Viver com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) significa enfrentar desafios diários. Pensamentos repetitivos e comportamentos difíceis de controlar — como verificar portas ou lavar as mãos várias vezes — podem tomar horas do dia, causar sofrimento e prejudicar a vida pessoal, social e profissional de milhões de pessoas no mundo todo.

Atualmente, o tratamento mais comum para o TOC combina medicamentos antidepressivos e terapia cognitivo-comportamental, que ajudam a pessoa a lidar com os pensamentos e a reduzir alguns rituais. No entanto, para muitos, isso não é suficiente: estima-se que até 60% continuem apresentando sintomas mesmo com o tratamento.

Por isso, pesquisadores buscam novas alternativas, e os medicamentos à base de canabinoides surgem como uma opção promissora. O maior estudo já realizado sobre o uso de Cannabis por pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo mostrou que essa abordagem pode melhorar a qualidade de vida de quem convive com o transtorno.

O que é o TOC

O TOC é um transtorno mental que afeta de 1 a 2% da população mundial. Quem tem transtorno obsessivo-compulsivo convive com pensamentos indesejados e persistentes. Para aliviar a angústia, muitas pessoas repetem certos atos, como lavar as mãos várias vezes ou verificar objetos repetidamente. Além disso, o transtorno costuma vir acompanhado de outros problemas, como ansiedade, depressão e dificuldades para dormir.

Mesmo com o tratamento convencional, até 60% dos pacientes continuam apresentando sintomas. Nesse sentido, os medicamentos à base de Cannabis se destacam como uma nova possibilidade para proporcionar mais tranquilidade mental e qualidade de vida.

Como a Cannabis pode ajudar quem tem transtorno obsessivo-compulsivo

O estudo Medicinal Cannabis Use Among People with Obsessive Compulsive Disorder: Changes in Quality of Life After Three Months, publicado na revista Psychoatives, acompanhou 257 pessoas com diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo, inscritas no Project Twenty21 — um programa britânico criado para gerar evidências reais sobre o uso medicinal da Cannabis em diversas condições de saúde.

Os participantes receberam tipos diferentes de produtos à base de Cannabis, com combinações de canabidiol (CBD) e ∆9-tetrahidrocanabinol (THC). Após três meses de tratamento, os pesquisadores observaram resultados positivos:

• Menos insônia
• Alívio da ansiedade
• Redução da depressão
• Melhora na qualidade de vida e na saúde geral

Apenas 8 participantes (5%) relataram efeitos colaterais, como boca seca, tontura ou cansaço, e a maioria classificou esses efeitos como leves.

Como a Cannabis age no corpo de quem tem TOC

De acordo com o estudo, os benefícios estão ligados à interação dos compostos da Cannabis com o sistema endocanabinoide, responsável por regular funções como humor, sono, memória, dor e resposta ao estresse. Os canabinoides ajudam a modular esses processos.

No caso do TOC, áreas do cérebro como o córtex pré-frontal, a amígdala e o hipocampo — regiões ricas em receptores canabinoides — estão envolvidas nos pensamentos obsessivos e na ansiedade excessiva. Assim, ao estimular o sistema endocanabinoide, os canabinoides podem ajudar a “acalmar” o funcionamento exagerado nessas regiões, reduzindo obsessões e compulsões.

Novas perspectivas de tratamento para o transtorno obsessivo-compulsivo

Mesmo com os resultados positivos, os pesquisadores destacam que ainda são necessários ensaios clínicos controlados para comparar a eficácia e a segurança dos tratamentos com Cannabis para o transtorno obsessivo-compulsivo.

Ainda assim, os resultados são promissores e oferecem novas perspectivas para quem convive com TOC. A expectativa é que, com mais pesquisas, os médicos possam definir a forma mais eficaz de utilizar os compostos da Cannabis para proporcionar uma vida com mais leveza e bem-estar para quem convive com o transtorno obsessivo-compulsivo.

Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis

Se você ou alguém próximo quer experimentar os benefícios do tratamento com medicamentos à base de Cannabis, busque orientação médica. Além de ser uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para adquirir os produtos, um profissional da saúde deve acompanhar todo o processo para indicar o produto mais eficaz para a sua condição.

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