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Uniformes de cânhamo são destaque na 35ª edição da CASACOR de São Paulo  

Uniformes de cânhamo são destaque na 35ª edição da CASACOR de São Paulo  

Publicado em

25 de julho de 2022

• Revisado por

Jornalista especializada em política nacional. Pós-graduada em Assessoria em Comunicação Pública e Cannabis Medicinal. Mestre em Ciência da Informação. Fundadora da InformaCANN. Correspondente em Brasília do Portal Cannabis & Saúde.

Colete utilitário feito com fibra da Cannabis

 

Requinte e materiais sustentáveis já fazem parte do DNA da maior mostra de decoração do Brasil. Mas neste ano, o tecido usado nos uniformes do staff chamou a atenção e repercutiu no mundo da moda.

 

 Desenvolvido com a fibra da maconha, o colete utilitário, criado pelo designer de roupas e produtos da Hybrida (loja oficial da CASACOR) Zeh Domingues, é a sensação. A peça com vários bolsos e compartimentos estratégicos é ajustável a qualquer corpo e unissex. Ao todo, foram produzidas 400 peças. Cada colaborador recebeu dois coletes para trabalhar na mostra que começou dia 05 de julho e vai até dia 11 de setembro. A CASACOR de São Paulo desse ano ocupa o prédio histórico Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, e tem expectativa de público de 120 mil pessoas.

“Quando nos convidaram para criar o uniforme do staff surgiu a ideia de fazer uma parceria com a Capricórnio Têxtil, uma das maiores tecelagens focadas em tecidos ecológicos. Ai, lembramos do tecido com composição de cânhamo. Além de ser uma fibra muito resistente, sustentável e pouco conhecida no Brasil, o cânhamo leva uma mensagem. Precisamos acabar com essa visão preconceituosa em torno da maconha. Além do uso medicinal da planta, a fibra tem diversas utilidades na indústria e ainda é ecologicamente correta. A planta regenera áreas degradadas com absorção de metais pesados, exige menos água do que a cultura do algodão e absorve mais CO2 do que qualquer outra planta da floresta. A Cannabis, em si, resolve muitos problemas agrícolas. Nós queremos chamar atenção para isso”, adianta Domingues.

Roupa feita com a fibra da Cannabis para SPFW

Roupa feita com a fibra da Cannabis para SPFW

O tecido usado na confecção do colete é composto da seguinte forma: 58% algodão orgânico, 23% cânhamo e 19% algodão certificado. “No São Paulo Fashion Week apresentamos uma peça de cânhamo. Foi um trabalho ‘colab’ da Soul Básico em parceria com a estilista Juliana Franco. Desfilamos uma jaqueta de cânhamo com um corte japonês. A peça foi muito bem recebida. Nesse trabalho para o SPFW usamos o lado convencional do tecido. Já no colete da CASACOR, invertemos a tecelagem e fizemos do avesso. Além de ser um tecido bonito e inovador, ainda possui características antibacteriana e de proteção UV. É revolucionário”, afirma o designer.

De acordo com a Fernanda Simon, diretora do Instituto Fashion Revolution no Brasil, a indústria da moda é uma das que mais impacta negativamente o meio ambiente, portanto necessita de urgentes transformações que estejam alinhadas com as emergências globais. “Enquanto isso, o cânhamo têxtil, uma fibra ancestral conhecida por apresentar inúmeros benefícios, inclusive para o solo, é quase que ignorado pelo setor da moda por conta da falta de conhecimento e preconceitos. Precisamos falar sobre cânhamo têxtil, pois ele pode ser parte da revolução da moda, representando mais sustentabilidade e até estimulando a economia”, prevê Simon.

 

Cânhamo importado do Paquistão

A Gabryella Mendonça, analista de Desenvolvimento de Produtos da Capricórnio Têxtil, conta que a empresa tem investido em tecidos com cânhamo na composição desde outubro de 2021, quando foram lançadas as tecelagens “Cajá” (77% algodão e 23% cânhamo) e “Timbó” (81% algodão e 19% cânhamo). De acordo com a analista, a matéria-prima importada do Paquistão chega ao Brasil em forma de fio pronto, num blend (mistura) de algodão orgânico e cânhamo. Já no país, a Capricórnio Têxtil transforma o fio em tecido. “A indústria da moda vem falando muito sobre sustentabilidade, e pelo cânhamo usar pouca água e não precisar de pesticidas, acabou ficando muito conhecido. Assim, o interesse por tecidos com essa fibra aumentou muito, e o cliente final está começando a ficar mais atento sobre as composições dos tecidos, principalmente as gerações Y e Z”, diz Mendonça.

Segundo a Gabryella, estima-se que os tecidos produzidos com a fibra da maconha são cerca de três vezes mais duráveis que os produzidos com as fibras de algodão. “O cânhamo é uma fibra proveniente do caule da Cannabis sativa. Hoje, é considerada uma das fibras naturais mais sustentáveis que existem. Acreditamos que um futuro mais sustentável só vai acontecer com muita responsabilidade. E atitude começa quando a gente olha, com carinho e atenção, para todo o impacto das nossas ações, e a parceria com a Hybrida é fruto disso. Vimos uma ótima oportunidade de usar a criatividade da indústria da moda para alcançarmos juntos soluções mais sustentáveis, trazendo mais propósito e significado para a CASACOR, que também carrega o movimento de baixo impacto ambiental em seu DNA”, revela.

 

Lixo zero

CASACOR 2022

CASACOR 2022

A 35ª edição da CASACOR de São Paulo, neste ano, apresenta 59 ambientes projetados por 57 profissionais. O mezanino, do Conjunto Nacional, conhecido por seus brises e o terraço aberto, possui quase 10 mil metros quadrados e é um corredor cultural da capital paulista.  De acordo com Darlan Firmato, arquiteto, gestor de eventos e sustentabilidade da CASACOR, a mostra já vem numa pegada de sustentabilidade desde 2015. “Iniciamos um programa para reduzir o impacto ambiental da mostra, onde começamos a trazer uma série atividades internas e educação. Em 2016, contratamos uma empresa para tratar a destinação de resíduos. Hoje, somos o evento mais sustentável do Brasil. Recebemos a certificação de ‘lixo zero’. Na última edição desviamos 99,3% dos resíduos sólidos produzidos pela mostra para destinação adequada. Desde o entulho até o lixo orgânico. A separação já ocorre no canteiro de obras”, detalha Darlan.

O objetivo da CASACOR deste ano é desviar 100% dos resíduos das áreas de aterro. “Até o papel higiênico já temos destinação. Serão enviados para um incineradora que produz energia. Para completar, ainda doamos os materiais que se mantém nobres, mesmo após o desmonte dos espaços, para as comunidades periféricas de São Paulo. São pisos, louças sanitárias e telhas, por exemplo. Desde 2016, a CASACOR doou mais de 200 toneladas de materiais nobres. Estamos muito comprometidos com o meio ambiente e para nós isso já se tornou uma prioridade”, defende Firmato.

 

 

 

 

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Jornalista especializada em política nacional. Pós-graduada em Assessoria em Comunicação Pública e Cannabis Medicinal. Mestre em Ciência da Informação. Fundadora da InformaCANN. Correspondente em Brasília do Portal Cannabis & Saúde.

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