Um estudo científico indica que a Cannabis pode ir além do uso medicinal ou industrial: a planta pode também se tornar uma aliada poderosa na luta contra a crise climática e o aquecimento global. Pesquisadores da Tailândia observaram que incluir folhas e caules da planta na alimentação do gado pode ajudar a reduzir as emissões de metano da pecuária.
De acordo com o estudo, compostos naturais da Cannabis, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), inibem uma enzima essencial na produção de metano no estômago dos ruminantes.
O que é o metano e por que ele preocupa
O metano (CH4) é um dos principais gases do efeito estufa, com potencial de aquecimento 28 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO2). É o segundo gás mais impactante nas mudanças climáticas, atrás apenas do CO2.
De acordo com o Observatório do Clima, o Brasil emitiu 20,8 milhões de toneladas de metano em 2023, sendo que 75% dessas emissões vieram da agropecuária. O principal responsável é o gado, que libera o gás durante a digestão.
Nos ruminantes, como vacas e bois, o processo de fermentação no estômago gera metano que é eliminado através da eructação (arroto). Esse fenômeno tem grande impacto ambiental, já que o Brasil está entre os maiores produtores de carne do mundo.
Além disso, com o aumento da demanda por alimentos, o número de animais tende a crescer e, com ele, as emissões de metano. Nesse sentido, cientistas do mundo todo buscam alternativas que reduzam o impacto ambiental da pecuária sem comprometer a produção de alimentos.

Cannabis na dieta: menos metano, mesma produção
No estudo, os pesquisadores tailandeses usaram folhas e caules de Cannabis que seriam descartados após o cultivo para fins medicinais ou industriais. Essas partes da planta ainda contêm pequenas quantidades de canabinoides, como CBD e THC.
Ao adicionar apenas 2% desses resíduos à dieta dos animais, a produção de metano caiu 34% — sem afetar a digestibilidade dos alimentos nem a qualidade da carne.
O que acontece no estômago dos animais
As análises mostraram que a mudança na dieta reorganiza o ecossistema microbiano no estômago. Uma comunidade de bactérias e arqueias atua na fermentação dos alimentos, liberando energia para o animal. Alguns desses microrganismos produzem metano nesse processo.
Segundo os pesquisadores, os compostos da Cannabis interferem na atividade desses microrganismos, reduzindo sua população e limitando a ação da enzima metil-coenzima M redutase (MCR), essencial para a formação de metano.
Além disso, foi observado um aumento dos microrganismos produtores de ácido propiônico, o que melhora a digestão e reduz naturalmente a geração de metano.

De resíduo agrícola a aliado do clima
Os cientistas ressaltam que o uso desses resíduos pode representar uma solução de baixo custo e impacto ambiental reduzido, aproveitando as sobras do cultivo de Cannabis. Isso reforça o papel da planta como um recurso multifuncional, capaz de contribuir para as metas globais de redução de gases do efeito estufa.
Estudos anteriores também destacaram o potencial da Cannabis como solução ecológica. O livro Cannabis e Solo, do professor Geraldo César Rocha (UFJF), mostra que a planta pode recuperar solos degradados por meio da fitorremediação.
Além disso, os resíduos da Cannabis podem ser aproveitados na alimentação de vacas, cabras, galinhas e até camarões, reduzindo a dependência de antibióticos e da soja, uma cultura que demanda mais água e defensivos, na pecuária.
O uso regulamentado de Cannabis no Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza o uso de derivados da Cannabis sob prescrição médica para tratamentos de saúde. Os medicamentos com canabinoides podem trazer benefícios terapêuticos para dezenas de condições, mas o acompanhamento profissional é essencial.
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