A demência senil é uma condição complexa e desafiadora, tanto para os pacientes quanto para seus cuidadores. Entre os sintomas mais desgastantes física e emocionalmente está a agitação, principalmente nos estágios mais avançados da doença.
A agitação é um sintoma comum em pessoas com demência. Elas podem apresentar inquietação, comportamentos agressivos ou, em alguns casos, caminhar incessantemente, exigindo cuidados contínuos, 24 horas por dia.
Atualmente, os métodos para controlar a agitação envolvem o uso de sedativos e antipsicóticos. No entanto, esses medicamentos frequentemente causam efeitos colaterais significativos, como constipação, incontinência urinária, rigidez muscular e aumento do risco de quedas e acidentes vasculares cerebrais.
Cannabis como opção terapêutica
Na busca por alternativas mais seguras e eficazes, pesquisadores norte-americanos estão buscando voluntários para participar de um estudo envolvendo medicamentos à base de Cannabis para tratar a demência em estágios avançados com agitação. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos pacientes e facilitar a interação com os familiares e cuidadores.
A iniciativa é de pesquisadores da Universidade do Kentucky, no sudeste dos Estados Unidos, e está recebendo financiamento do National Institutes of Health (NIH) com a aprovação da Food and Drug Administration (FDA).
O estudo LiBBY sobre agitação relacionada à demência em estágios avançados
O nome do estudo norte-americano é LiBBY, um acrônimo para Life’s End Benefits of Cannabidiol and Tetrahydrocannabiol (Benefícios do Canabidiol e do Tetrahidrocanabinol no Fim da Vida, na tradução livre), inspirado no caso de um paciente com demência senil em estágios avançados que buscava alívio para a agitação.
Durante 12 semanas, os cientistas vão investigar os efeitos do canabidiol (CBD) e do delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), compostos da planta Cannabis, no tratamento de sintomas dessa condição, principalmente para o sintoma da agitação.
Os voluntários receberão placebo, THC, CBD ou uma combinação dos dois canabinoides. Além disso, uma equipe de pesquisadores vai fazer consultas presenciais e pelo telefone com os participantes ao longo do estudo.
Apenas pacientes que moram nos EUA poderão participar do estudo e as consultas presenciais podem acontecer em diversos estados norte-americanos: Califórnia, Flórida, Louisiana, Ohio, Tennessee, Carolina do Sul e Maryland, além do Kentucky.
Para participar do estudo LiBBY, os voluntários devem:
- Ter 40 anos ou mais;
- Ter diagnóstico de Alzheimer ou outro tipo de demência;
- Apresentar sintomas de agitação;
- Estar em cuidados paliativos ou se qualificar para recebê-los;
- Ter um cuidador que participe de todas as visitas presenciais ou por telefone;
- Contar com um representante legal para decisões médicas, se necessário.
O sistema endocanabinoide no envelhecimento
O sistema endocanabinoide é uma rede complexa de neurotransmissores e receptores que desempenha papel fundamental na regulação de diversas funções fisiológicas, incluindo humor, sono e resposta ao estresse.
Com o avançar da idade, o sistema endocanabinoide sofre mudanças que podem ter implicações na saúde e no bem-estar de pessoas idosas. A produção de endocanabinoides tende a diminuir e levar a um desequilíbrio no sistema, contribuindo para o desenvolvimento de diversas condições relacionadas ao envelhecimento.
Nesse sentido, o uso de medicamentos à base de Cannabis pode complementar essa produção baixa de canabinoides endógenos, com os canabinoides da planta restaurando o equilíbrio do sistema endocanabinoide.
Outros estudos sobre agitação e outros sintomas da demência
Sintomas como perda de memória, dificuldades de comunicação e mudanças de humor são comuns na demência. Estudos anteriores sugerem que os canabinoides podem ser uma opção segura e eficaz para aliviar esses sintomas.
- Um estudo com CBD observou que o tratamento traz melhoras nos sintomas psicológicos e na agitação em pacientes com demência, com menos efeitos colaterais que terapias convencionais;
- Pesquisa com CBD e canabigerol (CBG), um canabinoide menor, sugere potencial no tratamento do Alzheimer;
- Um estudo clínico com medicamento à base de THC sintético ajudou a reduzir a agitação em pacientes com Alzheimer.
Como iniciar um tratamento à base de Cannabis
É necessário passar por uma consulta médica e receber uma prescrição antes de iniciar um tratamento com medicamentos com canabinoides. Na consulta, o médico irá avaliar a condição do paciente e elaborar um plano de tratamento individualizado, visando obter benefícios e melhorar o bem-estar.
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