Nos últimos anos, o uso de Cannabis medicinal tem se destacado como uma alternativa terapêutica no tratamento de condições como Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) e Transtornos do Espectro Autista (TEA).
Kauã Henrique Adelino Silva, de 12 anos, é diagnosticado com essas três condições simultaneamente. Sua história exemplifica os desafios enfrentados por famílias que recorrem à Cannabis medicinal após tentativas frustradas com tratamentos convencionais.
O processo de busca por alternativas terapêuticas
Lidiane, mãe de Kauã, relata que, desde o diagnóstico de seu filho, a busca por tratamentos eficazes foi difícil. Kauã apresentava dificuldades de controle emocional e crises agressivas, que se intensificaram com o tempo. Lidiane testou diferentes medicamentos convencionais, mas os resultados eram insatisfatórios. “Várias medicações foram introduzidas, mas nenhuma trouxe o resultado que esperávamos. Algumas deixavam ele mais lento, outras mais agressivo”, afirmou.
A introdução da Cannabis medicinal começou a ser considerada por Lidiane após a recomendação de um conhecido e muita pesquisa. “Eu não conhecia o uso de Cannabis para tratar essas condições, então comecei a pesquisar. Foi um processo de aprendizado”, explicou.
Em dezembro de 2023, após refletir sobre as opções com o médico do filho, e considerando o custo das medicações tradicionais, Lidiane decidiu iniciar o tratamento com Cannabidiol (CBD).
Início do tratamento com CBD e THC
A primeira fase do tratamento com CBD trouxe resultados iniciais modestos, mas Lidiane observou algumas mudanças significativas no comportamento de Kauã. “Em menos de uma semana, ele começou a mostrar mais interesse por atividades, a interagir melhor com o irmão e até a aceitar brinquedos diferentes”, conta.
Após a introdução de doses baixas de Tetra-hidrocanabinol (THC), a combinação de CBD e THC mostrou um efeito ainda mais positivo. “Começamos com uma dose bem baixa. E aí fomos aumentando aos poucos até chegar na dosagem que ele está hoje. Foi um divisor de águas. Tanto a agressividade quanto as crises diminuíram consideravelmente”, afirmou Lidiane.
Com o controle das crises se tornando mais eficaz, Kauã passou a demonstrar sinais de autorregulação. “Ele começou a avisar quando estava se sentindo mal, dizendo que sua cabeça estava ‘quebrada’. Isso nos deu a oportunidade de agir antes que uma crise maior acontecesse”, explicou.
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Mudanças no comportamento e na interação social de Kauã Henrique
O tratamento com Cannabis também teve impacto direto na interação social de Kauã. Antes, ele tinha dificuldades para brincar com outras crianças, especialmente com seu irmão. Lidiane relatou que, após o início do tratamento, Kauã passou a se envolver mais nas atividades com o irmão, mostrando mais interesse e aceitação nas brincadeiras. “Antes, ele brincava apenas por alguns minutos e logo se isolava. Agora ele escolhe brinquedos, interage mais com o irmão e fica mais tempo se divertindo.”
Além disso, Lidiane notou melhorias no sono e na alimentação de Kauã, que anteriormente era seletivo com a comida e apresentava dificuldades para dormir. “Hoje ele está mais tranquilo e a seletividade alimentar diminuiu”, comentou.
Impacto na vida familiar
A melhoria no comportamento de Kauã também afetou a rotina familiar. Lidiane destacou que, antes do tratamento, a família vivia com constantes preocupações devido às crises. “Eu não podia sair, sempre ficava preocupada se ele teria uma crise. Hoje, consigo sair com meu marido para jantar, sem ter que me preocupar tanto”, relatou.
A redução das crises e a maior capacidade de Kauã de se autorregular também trouxeram alívio para a mãe. Lidiane descreve que, anteriormente, ela precisava segurar o filho durante as crises para evitar que ele se machucasse. “Eu ficava machucada, ele me mordia e me arranhava. Hoje ele já consegue pedir ajuda quando sente que vai entrar em crise.”
A introdução da Cannabis medicinal no tratamento de Kauã trouxe mudanças significativas não apenas no quadro clínico do menino, mas também na dinâmica da família. Lidiane, que antes vivia sob constante pressão e incerteza, agora sente que a qualidade de vida melhorou consideravelmente.
“Hoje, posso respirar com mais tranquilidade. O tratamento com Cannabis nos deu mais paz e estabilidade. Agora, conseguimos viver com mais normalidade”, finalizou Lidiane.
Importante!
No Brasil, o uso de Cannabis medicinal é permitido quando prescrito por um profissional de saúde qualificado. Se você está pensando nessa alternativa, é essencial consultar um especialista da área. Em nossa plataforma, você encontra mais de 300 profissionais especializados e pode agendar sua consulta online de forma prática, através deste link.