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Pesquisa da UFRN vai analisar impacto da Cannabis nos nossos sonhos

Pesquisa da UFRN vai analisar impacto da Cannabis nos nossos sonhos

Conversamos com Mariana Muniz, pesquisadora que está buscando voluntários para participar do estudo sobre a relação entre consumo de Cannabis e sonhos, e com seu orientador Sidarta Ribeiro

Publicado em

5 de março de 2024

• Revisado por

Jornalista e editor especializado em Comunicação e Saúde, pós-graduando em Drogas, Sociedade e Práticas Educativas. Escreve sobre ciência e sobre o uso da Cannabis na saúde humana e animal. É também fundador da Editora Vista Chinesa, onde publicou livros como “A História da Cannabis em Quadrinhos” e “Mila”.

Enquanto as pesquisas sobre os efeitos dos canabinoides na saúde física e mental avançam, um estudo brasileiro pretende voltar as atenções para uma outra faceta da nossa relação com a planta: como a Cannabis influencia nos sonhos.

A psiquiatra Mariana Muniz, da Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), está coletando informações de pessoas que consomem ou não a planta, com o objetivo de entender como a Cannabis impacta nos sonhos.

Você pode contribuir com a pesquisa científica dela, acessando esse link e respondendo as perguntas do formulário.

Conversamos com a pesquisadora Mariana Muniz e também com o orientador dela, o neurocientista Sidarta Ribeiro, sobre a pesquisa e o questionário “A neblina dos sonhos verdes: um questionário exploratório”.

O instituto do cérebro da UFRN quer saber sobre seus sonhos

Mariana Muniz e Sidarta Ribeiro buscam voluntários para pesquisa sobre Cannabis e sonhos

A relação entre Cannabis e sonhos

O uso da Cannabis para tratar distúrbios do sono já é uma prática antiga, desde o final do século XIX temos registros da prescrição da planta em pacientes com insônia, como nesse artigo publicado pelo neurologista John Russel Reynolds, em 1890.

Por outro lado, a ciência de uma forma geral explorou pouco a relação entre as imagens e experiência que temos enquanto dormimos e o consumo dessa planta.

Nesse sentido, a psiquiatra e pesquisadora Mariana Muniz propôs o estudo “A neblina dos sonhos verdes: um questionário exploratório”, que está em andamento. Segundo a médica, analisar os sonhos é fundamental para entendermos as particularidades da nossa mente e como a Cannabis interfere nesse processo.

Mariana Muniz

“A importância de realizar uma pesquisa dessa passa um pouco pela importância de também avaliar e de pesquisar os sonhos no nosso psiquismo. A sociedade ocidental exclui o sonho como algo fundamental do psiquismo humano. Trata como uma espécie de excrescência fisiológica, algo que acontece ali, porque tem que acontecer, [como] um processo digestivo, algo assim. Então, é muito importante que a gente estude o efeito de todas as substâncias no sonho, a maconha também.”

O orientador da Mariana Muniz, Sidarta Ribeiro, já explorou esse tema em seu livro O Oráculo da Noite. O neurocientista tem uma visão mais aprofundada desse tema e nos contou sobre o que esperar dos resultados dessa pesquisa.

Foto em preto e branco do autor Sidarta Ribeiro

Foto: Luiza Mugnol-Ugarte

“Nossa expectativa é que essa pesquisa revele de que maneira o consumo de Cannabis afeta a complexidade, a fragmentação, a intensidade dos sonhos. A gente quer entender de que maneira esse hábito pode afetar a vida onírica, corroborando ou refutando uma impressão generalizada, entre consumidores de Cannabis, de que, de fato, os sonhos são alterados por esse consumo.”

Os sonhos e a saúde mental

Um aspecto que Mariana também destacou de sua pesquisa é a possibilidade de termos uma visão mais abrangente sobre a saúde mental. Os sonhos seriam uma parte importante da formação da nossa subjetividade, além de interferirem na nossa vida enquanto estamos acordados.

