Você já pensou em usar Cannabis medicinal no seu pet? Se ainda soa incomum para você, saiba que cada vez mais tutores e veterinários ao redor do mundo estão observando os benefícios terapêuticos do canabidiol (CBD) — composto da planta Cannabis — para o bem-estar de cães e gatos.
Agora, um estudo publicado na revista Animals traz dados promissores sobre a segurança e os efeitos do CBD em gatos. A pesquisa, realizada por cientistas da Tailândia, mostrou que a substância é bem tolerada, induz leve sedação e facilita o manejo durante procedimentos veterinários.
Oferecendo cuidadosamente o CBD para gatos saudáveis
No estudo, os pesquisadores administraram uma dose única de 8 mg/kg de CBD em um óleo oral para gatos adultos, saudáveis e de diferentes raças. A equipe monitorou os animais por 24 horas, com observações sobre comportamento geral, sinais vitais (batimentos cardíacos, respiração e temperatura) e a resposta à dor.
O objetivo era responder três perguntas principais:
- O CBD provoca sedação em gatos?
- Ele ajuda no manejo do animal em ambiente clínico — como em exames e coletas de sangue?
- Afeta a sensibilidade à dor?
Leve sedação e menos resistência ao manejo após o uso do CBD
Os resultados mostraram que a maioria dos gatos apresentou uma sedação leve e temporária, especialmente entre 2 e 8 horas após a administração. Os felinos ficaram mais relaxados, sonolentos e movimentos mais lentos.
Outro destaque foi a melhora na cooperação durante os exames. Os animais demonstraram menor resistência ao toque e ao manuseio, o que pode ser um grande alívio tanto para tutores quanto para veterinários em situações estressantes, como coleta de sangue ou aplicação de vacinas.
CBD não alterou a percepção de dor e mostrou segurança
Apesar dos efeitos comportamentais, o CBD não alterou a sensibilidade à dor nos gatos, pelo menos em condições normais. Nesse sentido, o composto não teve efeito analgésico imediato em animais saudáveis — um aspecto que precisaria passar por mais estudos em contextos de dor crônica ou inflamação.
Por outro lado, os sinais vitais permaneceram dentro dos padrões normais durante todo o estudo, o que reforça a segurança do uso do canabinoide.
Efeitos colaterais leves e passageiros
Durante o estudo, alguns gatos apresentaram efeitos leves e passageiros, como salivação, sonolência, vermelhidão nas orelhas, sede e náuseas. Houve também um aumento temporário em uma enzima do fígado (AST), que voltou ao normal após o período do estudo. Por isso, os autores sugerem monitorar a função hepática em animais com problemas no fígado, e reforçam que nenhum efeito adverso grave foi observado.
O CBD em situações clínicas comuns
Os pesquisadores destacaram o CBD pode ser um aliado em situações clínicas que exigem a colaboração dos gatos, como:
- Consultas veterinárias
- Coleta de sangue
- Aplicação de vacinas ou medicamentos
No estudo, os autores ressaltaram a importância da realização de novos estudos com acompanhamento contínuo a longo prazo, mas afirmaram que os efeitos agudos já são úteis na prática veterinária.
“Esses resultados corroboram a potencial aplicação do CBD em ambientes veterinários, particularmente em procedimentos não dolorosos, onde a sedação leve e a melhora da adesão ao tratamento são benéficas.”
O que já sabemos sobre o uso medicinal da Cannabis em gatos
Estudos anteriores também demonstraram que o CBD é bem tolerado por felinos em uma dose de 4 mg/kg. O novo estudo tailandês foi além, ao testar uma dose maior (8 mg/kg), com resultados igualmente seguros.
Há ainda evidências de que o CBD tem efeito ansiolítico em gatos, ou seja, ajuda a reduzir a ansiedade sem causar sedação excessiva — algo comum com medicamentos convencionais.
Desde outubro de 2024, os veterinários do Brasil estão autorizados a prescrever medicamentos à base de Cannabis para animais. Mas atenção: o uso deve sempre ser feito com orientação especializada. Nunca ofereça CBD de uso humano para o seu pet por conta própria.
Como iniciar um tratamento com canabinoides em humanos
O uso de medicamentos à base de Cannabis para tratar humanos já é uma realidade para milhares de brasileiros. Do mesmo modo, é fundamental ter acompanhamento médico para que esse uso seja seguro e dentro das regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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