Para muitas famílias, o uso medicinal da Cannabis representa uma esperança de mais qualidade de vida para seus filhos. Em muitos casos, os medicamentos à base de canabinoides são uma alternativa para condições complexas que não respondem aos tratamentos convencionais, ajudando a aliviar sintomas e melhorar o bem-estar.
O uso da Cannabis na pediatria gera debates intensos entre pais e médicos, principalmente sobre a eficácia e a segurança dessa abordagem. Para esclarecer melhor esse cenário, pesquisadores norte-americanos realizaram uma revisão sistemática, analisando diversos estudos sobre a prescrição de canabinoides para crianças.
O objetivo foi entender melhor como esses produtos funcionam e quais são os riscos envolvidos.
TEA, câncer e epilepsia
De acordo com o estudo Use of Cannabis-Based Medical Products for Pediatric Health Conditions: A Systematic Review of the Recent Literature, publicado na revista científica Medical Cannabis and Cannabinoids, as principais condições analisadas na pediatria foram:
- Transtorno do espectro autista (TEA) — Estudos mostraram que medicamentos com Cannabis ajudaram a reduzir a agitação e melhorar a interação social das crianças.
- Câncer infantil — Observou-se a melhora no apetite e redução da dor e dos enjoos causados pela quimioterapia.
- Epilepsia resistente aos tratamentos — Familiares relataram uma redução significativa na frequência e intensidade das crises.
- Síndrome de Sturge-Weber — Condição rara que afeta vasos sanguíneos e sistema nervoso.
Segurança do uso medicinal da Cannabis na pediatria
A maioria dos estudos analisados utilizaram medicamentos ricos em canabidiol (CBD), com baixas concentrações de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC). Os tratamentos geralmente eram feitos com óleos administrados sob a língua.
A dosagem variou entre os estudos, por isso os pesquisadores destacaram a importância de ajustes individuais para garantir a eficácia e minimizar os efeitos adversos. Afinal, cada paciente reage de forma única ao tratamento, tornando o essencial o acompanhamento médico.
A segurança também foi um ponto importante na revisão, com a maioria dos estudos relatando efeitos colaterais leves ou moderados. Os mais comuns foram sonolência e alterações no apetite. Em alguns casos, esses efeitos foram semelhantes aos observados no placebo, indicando que os derivados da Cannabis foram bem tolerados.
No estudo, os cientistas concluíram sugerindo novos ensaios clínicos para que a Cannabis possa ser um tratamento de primeira linha na pediatria.
“Na população pediátrica, evidências emergentes, combinadas com a literatura existente, sugerem que a Cannabis medicinal pode ser benéfica para sintomas de qualidade de vida relacionados a condições específicas, como câncer, TEA, epilepsia resistente ao tratamento e síndrome de Sturge-Weber. Mais dados de ensaios clínicos são necessários para estabelecer a cannabis medicinal como um acréscimo às diretrizes médicas estabelecidas.”
A papel fundamental do acompanhamento médico
É natural ter dúvidas e preocupações sobre o uso de medicamentos em crianças. No entanto, é possível administrar produtos à base de Cannabis de forma segura e responsável na pediatria, assegurando benefícios reais.
Não existe fórmula mágica, é fundamental saber que cada criança é diferente e que os efeitos podem não ser os mesmos para todos e que é necessário ter paciência para descobrir a dose e a forma mais adequada. Esse processo pode parecer desafiador no início, mas, com acompanhamento médico e atenção aos sinais da criança, os benefícios podem ser imensos.
A criança que mudou a história da Cannabis no Brasil
No Brasil, a pediatria teve papel essencial na regulamentação da Cannabis para fins medicinais. Foram mães que, ao lutar na Justiça pelo tratamento dos filhos, instigaram o Judiciário e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorizar o uso de medicamentos à base dos derivados da planta.
A jovem Anny Fischer foi a primeira paciente brasileira a obter autorização judicial para importar medicamentos à base de Cannabis. Ela tinha uma síndrome rara chamada CDKL5, que causa crises epilépticas diárias e frequentes. Com o tratamento à base de CBD, a qualidade de vida dela e de seus pais melhorou consideravelmente.
A conquista da família Fischer para importar medicamentos à base de CBD motivou a Anvisa a retirar o canabinoide da lista de substâncias proibidas. Depois disso, o órgão emitiu diversas resoluções que simplificam o acesso à medicação. Atualmente, quase 10 anos depois, mais de 600 mil brasileiros utilizam Cannabis em algum tratamento de saúde de forma legal e segura.
Como ter acesso a medicamentos à base de Cannabis
Se você se interessou e deseja incluir medicamentos à base de Cannabis no seu tratamento, deve seguir as exigências da Anvisa para obter os produtos. Primeiramente, é necessário ter uma prescrição médica indicando a formulação e a dosagem.
Portanto, o primeiro passo é marcar uma consulta com um médico experiente nesse tipo de prescrição. Para isso, acesse a nossa plataforma de agendamentos. Lá, você encontra mais de 300 profissionais de diversas especialidades, inclusive pediatria, todos preparados para avaliar cada caso e recomendar o melhor caminho, caso seja necessário.
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