Em 2005, veio do Canadá a primeira aprovação para um medicamento à base de Cannabis para tratar sintomas da esclerose múltipla. Na época, a autorização focava no alívio de espasmos musculares e rigidez, sintomas comuns e incapacitantes dessa condição. Vinte anos depois, pesquisas mais amplas e análises de uso no mundo real começam a mostrar que os benefícios podem ir além, incluindo melhorias no sono, nas dores e na qualidade de vida.
Um estudo realizado no Reino Unido reforça esse cenário com dados de dois anos de acompanhamento de pacientes com esclerose múltipla que utilizaram produtos à base de Cannabis com orientação médica. O levantamento, que analisou 203 pessoas, ajuda a entender como esses medicamentos estão sendo usados e quais efeitos são percebidos no dia a dia dos pacientes.
Um retrato do uso de medicamentos à base de Cannabis na esclerose múltipla
O estudo analisou adultos com esclerose múltipla inscritos no registro britânico de pacientes que usam Cannabis. Todos receberam prescrição médica e foram acompanhados ao longo de 24 meses. Os pesquisadores avaliaram:
- Dores
- Ansiedade
- Sono
- Percepção global de melhora
- Qualidade de vida
O levantamento registrou também como as doses evoluíram ao longo do tempo e quais formulações se tornaram mais comuns.

Doses, formulações e ajustes
De acordo com os autores, as prescrições eram revisadas por uma equipe multidisciplinar especializada, e os ajustes nas doses aconteciam:
- Durante consultas periódicas, nas quais eram revisados eficácia e efeitos adversos
- De forma gradual, conforme a resposta clínica do paciente
- Considerando a via preferida de uso: oral, inalado ou ambos
O estudo também observou que, enquanto houve uma faixa de uso de canabidiol (CBD) — geralmente entre 20 e 30 mg diários —, as doses de ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) variaram bastante entre os pacientes devido às diferenças de tolerância e necessidade terapêutica.
Os benefícios percebidos no dia a dia
Os resultados foram consistentes, com pacientes relatando benefícios em diversas áreas importantes:
- Dor: melhora significativa e contínua ao longo dos 24 meses
- Sono: quase metade dos participantes apresentou melhora clinicamente relevante
- Ansiedade: melhora mais evidente nos primeiros meses e efeito positivo ao longo do tempo
- Qualidade de vida: incluindo bem-estar mental, funções físicas e energia na vida cotidiana
Apenas 12% dos participantes relataram algum efeito adverso, em sua maioria leve ou moderado. Os eventos mais comuns foram fadiga, sonolência, espasticidade e fraqueza muscular. No entanto, os autores destacam que muitos desses sintomas fazem parte da própria esclerose múltipla, o que dificulta atribuir sua origem exclusivamente ao tratamento.
20 anos depois: os tratamentos com canabinoides para esclerose múltipla
Duas décadas após a primeira aprovação oficial de um medicamento à base de Cannabis para esclerose múltipla, o uso clínico dos compostos da planta evoluiu. A autorização de 2005 no Canadá contemplava apenas um produto com proporções aproximadamente iguais de CBD e THC. Hoje em dia, análises como a pesquisa britânica indicam que a resposta clínica pode ser melhor quando existe flexibilidade na proporção entre os canabinoides e acompanhamento próximo.
Quando o paciente tem acompanhamento regular e ajustes personalizados, o uso de canabinoides pode oferecer melhorias consistentes e duradouras para pessoas com esclerose múltipla.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza a prescrição de medicamentos à base de Cannabis desde 2015. Se você ou alguém próximo quiser experimentar os benefícios do tratamento com derivados da planta, acesse nossa plataforma de agendamento. Lá, você pode marcar uma consulta com médicos experientes nesse tipo de abordagem.

















