A história da Associação dos Amigos da Oncologia (AMO) começa em meio a um cenário crítico da saúde pública de Sergipe. Em 21 de novembro de 1996, profissionais do Hospital de Clínicas Dr. Augusto Leite e voluntários do grupo Rainha da Paz, ligado ao Serviço Social, uniram forças para enfrentar as condições precárias vividas pelos pacientes com câncer no estado. Assim nascia uma das organizações mais representativas do país no apoio social e emocional a pessoas em tratamento oncológico.

A atual presidente da entidade, Conceição Balbino, lembra que “a AMO nasceu como resposta a uma crise de saúde nos anos 90, principalmente no tratamento das pessoas com câncer no Estado de Sergipe. Eu na época era assistente social da Fundação de Beneficência Hospital de Cirurgia e juntamente com outros profissionais de saúde e voluntários optamos por fundar a AMO para apoiar os pacientes com câncer que faziam tratamento no Centro de Oncologia do Hospital Cirurgia”.

Naquele período, as deficiências estruturais eram severas: enfermarias inadequadas, ambulatórios sucateados e falta de equipamentos essenciais para manipular quimioterápicos. Um dos primeiros impactos da AMO foi garantir a compra de uma Capela de Fluxo Laminar, obrigatória para o preparo seguro das quimioterapias. “Uma das principais contribuições foi adquirirmos uma Capela de Fluxo Laminar – preparar as quimioterapias – que o Hospital não possuía e era um dos critérios de segurança para que o serviço continuasse a funcionar. Depois foram adequações dos ambulatórios, adequações das enfermeiras segundo as recomendações do Ministério da Saúde”.

AMO: quase três décadas de cuidado, acolhimento e dignidade

Hoje, quase 30 anos depois, a AMO se consolidou como um suporte essencial à rede pública. A instituição reúne assistentes sociais, advogados, enfermeiras, fisioterapeutas, jornalistas, nutricionistas, massoterapeutas, médicos, psicólogas, pedagogas, odontólogos e terapeuta reikiana, além de uma diretoria executiva formada por voluntários.

“Essas equipes desenvolvem os serviços de assistência social e de saúde que os pacientes do Sistema Único de Saúde necessitam para a adesão e manutenção ao tratamento oncológico ofertado dos Centros de Oncologia do Hospital de Cirurgia, Hospital de Urgência de Sergipe, Hospital Universitário de Aracaju e Hospital do Amor”.

A AMO mantém ainda uma Casa de Apoio, fundamental para pacientes de outros municípios, oferecendo alimentação, hospedagem, serviços gerais e apoio emocional.

“Temos dois eixos: assistência social e saúde. Serviços e benefícios para as pessoas que lutam contra o câncer e também ao seu Cuidador”.

O atendimento multiprofissional da entidade inclui nutricionistas para casos específicos (como tumores de orofaringe e trato digestivo), odontologia com laserterapia, psicologia individual e em grupo, fisioterapia liberada por oncologista e acompanhamento médico em cuidados paliativos, especialmente no Projeto Cativar, que leva assistência domiciliar.

Cannabis como aliada no tratamento oncológico

Quando o tema é Cannabis medicinal, Conceição demonstra abertura e ponderação diante das evidências científicas emergentes. Nos últimos anos, a cannabis medicinal tem ganhado espaço nos debates oncológicos como terapia complementar. Pesquisas internacionais reunidas pelo National Cancer Institute apontam que os canabinoides podem auxiliar no manejo de sintomas como dor, náuseas induzidas por quimioterapia, ansiedade e insônia, melhorando a qualidade de vida de pacientes em tratamento.

“Não vejo nenhum problema quanto ao uso medicinal da Cannabis. Como disse, é medicamentoso. O que vier para aliviar dores crônicas e agudas que tragam grandes sofrimentos humanos deve ser utilizado”. 

