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Neuralgia do trigêmeo: a Cannabis pode auxiliar no tratamento da “pior dor do mundo”?

Neuralgia do trigêmeo: a Cannabis pode auxiliar no tratamento da “pior dor do mundo”?

O neurologista Dr. Marcos José de Mello Prandine explica os desafios no diagnóstico e tratamento da neuralgia do trigêmeo e os recentes avanços no uso da Cannabis medicinal como alternativa no controle da dor neuropática

Publicado em

14 de fevereiro de 2025

• Revisado por

Jornalista e pós-graduada em Filosofia e Literatura, com 13 anos de experiência em comunicação, conteúdo e estratégias digitais. Atuou como repórter, redatora, roteirista, ghost writer e head de conteúdo. Especialista em Thought Leadership e storytelling, acredita no poder das narrativas para conectar pessoas e ideias.

A neuralgia do trigêmeo, conhecida popularmente como “a pior dor do mundo” é uma condição neuropática que afeta a região do rosto e causa dores intensas, muitas vezes descritas como choques elétricos.

Considerada uma das dores mais severas que um ser humano pode experienciar, essa síndrome pode atingir áreas específicas do rosto, como o supercílio, a asa do nariz ou a mandíbula. O impacto dessa condição na vida cotidiana dos pacientes é profundo, interferindo em atividades simples como escovar os dentes, comer ou até lavar o rosto.

Recentemente, a condição ganhou destaque da grande mídia por conta do relato da jovem Carol Arruda, que convive com a condição e compartilha sua batalha contra a dor nas redes sociais. Para entender melhor sobre esse tema, conversamos com o neurologista Dr. Marcos José de Mello Prandine.

O que é a neuralgia do trigêmeo e como ela afeta o paciente?

Prandine explica que a neuralgia do trigêmeo é um tipo de dor neuropática originada pela disfunção ou lesão do nervo trigêmeo, o quinto nervo craniano, que se divide em três ramos: V1 (testa e ao redor dos olhos), V2 (asa do nariz) e V3 (mandíbula).

“A dor é frequentemente descrita como um choque ou uma dor de extrema intensidade, muitas vezes classificada entre 8 a 10 em uma escala de dor”, afirma.

Prandine explica ainda que o quadro pode ser confundido com problemas dentários, uma vez que a dor pode irradiar para a mandíbula e os dentes, e isso acaba retardando o diagnóstico.

Em muitos casos, o diagnóstico correto só ocorre após tentativas de tratamento odontológico que não trazem alívio. Só então que se descobre que a dor, na realidade, tem origem no nervo trigêmeo, e não em problemas dentários, como muitos inicialmente acreditam”, conta. 

Desafios no diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da neuralgia do trigêmeo é desafiador, principalmente devido à natureza atípica de algumas dores. O neurologista destaca que, além das dores mais comuns nos ramos do trigêmeo, há também manifestações atípicas que podem confundir o diagnóstico, como dores não localizadas ou de intensidade menor.

A dor pode ser desencadeada por estímulos cotidianos e a intensidade pode variar de poucos segundos a alguns minutos, o que a torna ainda mais difícil de ser tratada. Prandine esclarece que o diagnóstico depende fortemente da experiência do profissional, baseado na análise dos sintomas e dos exames clínicos.

“A dor, normalmente, evolui de maneira súbita, muito intensa, mas de curta duração, geralmente segundos — às vezes, de 2 a 3 segundos, no máximo 10. É descrita como um choque intenso, uma sensação elétrica no rosto. E essa dor é desencadeada por estímulos banais, como escovar os dentes, comer ou até beber água. Esses episódios costumam ser descritos como dores paroxísticas, ou seja, elas vêm e vão rapidamente. E muitas vezes, o principal gatilho, em cerca de 90% dos casos, são os movimentos faciais”, explica.

