Um estudo realizado em Toronto, no Canadá, trouxe uma nova perspectiva para pessoas com epilepsia resistente aos medicamentos convencionais. A pesquisa acompanhou 19 pacientes — entre crianças e adultos — que passaram a usar medicamentos à base de Cannabis para tratar crises convulsivas.
Todos os 19 pacientes passaram por longos períodos sem nenhuma convulsão. Em média, ficaram 245 dias — mais de oito meses — sem crises. Em cinco casos, os pacientes passaram mais de um ano sem nenhuma convulsão.
Além disso, três pessoas conseguiram interromper o uso de anticonvulsivantes convencionais, mantendo o controle das crises apenas com medicamentos à base de Cannabis.
Epilepsia resistente: um desafio para a medicina
Para muitas pessoas com epilepsia, os remédios anticonvulsivantes controlam bem as crises. No entanto, cerca de 30% dos pacientes não respondem aos tratamentos convencionais. Esses casos são classificados como epilepsia resistente a medicamentos e representam um grande desafio para médicos, pacientes e suas famílias.
Nesses casos, o dia a dia pode ser imprevisível, com riscos como:
- Crises graves e frequentes
- Quedas e internações
- Dificuldades na vida profissional, social e escolar.
Por isso, encontrar novas formas de tratamento é tão importante.
Nos últimos anos, cientistas de diferentes países passaram a investigar o uso de medicamentos à base de Cannabis no tratamento da epilepsia. Em estudos anteriores já haviam mostrado que o canabidiol (CBD) e o ∆9-tetrahidrocanabinol (THC) podem ter efeitos benéficos, especialmente em crianças com formas graves de epilepsia.
Estudo canadense reforça o potencial da Cannabis
No estudo intitulado 9 Patients Report Seizure Freedom with Medical Cannabis Treatment for Drug-Resistant Epilepsy: A Case Series, publicado na revista Frontiers in Neuroscience, os pesquisadores acompanharam 19 pessoas com epilepsia resistente. Quinze eram crianças e quatro, adultos.
Todos seguiram um protocolo de tratamento com medicamentos à base de Cannabis gradual, combinando CBD e THC, com ajuste das doses ao longo do tempo.
Alívio duradouro: até um ano sem convulsões
Os principais resultados observados foram:
- Todos os 19 pacientes apresentaram melhora significativa.
- Cinco ficaram mais de um ano sem crises.
- Três deixaram de usar anticonvulsivantes convencionais e passaram a usar apenas os medicamentos à base de Cannabis.
- Média de 245 dias sem convulsões
Embora cerca de metade dos participantes do estudo tenha relatado efeitos colaterais, esses eventos não impediram a continuidade do tratamento. Nesse sentido, os pesquisadores concluíram que os benefícios superaram os efeitos adversos.
O fim das crises como meta
De acordo com os autores do estudo, os medicamentos à base de Cannabis devem ser considerados como opção prioritária no tratamento da epilepsia resistente.
O estudo também destaca a importância de realizar novos ensaios clínicos com foco na ausência total de crises como desfecho principal, além de investigar mais a fundo o papel do THC nos tratamentos, já que a maioria dos pacientes usou produtos que combinavam esse canabinoide com CBD.
“Os resultados do estudo corroboram a priorização de produtos à base de Cannabis para uso medicinal em casos de epilepsia resistente a medicamentos.
Por fim, o estudo apoia a melhoria da acessibilidade de produtos à base de Cannabis para uso medicinal, usando a ausência de convulsões como resultado primário em futuros ensaios clínicos sobre epilepsia com produtos à base de Cannabis para uso medicinal e avaliando o papel do THC na redução de convulsões.”
Como a Cannabis age no controle de crises de epilepsia
O uso de medicamentos à base de Cannabis vem ganhando destaque como alternativa terapêutica para epilepsia. Os principais compostos da planta, CBD e THC, têm sido estudados por seus efeitos anticonvulsivantes, causados principalmente pela interação com o sistema endocanabinoide.
Essas substâncias atuam em conjunto, potencializando seus efeitos e, como mostrou o estudo canadense, contribuindo para reduzir a intensidade e a frequência das crises.
- CBD: regula a liberação de neurotransmissores excitatórios (glutamato), inibe canais de sódio e cálcio, além de reduzir a neuroinflamação.
- THC: modula a liberação de neurotransmissores excitatórios (glutamato) e inibitórios (GABA), além de atuar como neuroprotetor.
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis para epilepsia resistente a medicamentos
Se você ou alguém próximo deseja aproveitar os benefícios do uso de medicamentos à base de Cannabis para tratar a epilepsia resistente a medicamentos, é essencial consultar um médico especialista e com experiência nesse tipo de prescrição. A dosagem e a formulação adequadas variam de acordo com a resposta do paciente e o plano terapêutico é individualizado.
Para marcar uma consulta com um especialista, acesse a nossa plataforma de agendamentos. São centenas de médicos de diversas especialidades — inclusive da neurologia — preparados para avaliar o seu caso e recomendar o melhor caminho.
Então, inicie um tratamento com segurança e responsabilidade, acesse a nossa plataforma e marque sua consulta!