Caio Gabriel Alves Gomes tem 25 anos e convive com duas condições crônicas que impuseram limites reais ao corpo e à vida. A síndrome de Parsonage-Turner, uma neuropatia rara que provoca dor intensa, inflamação dos nervos e atrofia muscular, e também o autismo nível 1 de suporte, com impactos diretos sobre sua percepção sensorial, linguagem e interação social.
Até pouco tempo, sua rotina girava em torno de opióides, internações e tentativas frustradas de controle da dor. A resposta veio fora do que o protocolo tradicional costumava oferecer: no uso terapêutico da Cannabis medicinal, que marcou uma mudança concreta — e sustentada — em sua qualidade de vida.
“Existe um Caio antes e um depois do Canabidiol. Hoje eu vivo melhor. Com mais controle, mais independência e menos dor.”
Uma doença que não cabe em protocolos
A síndrome de Parsonage-Turner não é exatamente comum — e tampouco bem compreendida. Ela provoca inflamação aguda nos nervos do plexo braquial e pode levar à atrofia muscular, perda de movimento e dor crônica debilitante. No caso de Caio, o lado direito do corpo foi o mais afetado, com comprometimento da escápula, crises neurológicas e episódios de paralisia temporária.
“Minha escápula é atrofiada, e as dores são diárias. Já perdi muita força no braço e na coluna, e tive momentos em que não conseguia nem me levantar da cama”, conta.
A condição exige tratamento multidisciplinar, mas o que vinha sendo oferecido ao longo dos anos era uma sequência de medicações — morfina, Tramal, anticonvulsivantes — que, além de pouco eficazes, traziam uma lista extensa de efeitos colaterais.
“Tomava uma quantidade absurda de medicamentos todos os dias, com custo alto e resultado baixo. Continuava tendo dores, convulsões, crises de ansiedade e dificuldade para me locomover.”
Autismo e sobrecarga sensorial
O diagnóstico de autismo nível 1 de suporte veio depois, mas explicou uma série de sintomas que Caio já enfrentava desde criança. Ele relata hipersensibilidade a sons, restrições alimentares severas e dificuldade de socialização.
“Eu era muito reativo. Barulhos, texturas, cheiros, tudo era demais. Falar em público? Impossível. Comer certos alimentos? Nem pensar.”
A sobrecarga sensorial, combinada com a dor física crônica, tornava o cotidiano uma sucessão de barreiras. Atividades simples, como sair sozinho ou fazer uma refeição com a família, eram evitadas. A palavra mais comum naquele momento era isolamento.
O início do tratamento com Cannabis
A decisão de buscar a Cannabis medicinal veio depois de perceber que os medicamentos convencionais estavam fazendo mais mal do que bem. Caio começou a pesquisar, ouviu relatos de outros pacientes, entrou em contato com profissionais especializados e, a partir desse caminho, conseguiu o suporte necessário para iniciar o tratamento com acompanhamento médico.
Com esse suporte, iniciou o tratamento à base de óleo com CBD e THC em proporções ajustadas, com 30 gotas diárias, divididas em três doses ao longo do dia.
“Uso 15 gotas de CBD e 15 de THC. De manhã, à tarde e à noite. Tudo com acompanhamento médico e com consultas regulares”, explica.
Redução de crises, retomada da vida
Desde o início do tratamento, as crises convulsivas diminuíram de forma radical. Antes semanais, hoje acontecem, no máximo, uma ou duas vezes por mês. A dor crônica passou a ser controlada sem o uso de opioides, e a mobilidade melhorou significativamente.
“Antes eu passava semanas internado. Hoje vou ao hospital no máximo duas ou três vezes por mês, e já com as dores mais controladas.”
As restrições alimentares causadas pela hipersensibilidade sensorial também recuaram. Caio voltou a tolerar e consumir alimentos que antes não conseguia sequer tocar. E, com isso, o ganho em nutrição, energia e disposição também foi visível.
“Passei a comer melhor, dormir melhor, interagir com mais naturalidade. A ansiedade caiu muito. Até minha concentração melhorou.”
Estagnação do vitiligo e equilíbrio emocional
Outra condição que acompanha Caio é o vitiligo, uma doença autoimune fortemente associada ao estresse. Desde que começou o tratamento com Cannabis, ele percebeu que as manchas deixaram de se espalhar.
“O vitiligo estagnou. Não se espalhou mais pelo corpo. Acho que foi o controle emocional, a redução da ansiedade. Tudo se estabilizou.”
O efeito colateral positivo mais difícil de medir, mas fácil de sentir, foi a construção de algo que Caio não via fazia tempo: autonomia.
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Preconceito, resistência e mudança de percepção
Como ocorre com muitos pacientes que optam pela Cannabis medicinal, o início do tratamento veio acompanhado de uma certa resistência. Familiares, amigos e até profissionais de saúde demonstraram desconfiança. Mas o impacto prático na saúde de Caio reverteu essa percepção com o tempo.
“Hoje quem me julgava me apoia. E tem gente que começou a usar também depois de ver minha evolução.”
Um momento que virou símbolo
Entre os episódios mais marcantes desde o início da terapia, um se destaca: uma crise de ansiedade intensa, que evoluiu para uma paralisia do lado direito do corpo. Sintomas semelhantes a um AVC. Com o uso emergencial do óleo de Cannabis, os movimentos voltaram.
“Foi um susto. Meu rosto paralisou, meu braço também. Mas com o uso do óleo, os músculos relaxaram e os sintomas regrediram. Aquilo foi decisivo pra mim.”
Caio não romantiza a Cannabis. Sabe que não é cura, nem fórmula mágica. Mas também não tem dúvidas sobre o que conquistou com ela.
Hoje: menos dor, mais autonomia
Cinco anos após iniciar o tratamento, Caio vive com mais autonomia do que jamais imaginou. Sai de casa desacompanhado, socializa com mais segurança, consome alimentos variados, lida melhor com as emoções e sente que voltou a participar da própria vida.
“Eu não estou livre da dor, mas ela não me domina mais. Tenho mais liberdade, mais clareza, mais controle. Eu vivo melhor. E isso faz toda a diferença”, finaliza.
Importante!
O uso medicinal da Cannabis é permitido no Brasil mediante prescrição médica e acompanhamento profissional. Quer saber se esse tratamento é indicado para você? Agende sua consulta agora em nossa plataforma.