“O estudo mostrou que a Cannabis é o melhor tratamento atual que tem na clínica para Alzheimer”. As palavras, repletas de motivação e orgulho, são do professor da UNILA, Francisney Pinto Nascimento, com quem conversamos com exclusividade. Nascimento é autor do “Cannabinoid extract in microdoses ameliorates mnemonic and nonmnemonic Alzheimer’s disease symptoms: a case report”. A pesquisa publicada recentemente no Journal of Medical Case Reports, mostrou que pequenas doses de Cannabis tratam Alzheimer e revertem déficit de memória.
Tratar Alzheimer e reverter déficit de memória
“Este estudo é um marco pois é o primeiro que demonstra que a Cannabis pode tratar Alzheimer. E mais do que isso, ajuda a manter o que os outros medicamentos também mantém e reverte os danos de memória do Alzheimer, conforme os testes realizados”.
Estudo de caso: tratar Alzheimer com Cannabis aos 75 anos
Basicamente o estudo de caso acompanhou a intervenção terapêutica experimental durante 22 meses com microdoses de um extrato de Cannabis contendo canabinóides: CBD e THC. O paciente de 75 anos estava apresentando os principais sintomas de déficit de memória, desorientação espacial e temporal e atividade diária limitada.
Para identificar o efeito benéfico dos canabinóides em microdoses na melhoria da memória e das funções cerebrais do paciente com doença de Alzheimer foram realizadas avaliações clínicas por meio do Mini Mental State Examination (MMSE) e da Escala de Avaliação da Doença de Alzheimer-Subescala Cognitiva.
“No MMSE vimos que ele recuperou cinco a seis pontos. Em torno de quase 20% de 30% da sua memória. Então ele voltou a um estágio para a idade dele como se não tivesse mais a doença nesse momento. No estudo acompanhamos o paciente por 22 meses, mas ele já completou 4 anos de tratamento e segue estável com a mesma dosagem unida. E o tratamento tradicional foi retirado, a Memantina e hoje ele se trata unicamente com Cannabis”.
O que a pesquisa mostrou: reversão de déficit de memória, inexistência de efeitos colaterais com pequenas doses de THC e CBD
Um ponto fundamental do estudo é que ele está centrado na baixa dosagem dos canabinoides durante o tratamento: 0.5 miligramas de THC e 0.07 miligramas de CBD.
Justamente devido a estas baixas doses de THC e CBD utilizadas no tratamento que não foi identificado efeitos colaterais.
Drogas atuais x Tratamento com Cannabis
Nascimento destaca a superioridade dos resultados no tratamento com Alzheimer em comparação com as drogas atuais. Já que as drogas tradicionais não revertem a perda da memória causada pelo Alzheimer, apenas mantém o estágio e o déficit de memória.
“O resultado é espetacular, mas foi um estudo com apenas um paciente. Teremos outros ensaios publicados com mais pacientes”, finalizou. O professor também destacou o pioneiro e reconhecido estudo de 2017 que identificou que pequenas doses de THC restauraram a função cognitiva em camundongos velhos.
Grupo de pesquisa da UNILA
Neste sentido, Nascimento, professor que coordena o Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da UNILA, comemora a perspectiva de mais publicações e pesquisas que seguem a comprovação dos benefícios da Cannabis. O próximo ensaio clínico que será publicado em breve foi realizamos em parceria com a associação Abrace.
“Temos outro ensaio clínico de 6 meses, randomizado, duplo-cego com controle. Realizado com 14 pacientes por seis meses que demos Cannabis, e outros 14 que demos placebo. Estamos avaliando no momento os dados do estudo”.
Além desta próxima publicação, Nascimento confirmou que para 2023 outro estudo será realizado com mais 55 pacientes.
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Ainda em relação ao Alzheimer, são incontáveis os relatos de familiares que conseguiram dar qualidade de vida para o paciente e à própria família após a adminsitração de óleos de Cannabis.
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