Em toda jornada profissional, certos momentos transcendem a rotina e ficam gravados na memória. Talvez seja aquela sensação de que você está fazendo, de fato e finalmente, algo relevante. Para mim, foi assim com a condução da recente live do portal Cannabis & Saúde. A transmissão “Cannabis e autismo”, que já ocupa um lugar de destaque nas conquistas de 2025, contou com a presença da médica Neurologista Infantil, Dra. Isabelle Miranda, a fundadora da Associação de Amigos do Autista (AMA), Ana Maria Mello, e o vice-presidente Autista Brasil, Arthur Ataíde.
Nossa live foi mais que uma entrevista, mas uma ponte entre pessoas que convivem com o autismo, com a Cannabis e com informações atualizadas que serviram para derrubar preconceitos em torno dos temas. E, puderam evidenciar o potencial terapêutico dos fitocanabinoides, como o Canabidiol (CBD), para melhorar a qualidade de vida dos autistas.
Segundo Dra. Isabelle, especialista em tratamento de distúrbios do desenvolvimento, o uso da Cannabis medicinal tem mostrado resultados promissores no alívio de sintomas comuns no Transtorno do Espectro Autista, como irritabilidade, hiperatividade, dificuldade de sono e agressividade.
Ela destaca que, embora os estudos ainda sejam preliminares, o tratamento com fitocanabinoides pode ajudar em níveis variados do espectro, sempre com a prescrição médica cuidadosa e acompanhamento contínuo dos pacientes.
“Pediatras e neurologistas infantis têm que dar as mãos. Já em relação às preocupações sobre a exposição ao THC em tratamentos são relevantes. Recomendo sempre começar com dosagens controladas. A dosagem do THC e do Canabidiol deve ser cuidadosamente ajustada conforme o peso e os sintomas da criança, iniciando com doses baixas para monitorar reações. Essa precaução é necessária para evitar efeitos adversos em crianças autistas”, destacou a médica.
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A regulação do sistema endocanabinoide e os benefícios que fazem a diferença
Outro ponto destacado pela médica foi a promoção de um equilíbrio importante para o organismo dos autistas capaz de ser realizado através do sistema endocanabinoide, que regula o humor, estresse, dor e sono.
Este estudo realizado em Israel, em 2019, analisou os níveis de endocanabinoides em crianças com TEA e comparou-os a um grupo de crianças neurotípicas. Os resultados demonstraram que as crianças autistas apresentavam níveis significativamente mais baixos de endocanabinoides como a anandamida, o que sugere que a sinalização deficiente deste composto pode estar envolvida na fisiopatologia do TEA, influenciando processos de neuro e imunomodulação.
Neste sentido, Ataíde, que é autista e estudante de medicina, compartilhou sua experiência familiar, ressaltando que seu irmão sofreu efeitos adversos com o uso indiscriminado de antipsicóticos tradicionais, o que o levou a buscar alternativas mais seguras e eficazes, como poderia ser a Cannabis medicinal.
“Pensamos na regulação do nosso organismo e a Cannabis medicinal acaba agindo e produzindo regulação para um SEC que muitas teve dificuldade de se gerir, como pessoas como TEA ou condições plurais da diversidade humana. A Cannabis é uma resposta e em uma crise de uma pessoa autista, por exemplo, a um excesso de estímulo. Neste momento, ela está se sentindo ameaçada e a Cannabis medicinal entra como uma forma de dar segurança à ela. Age desta forma trazendo estabilidade, traz calma em meio ao caos”, pontua Ataíde.
Outro aspecto valorizado pelos pacientes e familiares é a melhora significativa na qualidade do sono. Crianças autistas que antes tinham insônia ou dormiam mal passaram a ter noites mais tranquilas, o que impacta diretamente no comportamento diurno, reduzindo irritabilidade e hiperatividade.
Desmistificando preconceitos
A live também abordou os preconceitos e estigmas enfrentados por autistas e suas famílias, tanto acerca do autismo quanto do uso da Cannabis medicinal. Ana Maria Melo, fundadora da Associação de Amigos do Autista (AMA), reforçou a importância da inclusão social e educacional, destacando os progressos do Brasil na promoção desses direitos.
“Todos os anos realizamos encontros da AMA. E esta ano o tema é inclusão e acolhimento, convidamos instituições de autismo e clínicas. Além de pais do Brasil e familiares. Nosso atendimento é gratuito e abrangente, atendendo todas as pessoas com TEA”, pontuou Ana.
De qualquer maneira, ela e Ataíde ressaltaram que obstáculos ainda existem, especialmente em escolas privadas, além da necessidade constante de conscientização para combater o bullying e a discriminação.
Caminho aberto para um futuro promissor
Por fim, Dra. Isabelle enfatizou que o tratamento com Cannabis não é uma solução mágica, mas uma importante ferramenta que pode transformar o cotidiano de pessoas no espectro autista, promovendo bem-estar. Para ela, o foco é proporcionar qualidade de vida, autonomia e inclusão plena dentro da sociedade.
A expectativa é que, com o avanço das pesquisas e maior acesso a tratamentos acessíveis, cada vez mais famílias possam se beneficiar dessa terapia. O Brasil, segundo os participantes da live, tem potencial para se tornar referência internacional, não apenas pela legislação progressista, mas principalmente pela mobilização de associações de autistas e profissionais comprometidos com o cuidado e respeito às pessoas que têm esta condição.
Veja a nossa live na íntegra aqui.
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