Tratamentos convencionais e seus efeitos colaterais

O tratamento da neuralgia do trigêmeo atualmente envolve principalmente o uso de medicamentos como carbamazepina, oxcarbazepina  e outros estabilizadores de humor. Esses fármacos visam bloquear os impulsos anômalos do nervo que causam a dor. No entanto, esses tratamentos podem causar efeitos colaterais, como cansaço excessivo, dificuldades cognitivas e problemas de memória.

“Em alguns casos, associamos antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina e nortriptilina, para bloquear os canais de dor. Também utilizamos derivados do ópio e, em alguns casos, vitamina B1 para aliviar a dor. Embora eficazes, esses medicamentos podem causar efeitos colaterais como alterações cognitivas, perda de memória e cansaço excessivo”, explica o neurologista.

A Cannabis pode ser uma alternativa?

Prandine contextualiza sobre os recentes estudos que têm investigado os efeitos da Cannabis medicinal, especialmente o Canabidiol (CBD) e o Tetrahidrocanabinol (THC), no tratamento da neuralgia do trigêmeo.

“Sabemos, com base em diversos estudos publicados, que a Cannabis tem um efeito anti-inflamatório significativo, além de efeitos antioxidantes, neuroregeneradores e neuroprotetores. A dor é resultado de um processo inflamatório e, ao considerar esses efeitos da planta, podemos observar um alívio significativo. Especialmente em casos como a polineuropatia, onde há alterações nos nervos devido a inflamações”, afirma o médico.

Prandine também esclarece que a neuralgia do trigêmeo pode ser causada por inflamação ou pela redução da bainha de mielina. E, nesse sentido, o uso de CBD e THC pode ser benéfico, uma vez que essas substâncias têm mostrado ajudar na reconstrução celular e na proteção dos nervos danificados.

“Com base nesses dados, já se sabe que o uso de CBD e THC pode promover um alívio expressivo do processo inflamatório, da destruição celular e facilitar a reconstrução das células, tornando a terapia segura para condições como a neuralgia do trigêmeo.”

Resultados promissores 

Estudos realizados entre 2020 e 2024, em centros de pesquisa de grande credibilidade científica, têm se dedicado a avaliar os efeitos da Cannabis medicinal no tratamento da neuralgia do trigêmeo.

“Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas para conclusões definitivas, os resultados preliminares indicam benefícios promissores. Em uma das pesquisas, realizada com 42 pacientes, a maioria do sexo feminino, 80% relataram melhora significativa nos sintomas da dor. Os pacientes geralmente experimentam uma melhoria na dor de mais de 50%, e muitos continuam usando a substância em uma proporção de 1:1 — uma parte de THC para uma parte de CBD”, acrescenta.

Além disso, 50% dos pacientes que estavam fazendo uso de opioides conseguiram reduzir ou até eliminar o consumo da substância após o tratamento com Cannabis. A combinação ideal entre THC e CBD tem se mostrado eficaz na redução da dor neuropática.

“O THC atua principalmente nos receptores CB1, reduzindo a transmissão da dor para o cérebro. Por outro lado, o CBD modula tanto os receptores CB1 quanto CB2, o que gera efeitos sinérgicos e reduz os efeitos colaterais do THC”, explica o especialista.

Importante!

Apesar da necessidade de mais estudos para confirmar a eficácia definitiva, os resultados até agora indicam que a Cannabis medicinal oferece uma alternativa promissora e segura no tratamento de dores crônicas.

Entretanto, Prandine reforça que é fundamental que os pacientes consultem profissionais experientes e devidamente autorizados para o uso de Cannabis terapêutica, garantindo um tratamento seguro e eficaz.

Caso queira incluir canabinoides em seu tratamento, é essencial contar com a orientação de um profissional de saúde. O médico avaliará sua condição, discutirá as necessidades e indicará a melhor fórmula e dosagem para o seu caso. Em nossa plataforma, você encontra mais de 300 profissionais especializados, com opções de consultas presenciais ou por telemedicina.

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