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Transtorno explosivo intermitente (TEI): a Cannabis pode ser uma opção?

Transtorno explosivo intermitente (TEI): a Cannabis pode ser uma opção?

O Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) é uma condição caracterizada por explosões de raiva desproporcionais, resultando em danos emocionais significativos. O tratamento envolve psicoterapia, medicamentos e, em alguns casos, o uso terapêutico de Cannabis para controlar impulsividade e agressividade

Publicado em

28 de fevereiro de 2025

• Revisado por

Jornalista e pós-graduada em Filosofia e Literatura, com 13 anos de experiência em comunicação, conteúdo e estratégias digitais. Atuou como repórter, redatora, roteirista, ghost writer e head de conteúdo. Especialista em Thought Leadership e storytelling, acredita no poder das narrativas para conectar pessoas e ideias.

O transtorno explosivo intermitente (TEI) é uma condição emocional complexa que afeta a vida de muitas pessoas, e é caracterizado por episódios de raiva extrema e descontrole emocional. De acordo com a psiquiatra Cintia Braga, esse transtorno, que popularmente também é conhecido como “Síndrome de Hulk”, não é uma doença propriamente dita, mas sim uma condição onde o indivíduo enfrenta dificuldades significativas de controle emocional, especialmente em situações de frustração ou raiva.

“É uma condição de uma resposta pouco adaptativa do paciente frente a situações que ele se sente com raiva. Ele perde o controle”, explica a médica.

Os efeitos do Transtorno Explosivo Intermitente

Esses episódios de raiva são desproporcionais à situação que os desencadeia, podendo levar a comportamentos agressivos como brigas físicas, danos materiais e até mesmo perdas afetivas. “É comum que a pessoa se envolva em brigas, embates corporais, quebre ou danifique objetos. É uma perda de controle intensa”, explica

Além disso, a médica  reforça que o transtorno  pode trazer consigo grandes consequências emocionais, especialmente um arrependimento latente, destacando que esse sentimento de culpa é um dos pilares para o diagnóstico do transtorno.

“A pessoa, muitas vezes, se arrepende profundamente de seus atos, mas ainda assim não consegue controlar o impulso no momento da explosão. Esse arrependimento é muito marcante e é importante para o diagnóstico” , observa.

As repercussões do TEI na vida dos pacientes são devastadoras e podem se estender a várias áreas, comenta Dra Cintia. E explica que o transtorno pode gerar desde quebras de laços afetivos até sérios prejuízos materiais, que refletem diretamente na qualidade de vida do paciente.

Diagnóstico e comorbidades

O diagnóstico do transtorno explosivo intermitente é, em sua maioria, clínico. Não há exames específicos para identificá-lo, e a chave para a avaliação está na história do paciente e nos relatos de suas explosões de raiva.

Além disso, o transtorno frequentemente coexiste com outras condições clínicas, o que é conhecido como comorbidade. “É muito comum ser comórbido com TDAH, transtornos de personalidade (especialmente os do Cluster B) e até com o TAB (transtorno afetivo bipolar). Vários outros transtornos podem estar envolvidos”, afirma Cintia, destacando a complexidade  do diagnóstico e o desafio de tratar o TEI em conjunto com outras condições.

Tratamento: psicoterapia e medicações

O tratamento do transtorno explosivo intermitente é multidisciplinar, e a psicoterapia desempenha um papel central.

“O principal é a psicoterapia, onde o paciente aprende a reconhecer os sintomas de quando está prestes a ter um acesso de raiva e a desenvolver ferramentas de autorregulação, permitindo que ele identifique e controle melhor seus impulsos antes que se tornem explosões”, explica.

Embora a psicoterapia seja essencial, a médica também menciona que medicações podem ser úteis no controle dos sintomas. No entanto, ela frisa que não existe um tratamento específico para o transtorno, e o uso de medicamentos varia de paciente para paciente.

“Várias medicações podem ser utilizadas, mas nenhuma delas é específica para o transtorno explosivo intermitente”, alerta.

Papel da Cannabis no tratamento

De acordo com Cintia Braga, os fitocanabinoides, tem mostrado resultados positivos no controle da impulsividade e da agressividade. “Eu vejo na minha experiência clínica que a pessoa consegue se perceber melhor quando faz uso terapêutico da Cannabis. Ela consegue se autorregular de maneira mais efetiva”, revela a psiquiatra.

CBD e a redução de comportamentos agressivos 

Pesquisadores da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo) investigaram os efeitos do canabidiol (CBD) em camundongos, publicando os resultados na revista Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry. Eles concluíram que o CBD pode reduzir a agressividade, ativando os receptores 5-HT1A (ligado à serotonina) e CB1 (responsável pelos efeitos dos endocanabinoides).

No experimento, foi utilizado o modelo “residente-intruso” para testar o efeito do canabidiol. Para verificar a influência do receptor 5-HT1A, os pesquisadores também administraram a substância WAY100635, um antagonista desse receptor, observando que o efeito antiagressivo do CBD foi reduzido quando os camundongos receberam o antagonista.

Os resultados sugerem que o canabidiol tem potencial no tratamento de comportamentos agressivos, com possíveis aplicações em terapias psiquiátricas.

Controle da ansiedade, irritabilidade e impulsividade

Para Dra Cintia, muitos pacientes se tornam mais conscientes e menos impulsivos. “A Cannabis ajuda a e diminuir a impulsividade, dando um espaço entre a ação e a reação, permitindo que a pessoa perceba quando a raiva está chegando e consiga abortar a explosão. Além disso,  pode tratar comorbidades como ansiedade e irritabilidade, que frequentemente acompanham o TEI. O CBD (canabidiol) é muito bem-vindo, na modulação da ansiedade. O THC também pode ser útil na impulsividade e agressividade, mas deve ser usado com cautela, pois em alguns pacientes pode aumentar a ansiedade”, finaliza a médica, destacando a importância de uma abordagem personalizada no uso de Cannabis.

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