“Há um acesso maior no diagnóstico e terapia das hepatites no Brasil via SUS”, celebra a Dra. Leila, que assumirá a presidência da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) em janeiro de 2026. Ela ressalta que, embora existam desafios, como o cumprimento das metas da OMS para a erradicação das hepatites virais até 2030, o acesso ao diagnóstico e tratamento tem melhorado significativamente.
“O Brasil tem avançado, e hoje há um acesso global em todo o país, tanto para diagnóstico quanto para terapia”, afirma a médica que recebe a posse durante o Congresso Brasileiro de Hepatologia, que acontece em outubro no Rio de Janeiro.
Julho Amarelo: conscientização e combate às hepatites virais
Questionada sobre a relevância da campanha Julho Amarelo, a médica explica: “Esse mês simboliza a luta contra as hepatites virais. É uma campanha contínua, trabalhamos nisto de julho a julho e nosso objetivo é aumentar a conscientização da população sobre a condição”.
Igualmente, Dra. Leila observa que muitos ainda não têm conhecimento sobre as hepatites B e C, que são doenças sexualmente transmissíveis e também podem ser transmitidas por via parenteral, como por meio do contato com sangue contaminado.
“A hepatite B é uma doença sexualmente transmissível. Atualmente, observamos inclusive, alguns aumentos de frequência na população de hepatite B por transmissão sexual. Mas não é só essa via única de transmissão. As hepatites B e C têm uma via importante que é a via parenteral. É qualquer contato com sangue através de um objeto cortante. Seja ele objetos cirúrgicos, objetos seringa, objetos não descartáveis. Tudo o que você entra em contato com sangue, isso é chamado de transmissão parenteral”, explica.
Desafios e Avanços no Tratamento
A hepatite B e C continuam a ser preocupações de saúde pública no Brasil. “A transmissão vertical, que é de mãe para filho, está diminuindo, mas ainda é um alerta”, destaca a médica. Nesse contexto, ela enfatiza a importância do pré-natal e da vacinação. Para ela, campanhas de conscientização e educação em saúde são essenciais para prevenir novas infecções.
Além disso, a médica alerta que o fígado é a máquina de filtração do organismo, com mais de mil funções.
“O fígado chora calado. Por ele chorar calado, ele muitas vezes não se manifesta precocemente. E quando ele vem se manifestar, já é com a doença avançada. Essa doença avançada se chama cirrose. E é a fibrose, então esse fígado endurecido. Então, muitas vezes ele já se manifesta já com quadros de complicações, tardios de uma doença que podia ter sido prevenida”, saliente.
SBH comprometida com avanços da medicina e atenta às pesquisas científicas
A Dra. Leila reafirma o compromisso da SBH com a pesquisa e a inovação, especialmente em relação ao uso do CBD no tratamento de doenças hepáticas.
“Embora ainda não incorporamos, nem indicamos, como Sociedade o uso do Canabidiol no tratamento das hepatites virais, estamos atentos a qualquer novas pesquisas e inovações que possam surgir”.
“Na medicina, é vital estar aberto a novas informações. A Cannabis medicinal já tem se mostrado eficaz em outras áreas, como a neurologia. Precisamos de mais estudos para entender como essa substância pode ajudar nas doenças hepáticas”, conclui Dra. Leila.
O caminho a seguir da SBH: fundada em 1967, Sociedade Brasileira de Hepatologia está alinhada com inovações científicas
Portanto, a Sociedade Brasileira de Hepatologia está pronta para avaliar novas pesquisas científicas que apareçam sobre o uso de CBD e sua eficácia no tratamento de hepatites. “Estamos abertos a mudanças, desde que fundamentadas em provas científicas sólidas”, afirma a médica.
Com 672 mil pessoas utilizando Cannabis medicinal no Brasil, a Dra. Leila enxerga um futuro na pesquisa do uso de CBD e afirma que é preciso um controle rigoroso para garantir a segurança e eficácia de novos tratamentos. A regulamentação pela Anvisa também é fundamental para qualquer incorporaração de novas terapias ao Sistema Único de Saúde (SUS).
“A Sociedade preconiza uma abertura para que estudos científicos de relevância que comprovem fatos que venham melhorar ou venham evitar uma progressão de uma doença, ela seja incorporada. Estamos atentos às mudanças”, conclui.
Cannabis e Hepatites Virais
O aumento da pesquisa sobre a Cannabis Medicinal tem gerado interesse em seus potenciais benefícios terapêuticos. Evidências provenientes de estudos pré-clínicos e clínicos indicam que o Canabidiol (CBD) apresenta propriedades que podem ser benéficas para pacientes com doenças hepáticas, incluindo efeitos anti-inflamatórios, imunomoduladores e antifibróticos.
Recentemente, um estudo realizado por Henry I. C. Lowe, Ngeh J. Toyang e Wayne McLaughlin, e publicado na Pharmacognosy Research, analisou o potencial do CBD no combate às hepatites virais. Os resultados mostraram que o CBD possui um efeito antiviral significativo, reduzindo a replicação viral em até 86,4% ao ser administrado em uma concentração de 10 μM. Além de sua atuação nas hepatites virais, o estudo destacou a eficácia do CBD contra a hepatite autoimune.
Os pesquisadores constataram que o Canabidiol interage com o receptor CB2, facilitando a apoptose (morte programada) de células do sistema imunológico que agem contra o fígado, o que poderia ajudar na recuperação e na preservação da saúde hepática.
Essas descobertas sugerem que o CBD pode ser uma alternativa terapêutica promissora no tratamento de hepatites virais, especialmente quando utilizado em conjunto com outros tratamentos convencionais. Tal abordagem abre novas possibilidades para o manejo dessas doenças e, consequentemente, pode resultar em uma melhoria significativa na qualidade de vida dos pacientes afetados.
O papel do Sistema Endocanabinoide
Por fim, é importante ressaltar a função do sistema endocanabinoide (SEC) na regulação da homeostase da glicose. Conhecido como SEC, este sistema também desempenha um papel fundamental na regulação da inflamação hepática e no desenvolvimento da fibrose no fígado.
Segundo o livro “O Tratado de medicina Endocanabinoide” a ativação dos receptores CB2 desempenha uma função importante na modulação da resposta imunológica das células do fígado, afetando o equilíbrio entre inflamação e regeneração celular.
Portanto, o sistema endocanabinoide é fundamental para a manutenção da saúde do fígado, regulando processos como lipogênese, homeostase da glicose, inflamação e fibrose. A desregulação deste sistema está relacionada ao surgimento de distúrbios metabólicos e doenças hepáticas, o que o torna um alvo significativo para possíveis tratamentos terapêuticos.
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𝗜𝗺𝗽𝗼𝗿𝘁𝗮𝗻𝘁𝗲: O acesso legal à Cannabis medicinal no Brasil é permitido mediante indicação e prescrição de um profissional de saúde habilitado. Caso você tenha interesse em iniciar um tratamento com canabinoides, consulte um profissional com experiência nessa abordagem terapêutica. Visite nossa plataforma com mais de 300 profissionais prescritores de Cannabis medicinal e agende uma consulta.