O Brasil vive um momento de inflexão na agenda regulatória da Cannabis medicinal — e o congresso We Need to Talk About Cannabis (WNTC), que acontece em 10 de junho, se consolida como o principal espaço de debate, articulação e construção de soluções para esse setor em crescimento acelerado. Mais do que um encontro técnico, o evento tornou-se um fórum estratégico, onde os principais atores — de reguladores a pesquisadores, passando pela indústria e sociedade civil — se encontram para discutir e endereçar os desafios reais de um mercado em transformação.
A edição de 2025 reflete a maturidade alcançada tanto pelo evento quanto pelo próprio setor. Para Carol Sellani, da Abiquifi — entidade que organiza o evento ao lado de outras instituições estratégicas —, essa evolução é perceptível. “A gente tem a felicidade de acompanhar a maturidade do setor junto com a maturidade do evento”, afirma. “E isso aparece com força na profundidade dos temas que a gente traz, cada vez mais complexos, relevantes e interligados.”
Um setor em ebulição regulatória
A revisão da RDC 327 será o foco do painel de abertura. Mas, para Carol, a importância do momento vai muito além de uma mudança normativa: “Estamos falando de uma norma que surgiu para suprir uma lacuna emergencial. Agora, com o setor mais estruturado, ela precisa dar conta de uma demanda real por medicamentos com base científica, eficácia comprovada e qualidade assegurada.”
Essa transição exige mais do que boa vontade. Exige estrutura, dados e articulação institucional. E é isso que o WNTC busca promover. “Todos os painéis foram pensados para tratar de temas em andamento, que estão sendo discutidos em nível nacional. A ideia é reunir quem está na ponta das decisões — Anvisa, MAPA, pesquisadores, indústria — para discutir juntos como lidar com os novos cenários.”
Cannabis veterinária: um novo marco regulatório
Um dos avanços mais relevantes desde a última edição do WNTC é a possibilidade de registro de medicamentos veterinários à base de Cannabis junto ao MAPA, aberta após a alteração da Portaria 344, solicitada pelo próprio ministério à Anvisa. A mudança, segundo Carol, tem impacto direto sobre a verticalização da cadeia produtiva.
“Até pouco tempo, a gente discutia isso só como hipótese. Agora é realidade. Em 2024, a Anvisa atualizou a portaria e isso viabilizou, pela primeira vez, o registro de produtos para saúde animal. É um marco regulatório muito importante que abre um mercado totalmente novo, com regras claras, responsabilidades e potencial enorme.”
Ela reforça que o setor precisa estar atento a esse movimento: “As empresas vão poder se preparar, entender como entrar nesse mercado da melhor forma possível. E esse será um dos nossos principais espaços de debate durante o evento.”
WNTC 2025 como motor de construção coletiva
Não por acaso, a curadoria do WNTC é pensada para refletir esse papel duplo: apresentar o que está acontecendo — e construir o que ainda está por vir. “A gente entra no evento com muito trabalho e sai com mais ainda. Porque ele não é só para diagnóstico. É um espaço de encaminhamento, de desdobramento de temas que estão vivos e precisam de resposta.”
Carol vê o congresso como uma engrenagem fundamental para fazer a ponte entre o que está sendo discutido e o que precisa ser implementado. “Nosso objetivo é conectar os atores certos, discutir as atualizações mais importantes e construir políticas que gerem impacto real na ponta — ou seja, no acesso dos pacientes aos tratamentos.”
Essa lógica também se aplica ao papel da indústria farmacêutica, que, segundo ela, precisa estar preparada para atender às normativas presentes e futuras. “A regulamentação permeia todo o setor. E quem está na indústria precisa conseguir se adaptar a essas mudanças com responsabilidade e agilidade. Esse alinhamento é essencial.”
Pesquisa e desenvolvimento no centro da estratégia
Um dos pilares do evento será a discussão sobre pesquisa e desenvolvimento (P&D) — tanto para transformar os produtos hoje disponíveis em medicamentos com registro, quanto para estruturar a cadeia produtiva de forma mais científica, desde a genética da planta até a formulação final.
“Estamos num momento muito importante dessa atualização regulatória. A RDC 327, como está, é transitória. Para que os produtos se transformem em medicamentos de verdade, é preciso gerar dados robustos de eficácia”, explica Carol.
Ela acredita que o Brasil pode se posicionar como líder global na geração de conhecimento com finalidade regulatória. “Temos potencial para ser um celeiro de pesquisa de altíssimo nível. Podemos desenvolver medicamentos que atendam comorbidades relevantes e que estejam em sintonia com as exigências da Anvisa e padrões internacionais.”
E não se trata apenas de saúde humana. O evento também abrirá espaço para discutir o avanço da P&D para a saúde animal e para toda a cadeia produtiva de Cannabis medicinal, incluindo o cultivo, os insumos farmacêuticos (IFA) e a verticalização produtiva.
“É uma discussão que vai da semente ao paciente. E que precisa ser feita com seriedade, com ciência, com regulação e com o objetivo final de ampliar o acesso à saúde com qualidade.”
Últimas vagas disponíveis
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Serviço
🗓️ Data: 10 de junho de 2025
📍 Local: São Paulo Expo | Rodovia dos Imigrantes, 1,5 km – Vila Água Funda, São Paulo – SP
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