo como uma nova esperança para pessoas que sofreram um traumatismo craniano, oferecendo um tratamento promissor para reduzir a inflamação e proteger as células cerebrais.
De acordo com um estudo realizado em animais por pesquisadores chineses, o CBD pode ser uma opção terapêutica promissora no tratamento de lesões cerebrais, protegendo o cérebro após um trauma.
O que acontece no cérebro após um traumatismo craniano?
Quando ocorre um traumatismo craniano, o cérebro sofre dois tipos de danos: o primário e o secundário.
- Dano primário: ocorre no momento do trauma, envolvendo contusões, lacerações e hemorragias.
- Dano secundário: resulta das reações químicas e biológicas que ocorrem após o trauma, como inflamação, inchaço, desequilíbrio químico e morte celular.
Após a lesão, células do sistema nervoso chamadas astrócitos, que normalmente ajudam a proteger o cérebro, se tornam hiperativas. Isso leva à liberação de substâncias inflamatórias, agravando ainda mais os danos.
Além disso, a barreira hematoencefálica — uma estrutura que protege o cérebro de substâncias nocivas — fica comprometida, permitindo a entrada de moléculas inflamatórias no tecido cerebral. Esse processo pode resultar na morte de neurônios e danos neurológicos.
Geralmente, os tratamentos médicos se concentram no dano secundário, buscando reduzir as sequelas. No estudo chinês, os pesquisadores analisaram os efeitos do CBD na redução desses danos.
O CBD e a proteção do cérebro após um traumatismo craniano
No estudo, os pesquisadores usaram um modelo de traumatismo craniano em ratos para investigar os efeitos neuroprotetores do CBD. O canabidiol, um dos compostos ativos encontrados na planta Cannabis, tem sido estudado por seus benefícios em diversas condições neurológicas como Alzheimer, Parkinson e epilepsia. Agora, seu potencial também foi testado em casos de lesão cerebral traumática.
Os resultados mostraram que o tratamento com CBD:
- Melhorou significativamente a função neurológica dos animais.
- Reduziu a morte de neurônios.
- Restaurou a integridade da barreira hematoencefálica.
- Diminuiu a ativação excessiva dos astrócitos.
- Reduziu a inflamação no cérebro.
Como o CBD age no cérebro após um traumatismo craniano
Os pesquisadores observaram que o CBD atua inibindo uma via de sinalização específica do cérebro, conhecida como PGE2-EP2-cAMP-PKA. Essa via está envolvida na inflamação e na ativação dos astrócitos após a lesão. Ao bloquear essa via, o canabidiol consegue reduzir a inflamação e proteger os neurônios de danos adicionais.
Do mesmo modo, o CBD reduziu a expressão de marcadores inflamatórios como COX-2 e mPGES-1, que estão diretamente ligados ao aumento da inflamação.
No estudo, os cientistas concluíram que o CBD pode controlar esses processos inflamatórios, destacando seu potencial terapêutico para reduzir sequelas e melhorar a recuperação de pacientes com traumatismo craniano.
“Este estudo confirmou o papel do sistema de prostaglandina nos mecanismos patológicos subjacentes ao traumatismo craniano, bem como os efeitos modulatórios e neuroprotetores do CBD na lesão nervosa, que provavelmente são devidos à supressão da via de sinalização PGE2-EP2-cAMP-PKA e à inibição da ativação dos astrócitos.
No geral, esses resultados avançam nossa compreensão dos mecanismos pelos quais o CBD fornece neuroproteção após o traumatismo craniano, estabelecendo uma nova base teórica para sua potencial aplicação clínica.”
Uma nova opção terapêutica
Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar esses efeitos em humanos, os resultados são promissores. O CBD pode ser uma alternativa para ajudar na recuperação de pacientes que sofreram traumatismo craniano, especialmente na redução dos danos cerebrais secundários.
O traumatismo craniano é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. Apesar dos avanços médicos, ainda há poucas opções de tratamento eficazes no combate às consequências desse tipo de lesão. Os resultados deste estudo abrem uma nova possibilidade terapêutica, que pode complementar os tratamentos convencionais.
Outros estudos sobre CBD e proteção cerebral
Recentemente, um outro estudo analisou os benefícios dos compostos da Cannabis na redução de danos cerebrais causados por um acidente vascular cerebral (AVC). Embora traumatismo craniano e AVC sejam condições distintas, ambos podem resultar em inflamação e perda de neurônios.
Pesquisadores brasileiros da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), observaram que medicamentos à base de canabinoides podem auxiliar na recuperação de pacientes que sofreram um AVC, destacando o sistema endocanabinoide como um possível alvo terapêutico.
Nesse sentido, além do traumatismo craniano e do AVC, o CBD já demonstrou efeitos neuroprotetores em outras condições neurológicas, como:
Opinião do especialista
O neurologista Valdir Silveira Afonso vê os medicamentos à base de Cannabis como uma ferramenta poderosa para a Neurologia, proporcionando alívio dos sintomas e tornando os tratamentos mais eficazes e acessíveis.
“A capacidade da Cannabis medicinal, especialmente o CBD, em reduzir a politerapia em pacientes neurológicos, proporcionando uma abordagem mais eficaz e econômica é surpreendente.
A Cannabis medicinal representa uma revolução terapêutica na Neurologia. Ela proporciona, não apenas alívio de sintomas, mas uma abordagem inovadora, que permite reduzir politerapias. Além disso, ajuda a melhorar a qualidade de vida e conectar os neurônios, para uma neurofisiologia mais eficaz.”
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza o uso de medicamentos à base de Cannabis para tratamento de saúde desde que um profissional da saúde faça uma prescrição. Essa exigência visa proteger os pacientes, garantindo que tenham acesso a produtos de qualidade comprovada e que proporcionem os benefícios esperados.
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