Identificado pela primeira vez nos anos 1960 por Raphael Mechoulam, conhecido como o “pai da Cannabis medicinal”, o canabigerol (CBG) tem ganhado cada vez mais atenção da comunidade científica devido aos seus potenciais e efeitos terapêutico.
As restrições legais à pesquisa com Cannabis dificultaram avanços nos estudos sobre o CBG, assim como o foco nos compostos mais famosos da planta, o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC).
Recentemente, uma equipe que reuniu cientistas chineses e norte-americanos fez um estudo abrangente sobre o CBG e seus efeitos terapêuticos. Eles chegaram à conclusão que o canabinoide é um “agente terapêutico promissor com um perfil molecular único e um amplo espectro de benefícios potenciais”.
Uma interação única com o corpo humano
De acordo com o estudo Cannabigerol (CBG): A Comprehensive Review of Its Molecular Mechanisms and Therapeutic Potential, publicado na Molecules, o CBG interage de forma parecida com o THC e o CBD em alguns receptores do corpo, mas também interage com outros receptores específicos, como o alfa-2AR e o 5-HT1A.
Alfa-2AR: Presente principalmente no sistema nervoso central, coração e vasos sanguíneos, regula a liberação de neurotransmissores como a norepinefrina (adrenalina). Esse receptor ajuda a controlar funções importantes, como a resposta ao estresse, a pressão arterial e o fluxo sanguíneo.
5-HT1A: Presente no cérebro, especialmente em áreas responsáveis pelo controle do humor e ansiedade, esse receptor responde à serotonina e pode influenciar o sono, o apetite e o controle da dor.
A interação do CBG com esses dois receptores específicos contribui para os seus efeitos terapêuticos, como proteção dos neurônios, combate à inflamação, redução da pressão arterial e alívio da dor.
Principais efeitos terapêuticos do CBG
Entre os efeitos terapêuticos do CBG, os cientistas destacaram:
1. Neuroproteção
O CBG demonstrou propriedades neuroprotetoras, principalmente por meio de sua interação com o sistema endocanabinoide. Estudos apontam que ele pode:
- Reduzir a neuroinflamação, com benefícios em condições como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla;
- Atuar como antioxidante, diminuindo o estresse oxidativo em células do hipotálamo em modelos animais;
- Proteger contra a beta-amiloide, substância tóxica associada ao Alzheimer;
- Modular a ativação microglial em casos de esclerose múltipla, reduzindo a liberação de citocinas inflamatórias e a progressão da doença.
2. Anti-inflamatório
O CBG apresentou forte potencial anti-inflamatório, regulando proteínas pró-inflamatórias por meio dos receptores CB1 e CB2. Os destaques incluem:
- Doença inflamatória intestinal: Em estudos com modelos de colite, reduziu óxido nítrico, espécies reativas de oxigênio (ROS) e citocinas inflamatórias;
- Uso dermatológico: Estudos clínicos indicaram que o CBG diminuiu a inflamação da pele e melhorou a saúde cutânea.
3. Controle da dor
O CBG mostrou eficácia no alívio de dores, sendo promissor para:
- Reduzir dores inflamatórias e neuropáticas;
- Minimizar a nocicepção, a percepção de estímulos dolorosos.
Esses estudos sugerem potenciais aplicações clínicas no manejo da dor, tanto isoladamente quanto em combinação com outros canabinoides.
4. Hipotensão/vasoconstrição
O CBG atua no sistema cardiovascular por meio da ativação de receptores alfa-2AR, promovendo:
- Vasodilatação, com redução de norepinefrina e pressão arterial;
- Controle da pressão intraocular, um benefício promissor para pacientes com glaucoma.
5. Síndrome metabólica
O CBG surge como um recursos potencial no combate à síndrome metabólica por:
- Ativar receptores PPARα/γ, ajudando na maturação de adipócitos e no aumento do metabolismo;
- Reduzir apetite e estimular tecido adiposo marrom, promovendo queima de calorias e perda de peso;
- Proteger o fígado, reduzindo marcadores hepáticos como ALT e AST em modelos experimentais.
Além disso, o estudo identificou potencial do CBG contra certos tipos de câncer e alguns tipos de bactérias, embora a maioria dessas análises tenha sido feita em estudos laboratoriais (in vitro).
Amplo espectro de benefícios
Embora o CBG esteja presente em quantidades pequenas na planta Cannabis, é possível extraí-lo e utilizá-lo em medicamentos de diversos formatos. Assim, os tratamentos à base de canabinoides podem se tornar mais eficazes e beneficiar diversos pacientes, como os pesquisadores destacaram no estudo:
“O CBG se apresenta como um agente terapêutico promissor com um perfil molecular único e um amplo espectro de benefícios potenciais. À medida que a pesquisa avança, o CBG tem o potencial de se tornar uma adição valiosa ao arsenal terapêutico para uma variedade de condições.”
Como iniciar um tratamento com canabinoides
Atualmente, produtos ricos em CBG estão disponíveis para pacientes brasileiros através da importação, regulamentada pela RDC 660 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Portanto, para incluir esse canabinoide no tratamento, é necessário ter o acompanhamento de um profissional da saúde experiente nesse tipo de prescrição. É fundamental o apoio de um médico para potencializar os benefícios sem causar efeitos colaterais.
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