Estima-se que 65 mil pessoas no Brasil convivem com o lúpus. A primeira associação de pacientes, intitulada LOBA, foi fundada na Bahia há 21 anos. De lá para cá, muitas evoluções aconteceram, mas a luta por informações, diagnósticos precoces e mais acesso e pesquisas sobre a Cannabis no tratamento da condição ainda podem – e devem – ser desenvolvidos.
Para os reumatologistas o lúpus é considerada “uma doença razoavelmente comum no seu dia a dia”. Segundo dados do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Reumatologia, estima-se que cerca de 65 mil pessoas convivam com a condição no Brasil.
“Acredita-se assim que uma a cada 1.700 mulheres no Brasil tenha a doença. Desta forma, em uma cidade como o Rio de Janeiro teríamos cerca de 4.000 pessoas com lúpus e em São Paulo aproximadamente 6.000”, detalha a SBR.
Cannabis como aliada promissora no tratamento dos sintomas do lúpus
Nos últimos anos, é crescente o debate sobre o uso da Cannabis medicinal como alternativa terapêutica para o lúpus. E tem ganhado relevância científica. Pesquisas internacionais, como “Cannabinoids and the immune system: potential for the treatment of inflammatory diseases?”, exploram como compostos da Cannabis podem modular respostas imunes e inflamatórias, abrindo caminho para abordagens menos agressivas que os tradicionais imunossupressores.
Outra publicação, discute resultados promissores no controle de dores e sintomas articulares com o uso controlado de fitocanabinoides – moléculas da Cannabis como o CBD e o THC.
CBD e THC – moléculas da Cannabis que podem aliadas para quem convive com lúpus
O THC tem se destacado por sua eficácia no alívio da dor crônica, tornando-se uma opção valiosa para pacientes que lidam com dores intensas e resistentes ao tratamento convencional. Ao proporcionar alívio significativo, o THC não apenas atua como uma alternativa terapêutica, mas também melhora a qualidade de vida daqueles que enfrentam condições desafiadoras como o lúpus, promovendo um suporte essencial na gestão do sofrimento causado pela dor persistente.
Nesse contexto, Jacira Conceição, presidente da Lúpicos Organizados da Bahia — uma associação dedicada ao apoio a pessoas com lúpus desde sua fundação há 21 anos —, enfatiza a importância do diálogo aberto entre pacientes e profissionais de saúde sobre o uso da Cannabis no tratamento da dor. Em um evento recente promovido pela associação, uma médica convidada abordou o tema e apresentou informações sobre os potenciais benefícios da planta.
“Durante o evento, um participante perguntou sobre a Cannabis medicinal, e a médica compartilhou abertamente suas opiniões sobre a possibilidade de utilizá-la para tratamento da dor. Muitas vezes, os medicamentos alopáticos podem causar efeitos colaterais indesejados. É fundamental que possamos conversar mais sobre os benefícios que a Cannabis pode trazer para nós, especialmente mulheres que enfrentam essa condição”, destacou Jacira.
Segundo Jacira, esse tipo de diálogo é imprescindível, pois muitos pacientes precisam de alternativas que não apenas tratem a dor, mas que também ofereçam uma abordagem menos agressiva, reduzindo o risco de complicações associadas ao uso prolongado de medicamentos convencionais. Promover a educação sobre o uso da Cannabis medicinal pode empoderar os pacientes e proporcionar-lhes mais opções de gerenciamento da dor, contribuindo assim para a sua qualidade de vida e bem-estar geral.
Além do THC, o potencial medicinal do CBD também está no centro do debate científico. Inclusive, a Dra. Wanda Heloísa Ferreira, coordenadora da comissão de pacientes da Sociedade Brasileira de Reumatologia, afirmou que a Cannabis pode ser uma solução promissora para aqueles que enfrentam desafios comuns às doenças reumáticas, como dor persistente, rigidez e limitação funcional.
Neste sentido, estudos sugerem que o Canabidiol age inibindo a produção de citocinas pró-inflamatórias, substâncias responsáveis por agravar inflamações e danos em tecidos do corpo.
Outro aspecto relevante é a capacidade do CBD de modular os receptores do sistema endocanabinoide, envolvidos no controle da dor e da inflamação. Pesquisas em andamento apontam para a possibilidade de doses de Canabidiol proporcionarem uma diminuição significativa dos processos inflamatórios, reduzindo a necessidade de medicamentos imunossupressores mais agressivos e com menos efeitos colaterais. Porém, apesar dos avanços, ainda se faz necessária a realização de estudos clínicos controlados, que possam estabelecer protocolos claros e garantir a segurança dos pacientes.
Dificuldade do diagnóstico de Lúpus
Apesar dos avanços nas pesquisas sobre o tratamento com Cannabis, muitos pacientes ainda enfrentam desafios substanciais, especialmente em relação ao diagnóstico.No Brasil, movimentos organizados de pacientes com lúpus também observam a Cannabis como uma aliada para enfrentar a condição. Mas antes de começar o tratamento, com o devido acompanhamento médico, há a barreira do diagnóstico.
Segundo Djane Bento, presidente da ANP Lúpus (Associação Nacional de Pessoas com Lúpus), os desafios enfrentados por pacientes com lúpus no país incluem a dificuldade de diagnóstico e a falta de acesso a medicações adequadas pelo SUS, além da importância da adesão ao tratamento para evitar complicações. A associação atua para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, realizando campanhas de conscientização, atendimentos e buscando a inclusão de políticas públicas para fortalecer o suporte a essas pessoas.
“O nosso SUS é um sistema maravilhoso de saúde, mas ele ainda não consegue de forma célere diagnosticar as pessoas com lúpus. Há diagnóstico que demora mais de 1 ano. Isso complica porque perde uma janela de oportunidade. E há muito acometimento dos órgãos”, pontua.
Por fim, com as crescentes associações de pacientes somando forças para mais e melhores políticas públicas e a evolução da pesquisa em Cannabis medicinal, o cenário para os portadores de lúpus no Brasil começa a se iluminar. Os desafios ainda são muitos, mas o aumento do diálogo e do reconhecimento sobre as questões enfrentadas por esses pacientes abre portas para novas possibilidades de tratamento e apoio.
A informação, o diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos mais eficazes, incluindo a Cannabis, promete não apenas aliviar os sintomas, mas também proporcionar dignidade e qualidade de vida para quem convive com essa condição.
Obtendo orientação médica
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