O canabidiol (CBD), um dos principais compostos da planta Cannabis, é amplamente utilizado na medicina humana. Ele tem sido usado com sucesso para aliviar sintomas de diversas condições, como dores crônicas, ansiedade e distúrbios do sono. Nos últimos anos, o CBD também ganhou espaço na medicina veterinária, especialmente para tratar cães e gatos com problemas neurológicos ou inflamatórios.
Mas… E se esse composto pudesse ajudar camarões?
De acordo com um estudo científico, o CBD pode ter um papel promissor na aquicultura de camarão, ajudando a combater vírus que causam sérios prejuízos à produção de frutos do mar. Os resultados apontam que o canabidiol pode não apenas combater agentes infecciosos, como também reforçar o sistema imunológico dos animais.
Com isso, o CBD pode se tornar um importante aliado da saúde dos camarões, contribuindo para uma aquicultura mais sustentável, segura e eficiente.
Por que usar CBD na criação de camarão
A criação de camarões em cativeiro — chamada como carcinicultura — tem crescido em diversas partes do mundo, representando uma parcela significativa da produção global de frutos do mar. Essa prática envolve o cultivo em viveiros ou tanques, protegendo os animais de predadores e condições ambientais adversas. No entanto, as doenças virais seguem como um dos maiores desafios da atividade.
Atualmente, o tratamento dessas enfermidades inclui, em geral, com antibióticos e aditivos na ração. Porém, esses métodos podem gerar efeitos colaterais indesejados: riscos à saúde humana, impactos ambientais e aumento da resistência dos patógenos.
Nesse contexto, o uso de compostos naturais como o canabidiol surge como uma alternativa promissora. O estudo, publicado no Journal of Fish Diseases, mostrou que o CBD tem potencial para se ligar a proteínas vitais dos vírus, dificultando sua multiplicação e disseminação.

Como o CBD atua no organismo do camarão
Para entender os efeitos do CBD em um camarão, os pesquisadores usaram uma técnica chamada docking molecular. Esse método permite simular no computador como uma substância interage com proteínas específicas — um “ensaio virtual”, muito utilizado no desenvolvimento inicial de medicamentos.
O canabidiol foi testado contra três alvos virais associados a doenças comuns em camarões:
- VP28, do vírus que causa a síndrome da mancha branca
- Proteína do capsídeo do vírus da necrose hipodérmica e hematopoiética infecciosa
- Cadeia β da Enterocytozoon hepatopenaei
De acordo com os resultados do estudo, o canabidiol se liga de forma estável a essas proteínas, com altas pontuações de afinidade, o que indica um bom potencial para bloquear a ação viral.
Além disso, o CBD apresentou características farmacológicas consideradas seguras: não é mutagênico, não é tóxico para o fígado ou coração e os animais o absorvem facilmente.
Como o CBD pode ser administrado na aquicultura
Assim como outros medicamentos usados na aquicultura, o CBD pode ser incorporado à ração dos camarões. Isso pode ser feito por meio de microencapsulamento, que garante maior estabilidade na água e absorção eficiente pelo sistema digestivo dos crustáceos.
Assim, um suplemento alimentar à base de CBD teria dupla função:
- Atuar como antiviral, inibindo diretamente a multiplicação dos patógenos
- Fortalecer o sistema imunológico dos camarões, aumentando a resistência a infecções e ao estresse ambiental
Essa abordagem pode reduzir a dependência de antibióticos, melhorar o bem-estar dos animais e aumentar a produtividade de forma sustentável.
Um uso exótico? Nem tanto

Pode parecer inusitado usar o CBD na carcinicultura, mas a ideia de usar derivados da planta Cannabis na produção animal vem ganhando espaço ao redor do mundo — não apenas pelo potencial terapêutico, mas também pelas suas qualidades nutricionais.
Na Nova Zelândia, por exemplo, pesquisadores vêm testando a inclusão de sementes de cânhamo na alimentação de salmões. Nos Estados Unidos, a FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos) já aprovou o uso de sementes de cânhamo na ração de galinhas poedeiras. A substituição de ingredientes convencionais, como a soja, por cânhamo pode ter menor impacto ambiental, mantendo o mesmo valor nutricional.
Na Tailândia, um experimento testou o uso de partes da planta Cannabis na ração de galinhas, com o objetivo de reduzir o uso de antibióticos.
E nos humanos? O uso medicinal da Cannabis
Como mencionamos anteriormente, o uso medicinal dos compostos da Cannabis já tem amplo reconhecimento no tratamento de diferentes condições de saúde. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige o acompanhamento de um profissional da saúde para garantir a segurança do tratamento.
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