A criptococose é uma infecção fúngica grave causada pelo Cryptococcus neoformans, um fungo encontrado no solo e em matéria orgânica em decomposição, como fezes de pássaros. Quando inalado, esse microrganismo pode causar desde infecções nos pulmões até meningite, especialmente em pessoas com o sistema imunológico comprometido, como pacientes com HIV/AIDS, transplantados ou em tratamento contra o câncer.
A doença é um problema global de saúde, com altas taxas de mortalidade quando não é tratada adequadamente. Os medicamentos usados hoje, como anfotericina B e fluconazol, têm limitações importantes, incluindo efeitos colaterais sérios e o risco de resistência do fungo.
Por isso, pesquisadores vêm buscando novas alternativas, e um estudo australiano sugere que o canabidiol (CBD) e a canabidivarina (CBDV) podem ser eficazes contra essa infecção.
Analisando o potencial antifúngico do CBD e do CBDV
O estudo Uncovering the antifungal potential of Cannabidiol and Cannabidivarin investigou os efeitos do CBD e do CBDV contra o fungo. Esse dois compostos naturais são extraídos da planta Cannabis e, diferente do ∆9-THC, não causam efeitos psicoativos.
O CBD já é aprovado para tratar epilepsia, dor crônica, ansiedade e inflamações. Já o CBDV, menos conhecido, está em testes para doenças neurológicas como a síndrome do X frágil e esclerose múltipla.
Ambos têm perfil de segurança comprovado, o que os torna candidatos promissores para novas aplicações médicas, incluindo o combate a infecções fúngicas como a criptococose.
Como o CBD e o CBDV agem contra a criptococose
Nos testes de laboratório, os principais resultados foram:
- Mataram o fungo com eficácia, especialmente o CBD, que foi mais potente.
- Reduziram a formação de biofilmes, estruturas que protegem o fungo contra medicamentos.
- Enfraqueceram a cápsula protetora do fungo, deixando-o mais vulnerável ao sistema imunológico.
Além disso, o CBDV teve um efeito único: reduziu o tamanho das células do fungo e causou aglomerações, dificultando sua sobrevivência.
Como o fungo age — e como os canabinoides interferem
O Cryptococcus neoformans tem uma cápsula gelatinosa que o protege da ação do sistema imunológico humano. Ele entra no corpo principalmente pela inalação e, em muitos casos, se instala nos pulmões. Em pessoas com a saúde fragilizada, pode atingir o sistema nervoso central, causando meningite — uma inflamação nas membranas do cérebro que pode ser fatal.
Os canabinoides testados não apenas inibiram o crescimento do fungo, como também causaram mudanças importantes em sua estrutura. Através de análises proteômicas, os cientistas observaram que os canabinoides:
- Danificam a membrana celular do fungo, comprometendo sua integridade.
- Interferem no metabolismo energético, afetando as mitocôndrias.
- Reduzem proteínas essenciais para a virulência do microrganismo.
Portanto, esses mecanismos explicam os bons resultados do CBD e do CBDV contra a criptococose nos testes laboratoriais.
Resultados em modelos vivos de criptococose
Para avaliar a eficácia fora do laboratório, os cientistas usaram larvas da traça-da-cera (Galleria mellonella), um modelo comum em testes de medicamentos.
As larvas infectadas com o fungo e tratadas com CBD apresentaram maior taxa de sobrevivência, sugerindo que o composto também pode ter efeito antifúngico em organismos vivos.
Potencial contra outras infecções fúngicas
Além da criptococose, os pesquisadores testaram os canabinoides contra fungos que causam micoses superficiais, como:
- Pé de atleta
- Micose de virilha
Os resultados foram promissores, indicando que o CBD e o CBDV podem ser úteis no tratamento de infecções fúngicas superficiais. Porém, fungos como Candida e Aspergillus não responderam ao tratamento, o que indica que a ação dos canabinoides é específica para certos tipos de fungos.
O potencial do CBD e do CBDV contra a criptococose
Os resultados deste estudo indicam que o CBD e o CBDV podem ser base para novos medicamentos antifúngicos, tanto para infecções internas quanto superficiais.
“A eficácia antifúngica in vitro e in vivo do CBD e do CBDV estabelecida neste estudo destaca o potencial dos fitocanabinoides para atender à necessidade urgente de tratamentos novos e eficazes para infecções fúngicas.
Em conjunto, a eficácia demonstrada do CBD e do CBDV como agentes antifúngicos amplos, aliada ao seu perfil de segurança estabelecido, os torna um recurso promissor como base para o desenvolvimento de futuras intervenções terapêuticas.”
A criptococose ainda é uma doença perigosa, mas estudos como esse trazem novas perspectivas para o tratamento de milhões de pessoas.
Outros estudos com canabinoides contra microrganismos
Além dos usos já conhecidos na neurologia e no controle da dor, compostos da Cannabis mostram potencial contra vírus e bactérias. Estudos anteriores indicaram que o CBD e alguns terpenos:
- Combatem vírus respiratórios, como o H1N1 e o HCoV-OC43
- Mostram bons resultados contra bactérias resistentes a antibióticos
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis
Os estudos sobre o uso dos compostos da Cannabis como agente antifúngico ainda estão em andamento, porém os medicamentos à base de canabinoides são amplamente indicados para o tratamento de outras condições de saúde.
No entanto, para experimentar os benefícios destes compostos naturais, é necessário seguir as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que exige uma prescrição médica para adquirir os produtos.
Então, para iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis, busque a orientação de um profissional da saúde experiente nesse tipo de prescrição na nossa plataforma de agendamento. Lá, estão centenas de médicos de diversas especialidades, todos preparados para avaliar o seu caso e, se necessário, recomendar o melhor produto.
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