Para ela, o grande desafio ainda é o desconhecimento. “Às vezes é mais desconhecimento do que preconceito. Digo isto porque quando trouxemos a Terapia Reiki houve desconfiança e hoje faz parte da nossa oferta, inclusive com agendamento. Como também a microfisioterapia que é mais recente”.

Estudo brasileiro destaca benefícios da Cannabis no tratamento de sintomas do câncer

Neste sentido, sabe-se que enfrentar o câncer exige coragem. E o simples ato de passar por um tratamento oncológico é um desafio. Muitas vezes,  a adesão aos protocolos de tratamentos, como quimioterapia, podem ser difíceis, porém, são fundamentais. E é aqui neste contexto, que a Cannabis desponta como uma aliada para quem está enfrentando o câncer.

A utilização de canabinoides, como o THC e o CBD, tem mostrado resultados promissores em diversos aspectos do tratamento do câncer. Principalmente no alívio da dor, já que os canabinoides possuem propriedades analgésicas eficazes, ajudando a controlar a dor e a redução do desconforto, o que é vital para que os pacientes se sintam mais capazes de seguir com suas terapias.

Segundo o médico Dr. Rodrigo Eboli da Costa a Cannabis não deve ser a única terapia, mas pode ser uma ferramenta complementar eficaz.

“Cannabis pode ajudar no controle dos sintomas causados pelo câncer e pelos tratamentos convencionais, como quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Ela é eficaz no alívio da dor, controle de náuseas, estímulo do apetite e redução da ansiedade”, pontuou o médico.

Veja aqui a nossa live sobre Cannabis como aliada no tratamento do câncer.

O profissional explica que a Cannabis pode ajudar a controlar dor, náusea, perda de apetite e ansiedade causadas tanto pelo câncer quanto pelos tratamentos como quimioterapia e radioterapia.

“O THC é considerado o fitocanabinoide mais eficaz para pacientes com câncer, especialmente para controle da dor, náusea e estímulo do apetite. O canabidiol também tem sua importância, mas o THC é mais potente no controle da dor em casos oncológicos”.

AMO virou sinônimo de acolhimento

Além das terapias, o acolhimento ao paciente e o fator psicológico são imprescindíveis. E neste ponto, a AMO se tornou sinônimo de acolhimento, dignidade e cuidado integral em Sergipe. O trabalho da instituição demonstra que a assistência oncológica vai além do tratamento médico: envolve rede de apoio, cuidado emocional, políticas de prevenção e, sobretudo, humanidade.

O legado construído desde 1996 continua vivo e em expansão, sustentado pela dedicação de profissionais, voluntários e pela força de pacientes e cuidadores que encontram na AMO mais do que um serviço. Encontram pertencimento e esperança.

Desafios e luta por acesso

Porém, apesar do impacto da instituição, ainda existem gargalos estruturais importantes, como destaca Conceição: “O acesso em tempo hábil ainda continua, a qualidade dos exames diagnósticos, o tempo para iniciar o tratamento, a falta de letramento sobre a doença, a demora em classificar uma pessoa em cuidados paliativos e a falta de qualificação de alguns profissionais de saúde sobre cuidados paliativos”.

Educação em saúde e prevenção: a missão que não para

A AMO atua ativamente em campanhas de prevenção, como o Dia Mundial do Câncer, o Março Vermelho, o Março Azul-Marinho, o Setembro Dourado, o Outubro Rosa, o Novembro Azul e o Dezembro Laranja — reforçando a importância do diagnóstico precoce. “O Outubro Rosa tem ações de arte, cultura, atendimento multiprofissional e corrida”, finaliza a presidente. A instituição promove rodas de conversa, palestras, conteúdos educativos e o projeto Um Ser em Destaque, que aproxima informação, acolhimento e comunidade.

Iniciando um tratamento com Cannabis

Aqui no Brasil, o uso medicinal da Cannabis é possível desde que tenha a prescrição de um médico ou dentista. Esse é o tipo de profissional mais indicado para analisar o seu caso e recomendar o produto e dosagem mais adequados para você.

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