Um artigo publicado na revista científica MDPI trouxe um caso surpreendente de um paciente que teve remissão completa e duradoura de um câncer no cérebro com ajuda da Cannabis. O estudo foi feito na Itália e acompanhou uma pessoa que recusou quimioterapia e fez um caminho terapêutico não convencional com produtos legais com Cannabis, melatonina e ozônio.
O tumor que o paciente tinha era um glioblastoma, uma das formas mas agressivas de câncer no cérebro. Geralmente, os médicos dão uma sobrevida de 15 meses para quem tem o diagnóstico dessa doença, mas no caso estudado a paciente segue viva. Ela identificou o tumor em 2016 e o câncer não deu sinais de retorno até a redação do artigo, em 2022.
Uma dor de cabeça muito forte
Primeiro, é importante ressaltar que esse não é um tipo de terapia ou tratamento, é um caso que despertou o interesse de cientistas da área da saúde.
Em agosto de 2016, uma mulher de 36 anos chegara ao departamento de emergência após 15 dias consecutivos de dor de cabeça resistente aos medicamentos. Os exames de tomografia computadorizada detectaram duas formações e o diagnóstico foi de glioblastoma.
Exame de imagem de 2016 que mostra tumor no cérebro da paciente
Glioblastoma é um tipo de câncer no cérebro bastante agressivo, algumas células começam a crescer de maneira errada e formam um nódulo ou massa que pode crescer muito rápido e afetar a maneira como o órgão funciona.
A paciente passou por uma cirurgia que removeu parcialmente o tumor, portanto ela seguiu com quimioterapia com temozolomida e radioterapia cerebral. Porém, após o primeiro ciclo, ela se recusou a continuar com a quimioterapia devido aos efeitos colaterais graves que ela sentia.
Mudança nos planos
Assim, ainda em novembro daquele ano, ela começou uma terapia não convencional que também tinha Cannabis. Ela tomava doses diárias de 50 mg de um óleo rico em CBD e com menos de 1% de THC (Bedrolite) e também administrava 100 mg diariamente de um óleo rico em THC e com menos de 1% de CBD (Bedrocan).
Além disso, ela tomava melatonina em uma dose que começou com 100 mg e que foi mudando até chegar a 2g por dia. Também fez terapia com gás ozônio. Durante o acompanhamento do caso, os pesquisadores visitaram a paciente trimestralmente para fazer exames clínicos, de imagem e análises sanguíneas.
Em fevereiro de 2017, a ressonância magnética mostraria que o tumor residual de 2 cm não era mais visível e esse resultado foi confirmado em exames posteriores em 2022.
Cannabis e câncer
O objetivo de se analisar histórias excepcionais como essa é estimular a investigação que indique uma direção no manejo do glioblastoma. Existem muitos centros de pesquisa explorando esse e outros tipos de câncer e encontrando ótimos resultados com o uso da Cannabis. Nesse sentido, um ensaio clínico britânico de Cannabis para o câncer no cérebro está indo para a fase II. Da mesma forma, o instituto federal para a saúde dos EUA, o NIH na sigla em inglês, abriu linhas de financiamento para a pesquisa “Mecanismos Básicos e Ação de Canabinoides no Câncer”.
Em outros tipos de câncer, a Cannabis também mostrou bons resultados, como o câncer de pulmão e câncer no fígado. Além disso, pode ajudar com os efeitos colaterais do tratamento assim como nos cuidados paliativos.
Fizemos uma live com a Dra. Maria Teresa Jacob falando sobre a Cannabis no tratamento do câncer e nos cuidados paliativos. A médica tirou todas as dúvidas do público no bate-papo no nosso canal no YouTube.