“Simplificando um pouco os sonhos, eles são uma espécie de palco, para que a gente encene as nossas interações com o mundo, as nossas interações com outras pessoas, interações com os nossos desejos, com os nossos medos. E é um palco flexível, onde até a gravidade pode ser subvertida. Então, isso é um campo muito rico para o seu psiquismo e para a formação da sua subjetividade. Isso tem tudo a ver com saúde mental e o cérebro é um órgão que tem uma função fundamental no processamento dessas informações e como motor desses fenômenos.”

É comum vermos relatos de pessoas com questões relacionadas à saúde mental (ansiedade, transtorno do estresse pós-traumático e depressão, por exemplo) com pesadelos, mas precisamos incorporar mais os sonhos em nossas vidas. Essa relação também pode ficar mais clara com o avanço da pesquisa com pessoas que consomem ou não a planta.

Chamado para população negra e indígena

Para alcançar os melhores resultados possíveis, a metodologia da pesquisa também sofreu alterações. Em uma população multiétnica como a brasileira, a pesquisadora incluiu também o elemento sócio-cultural dos participantes do estudo para obter resultados mais precisos. Mariana nos contou a importância do recorte étnico no estudo sobre Cannabis e sonhos.

“A gente começou com uma um número de amostra, mas aí a gente percebeu que talvez a gente precisasse convidar mais outros grupos, grupos que são de etnia e cultura não-branca. Então, pessoas do povo negro, pessoas indígenas ou remanescentes de povos originários, pessoas de comunidades quilombolas, pessoas que vivem em diversos contextos. Eu acho que essa é a menina dos olhos para mim, porque é interessante ver, assim, como seu contexto influencia no tipo de sonho que você tem, se você tem paz à noite.”

Por enquanto, a pesquisa está na fase de coletar as informações dos grupos mencionados anteriormente. Em uma próxima etapa, os pesquisadores vão analisar as respostas e convidar alguns voluntários para a segunda fase do estudo.

Para isso criamos o questionário A Neblina dos Sonhos Verdes

Link para participar da pesquisa no início da reportagem

Pioneirismo da UFRN

A UFRN possui autorização para o cultivo de Cannabis, com fins de pesquisa, desde 2022, após decisão favorável da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desse modo, a instituição se tornou também uma referência nos estudos com a planta e outras substâncias alteradoras da percepção e da consciência.

Sidarta nos lembrou um pouco do pioneirismo da UFRN teve origem nos estudos sobre o uso da Cannabis no tratamento da epilepsia.

“A UFRN é pioneira na obtenção de autorização da Anvisa para fazer o plantio da maconha para fins de pesquisa e isso foi graças ao trabalho do professor Cláudio Queiroz, que é um especialista em epilepsia. Ele faz pesquisa em epilepsia em modelos animais e vem demonstrando, ao longo dos últimos anos com a sua equipe – eu sou um dos colaboradores dele -, que alguns canabinoides são, de fato, muito úteis para o controle das epilepsias, enquanto outros, na verdade, podem atrapalhar. Por isso a gente precisa de mais pesquisa, para compreender de que forma você pode otimizar o tratamento canábico para epilepsia.”

Dormindo melhor com a Cannabis

Enquanto aguardamos os resultados da pesquisa sobre a relação entre Cannabis e sonhos, podemos aproveitar o potencial da planta para lidar com questões relacionadas ao sono. Desde distúrbios como a insônia e a paralisia do sono, até transtornos que causam complicações no sono, como transtorno do estresse pós-traumático e a depressão.

Contudo, o acompanhamento de um profissional da saúde é uma exigência incontornável do uso medicinal da planta aqui no Brasil. Então, acesse a nossa plataforma de agendamentos e marque uma consulta. Lá você encontra mais de 250 profissionais experientes na prescrição de canabinoides, todos preparados para avaliar o seu caso e recomendar o melhor caminho terapêutico. Inclusive, pode se consultar com a psiquiatra e pesquisadora Mariana Muniz. Marque já sua consulta!

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