Um novo estudo brasileiro publicado recentemente na revista Cannabis and Cannabinoid Research investiga o uso de canabinoides como uma possível terapia para o AVC isquêmico, uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
A pesquisa revisa a literatura existente sobre o sistema endocanabinoide e sua relação com doenças neurológicas, destacando os efeitos potenciais dos canabinoides na recuperação de pacientes que sofreram um AVC.
“Os canabinoides podem impactar o tratamento dos danos causados pelo AVC, observa-se muitos benefícios, e é o que a gente vê nas pesquisas e na diminuição das consequências causadas pelos AVC, como a diminuição da área isquêmica, por exemplo”, explica a pesquisadora Solange de Souza Stork que assina o artigo publicado por brasileiros.
A cientista é parte do Grupo de Pesquisa em Doenças Cerebrovasculares – DCeV da UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense, e tem se destacado nos estudos sobre o uso de fitocanabinoides no tratamento de AVC isquêmico. Com um doutorado também focado nesse tema, Stork tem explorado como os compostos da Cannabis podem oferecer benefícios terapêuticos para pacientes que sofreram um acidente vascular cerebral.
Para a pesquisadora é hora de realmente aprofundar as pesquisas sobre canabinoides e tratamentos após o AVC, e, o mais importante: é necessário espalhar essas informações
Em suas investigações do doutorado, a Dra. Stork utiliza óleos de Cannabis full spectrum, que contêm uma variedade de fitocanabinoides. “Minha pesquisa é experimental com tratamento com fitocanabinoides. Usamos óleos full spectrum e avaliamos diversos parâmetros, tanto a nível cerebral quanto a nível sistêmico”, explica. Os resultados preliminares têm mostrado que esses compostos podem ter um impacto positivo na recuperação de pacientes com AVC.
Além disso, ela avalia parâmetros tanto cerebrais quanto sistêmicos. E observa que os canabinoides demonstram benefícios significativos na recuperação funcional dos pacientes.
Benefícios dos canabinoides
Portanto, a Dra. Stork destaca a importância dos canabinoides no tratamento das consequências do AVC. E enfatiza que as pesquisas mostram benefícios significativos, como a diminuição da área isquêmica e a redução de toxinas que podem agravar a condição do paciente.
Ademais, a pesquisadora menciona que os canabinoides podem ajudar na permeabilidade intestinal, um fator que pode influenciar a recuperação após um AVC.
“A diminuição das consequências causadas pelos AVC é um dos principais focos das nossas investigações. Os canabinoides têm mostrado potencial em mitigar esses efeitos adversos”, afirma.
Entenda a importância do Sistema endocanabinoide
O sistema endocanabinoide é uma rede complexa de receptores e moléculas que desempenha um papel fundamental na regulação de várias funções fisiológicas, incluindo a resposta inflamatória e a neuroproteção.
Neste sentido, existe a necessidade de compreensão sobre a distribuição dos receptores canabinoides no cérebro, sugerindo que esses compostos podem oferecer benefícios significativos para os sintomas do AVC. “Além do impacto na recuperação geral dos pacientes”, pontua.
Porém, apesar do crescente interesse e das evidências iniciais, a pesquisa ainda enfrenta desafios. Para a pesquisadora os efeitos neuroprotetores dos canabinoides podem abrir novas abordagens terapêuticas para o tratamento de AVC isquêmico.
Por fim, ao lado de Stork, o estudo “The Endocannabinoid System as a Target for Ischemic Stroke Therapy” é assinado pelos cientistas Khiany Mathias, David dos Santos, Fabrício Weinheimer Lippert, Richard Simon Machado, Victor Duílio Maragno, Larissa Joaquim, Samara Souza Stork, Rafael Mariano Bitencourt, Franciane Bobinski e Fabricia Petronilho. O artigo completo pode ser acessado na edição de janeiro de 2025 da Cannabis and Cannabinoid Research, onde os autores discutem em detalhes as implicações de suas descobertas e as direções futuras para a pesquisa nesta área promissora.
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