Acolhimento e pertencimento são conceitos que ganham cada vez mais importância nos contextos social e psicológico. E, quanto mais se popularizam, mais sentido fazem. É nesta linha que o objetivo principal da Associação Solidária do Toc e Tourette (Astoc) trabalha: acolher pessoas com Toc e Síndrome de Tourette e acolher suas angústias. E, sempre quando for possível, oferecer uma oportunidade para trocar experiências entre elas e esclarecer possíveis dúvidas.
“Temos grupos de apoio para pessoas com toque, para familiares de pessoas com toque e para pessoas com síndrome de Tourette e para os familiares. E uma vez na semana, eu e mais duas psicólogas, realizamos entrevistas de orientação para essas pessoas e para essas famílias. Além da triagem para esses grupos de apoio. E também lives para divulgar informação com psiquiatras, psicólogos, com pessoas que têm TOC e Tourette. Grupos de apoio com familiares nos sábados, são pessoas que encontram outras pessoas com toc, por exemplo”, explica Larissa Mirando, psicóloga e também presidente da Astoc que trabalha há mais de vinte anos com toc e Síndrome de Tourette.
Segundo a profissional, o suporte mútuo, unido à troca de experiências, contribui significativamente para um melhor entendimento e manejo das condições enfrentadas, criando um espaço seguro para esclarecimento de dúvidas. Para ela, é imensa a importância dos grupos de apoio e a relevância de uma informação correta sobre os transtornos e as dificuldades enfrentadas pelos pacientes no Brasil, incluindo o preconceito e o complicado acesso a profissionais qualificados.
Percepções contemporâneas e desafios digitais
A evolução da tecnologia trouxe tanto avanços quanto novos desafios na gestão do TOC. Larissa observa que “quando comecei a trabalhar, o WhatsApp não existia. Hoje, muitos pacientes estão diante de novas dificuldades. Eles precisam verificar todas as mensagens recebidas e não se sentem confortáveis em apagar nada, criando rituais que consomem tempo e energia.” Essa dependência da tecnologia exacerba os sintomas, gerando novos comportamentos e dilemas que complicam o tratamento e a vida cotidiana dos pacientes.
Cannabis no tratamento do toc e do Tourette
A utilização da cannabis medicinal tem se revelado uma alternativa eficaz no tratamento da Síndrome de Tourette. A Dra. Ana Gabriela Hounie, especialista em medicina canabinoide, explica que “a cannabis é altamente eficaz nos tratamentos da Síndrome de Tourette. Existem inúmeros casos de pacientes que se beneficiam significativamente com o uso de óleos canabinoides”. Embora a Astoc veja com bons olhos essa alternativa, Larissa sublinha a necessidade de acompanhamento médico rigoroso, reafirmando que o tratamento adequado deve sempre incluir supervisão.
Cannabis demonstra promissora eficácia ao tratar sintomas característicos da síndrome, que incluem movimentos involuntários e vocalizações indesejadas. Segundo um estudo realizado na Medical School Hannover pela psiquiatra Kirsten R. Müller-Vahl, intitulado “Delta 9-Tetrahydrocannabinol (THC) is Effective in the Treatment of Tics in Tourette Syndrome”, o tetrahidrocanabinol apresenta um caminho promissor, tanto para os tiques quanto para os problemas comportamentais associados à condição. Este estudo robustece a crescente evidência a favor da cannabis no tratamento de distúrbios neurológicos.
O potencial da Cannabis para a saúde
A Cannabis possui uma composição química rica em canabinoides, que interagem com o sistema endocanabinoide do corpo humano, responsável por regular diversas funções neurológicas e fisiológicas. Estudos demonstram que a ativação desse sistema pode levar a uma redução significativa das reações emocionais e do estresse, proporcionando alívio para aqueles que enfrentam desafios como o TOC e a Síndrome de Tourette. A capacidade dos canabinoides de modular a neurotransmissão pode ser a chave para melhorar a qualidade de vida desses pacientes.
Além disso, a relevância dos tratamentos com Cannabis medicinal vai além dos sintomas imediatos. A pesquisa clínica mostra que a Cannabis tem potencial terapêutico em várias condições comorbidas frequentemente observadas em pacientes com TOC e Tourette, como ansiedade e depressão. Estudos indicam que a utilização de produtos canabinoides pode não apenas aliviar sintomas motores e comportamentais, mas também proporcionar um suporte emocional eficaz, essenciais para uma vida saudável.
Por último, embora a ciência ainda esteja explorando os limites e aplicações da cannabis na medicina, os resultados atuais sugerem que sua inclusão nos regimes de tratamento pode significar não apenas uma nova era de compreensão, mas também a necessidade urgente de mais pesquisa e acessibilidade para pacientes que dependem dessa terapia. Ensaios clínicos adicionais e esforços para desmistificar o uso da Cannabis são fundamentais para integrar essa opção terapêutica no campo convencional da medicina, ampliando as perspectivas de tratamento para aqueles afetados por estas condições desafiadoras.
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Estudo investigou o uso de Cannabis para Síndrome de Tourette
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis
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