Para muitas famílias, o período natalino pode despertar dúvidas sobre como criar um ambiente confortável e tranquilo para crianças com Transtorno do Espectro Autista. O uso de Cannabis medicinal tem se tornado uma alternativa complementar para controlar sintomas de ansiedade e outras dificuldades associadas ao TEA.
“Com o tratamento utilizando os óleos de Cannabis, em especial os óleos full spectrum, podemos observar na criança uma melhora da inflexibilidade e uma tolerância maior à contrariedade, ou seja, crianças com TEA podem ficar um pouco mais flexíveis e tolerantes para atividades novas. Vejo isso nos pacientes. Recentemente, uma família estava relatando a melhora no filho que está aceitando melhor as atividades que não são muito do seu interesse. Ele está menos inflexível é até tolerando mais permanecer nos lugares, por exemplo, odiava bater palma nos aniversários. Recentemente, ele ficou numa boa na hora do parabéns”, relata a médica Dra. Cintia Pimentel Sayd.
Sabemos que crianças com TEA possuem diferentes graus de sensibilidade sensorial e podem reagir de maneira intensa a situações comuns nas festas de fim de ano. Na noite de natal, por exemplo, os desafios podem ser maiores devido à ansiedade e ao excesso de barulhos e estímulos. Porém, Dra. Cintia acredita que com práticas assertivas é possível que o Natal seja adaptado para ser um momento de alegria e conforto para crianças com TEA. Com estratégias sensíveis, e com acompanhamento médico, o auxílio de terapias complementares como a Cannabis medicinal, é possível proporcionar uma experiência acolhedora e significativa para toda a família.
Previsibilidade e antecipação: Então é natal e explique isso à criança
Portanto, as festividades muitas vezes alteram a rotina diária, o que pode gerar ansiedade em crianças com TEA.
Para a médica Dra. Cintia Pimentel Sayd o primeiro passo é conversar com a criança, ou adolescente, sobre a noite. Explicar o que irá acontecer a alteração na rotina pode ser muito válido, indica. Além disso, cabe mostrar fotos de pessoas que estarão presentes e descrever as atividades de maneira simples.
Neste sentido, Dra. Cintia ressalta que é imprescindível também explicar para os familiares sobre as interações sociais. E não forçar contatos que podem ser inconvenientes.
“Tem que cuidar e é necessário avisar a família, alertar sobre contato. Se a criança preferir, não tem problema em dar oi de longe. Cabe falar aos adultos, pois muitas vezes as pessoas querem dar beijo por ser criança”, pontua.
Igualmente, é necessário criar um espaço seguro onde a criança possa se retirar caso se sinta sobrecarregada. Para a médica, esse espaço pode incluir fones de ouvido, brinquedos favoritos ou itens sensoriais.
Ajuste de dose para o natal apenas com acompanhamento médico
Ajustes de doses em relação ao uso de produtos à base de Cannabis geralmente podem ser administradas em momentos determinantes, e prévios, a crises que podem ser de dores, de pânico, crises disruptivas em pessoas com TEA e, até mesmo, de insônia. Porém, é imprescindível o acompanhamento na hora de realizar o ajuste.
“No caso de tratamento com Cannabis é importante a família conversar com o profissional que atenda para que entenda se poderá haver uma necessidade de ajuste de dosagem”, finaliza.
Se você é pai, mãe ou cuidador, lembre-se de que cada passo para compreender e apoiar sua criança faz toda a diferença. Com carinho, paciência e recursos certos, o Natal pode se transformar em um momento de inclusão e harmonia.
Cannabis, sistema endocanabinoide e autismo
Recentemente, um estudo apontou que o Canabidiol ajudou no tratamento de 70% das crianças e adolescentes com autismo. A explicação da resposta positiva deste tratamento pode estar no funcionamento do sistema endocanabinoide, rede biológica complexa presente em todos os mamíferos, incluindo os seres humanos, que desempenha um papel essencial na regulação de diversas funções corporais.
“Não temos tratamentos para o autismo, mas a tentativa de melhora dos sintomas do autismo. E a regulação do sistema endocanabinoide em uma pessoa que está dentro do espectro pode ser fundamental para a sua evolução clínica e melhora da qualidade de vida. Hoje a gente sabe da desregulação do sistema endocanabinoide nas pessoas que estão no TEA e que existe uma probabilidade maior até maior do que da população geral que esse sistema esta desregulado”, pontua.
Entre as funções principais do sistema endocanabinoide (SEC) estão a regulação do humor, apetite, sono, resposta imunológica e processos cognitivos. Estudos recentes têm investigado a relação entre o SEC e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), revelando novas possibilidades terapêuticas, especialmente envolvendo o uso de Cannabis medicinal.
Leia mais:
- CBD ajudou no tratamento de crianças com autismo
- Cannabis e autismo: comunicação e socialização se destacam entre os principais benefícios do tratamento
- Cannabis e autismo: o impacto positivo na vida de Laura após três anos de tratamento
