Em busca de uma rotina mais equilibrada, cresce o número de pessoas que adotam novos hábitos: mais atividade física, menos sedentarismo e uma alimentação considerada mais saudável. No entanto, muitas pessoas acabam associando alimentos “ricos em proteínas” a algo automaticamente “saudável”, o que nem sempre é verdade.
Um levantamento do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) revelou que boa parte dos alimentos hiperproteicos vendidos como aliados do bem-estar, como snacks, sopas instantâneas e petiscos “fit”, são, na verdade, ultraprocessados cheios de aditivos, espessantes, aromatizantes e ingredientes que passam longe de uma alimentação realmente equilibrada.
Nesse contexto, dois estudos ganharam destaque ao investigar uma alternativa simples e promissora: a inclusão de farinha de semente de cânhamo na produção de pães. Essa farinha é obtida de um ingrediente natural e pouco processado, e os resultados indicam que ela pode melhorar tanto o valor nutricional quanto a qualidade dos pães.
Farinha de cânhamo no pão
O primeiro estudo, Enhancing wheat-bread with hemp flour: Impact on chemical, volatile, and sensory properties, publicado na revista Food Research International, avaliou a inclusão de farinha residual de cânhamo, um subproduto da extração de óleo. Os pesquisadores testaram três proporções diferentes na massa: 10%, 15% e 25% de substituição da farinha de trigo.
Os resultados mostraram que o cânhamo elevou significativamente o valor nutricional do produto final: quanto maior a inclusão de cânhamo, maior o teor de proteínas, fibras e lipídios no pão. As formulações com 10% e 15% se destacaram como as mais equilibradas, pois mantiveram boa estrutura, aumentaram o volume e resultaram em textura mais macia e agradável ao paladar. Já a variação com 25%, embora mais nutritiva, deixou a massa mais densa e reduziu o volume final.
Além disso, os cientistas ressaltaram que todas as versões com cânhamo foram bem aceitas sensorialmente, apresentando sabor suave, coloração ligeiramente mais escura e textura úmida. Na prática, isso mostra que é possível enriquecer o pão com nutrientes naturais sem prejudicar a experiência de consumo.

Pão mais macio por mais tempo com cânhamo
O segundo estudo, Hemp flour in breadmaking: circularity and opportunities for bread quality and stability during storage, publicado na revista European Food Research & Technology, comparou dois tipos de farinha:
- Farinha integral de cânhamo, obtida da semente;
- Farinha residual de cânhamo, semelhante à utilizada no primeiro estudo.
Ambas foram testadas em três níveis: 10%, 20% e 30%.
Os pesquisadores observaram que, independentemente do tipo, a farinha de cânhamo melhorou a maciez inicial e modificou positivamente a estrutura interna dos pães. As formulações com 20% e 30% de farinha integral de cânhamo apresentaram resultados especialmente interessantes ao longo de sete dias de armazenamento: a textura se manteve estável por mais tempo e o pão endureceu mais lentamente.
As versões com farinha residual também tiveram bons resultados na conservação, especialmente nas primeiras 24 horas. Esse efeito foi associado à redução da retrogradação do amido, processo responsável por deixar o pão seco e rígido com o passar dos dias.
No balcão da padaria, o cânhamo não só torna o pão mais nutritivo, como também ajuda a manter a sensação de frescor por mais tempo.
Conclusões dos dois estudos
Ambos trabalhos foram realizados por pesquisadores da Universidade de Parma, na Itália, e, apesar das abordagens diferentes, chegaram a conclusões semelhantes:
- Mais maciez logo após o preparo: todos os pães com farinha de cânhamo ficaram mais macios do que os tradicionais.
- Pão macio mais tempo: o cânhamo retardou o endurecimento, ampliando a vida útil e a qualidade sensorial ao longo dos dias.
O potencial das sementes de cânhamo
As sementes de cânhamo e seus derivados, como a farinha e o óleo, são matéria-prima em diversos países por seu perfil nutricional rico em proteínas e gorduras saudáveis. Esses nutrientes estão presentes dentro de uma matriz natural, com interações que ultraprocessados não conseguem reproduzir.
Essa diferença é fundamental: consumir alimentos hiperproteicos ultraprocessados não equivale a ingerir proteínas de fontes naturais, como leguminosas, oleaginosas e carnes. Nessas opções, as proteínas vêm acompanhadas de fibras, minerais e compostos bioativos que atuam de forma complementar no organismo
Sem a presença de canabinoides como CBD e THC, estudos indicam que o óleo de semente de cânhamo pode contribuir para:
- Acelerar a cicatrização de feridas,
- Reduzir coceira e inflamação na dermatite atópica,
- Equilibrar a microbiota intestinal em casos de colite ulcerativa.

Uso regulado de derivados da Cannabis
Apesar do potencial, produtos alimentares à base de semente de cânhamo ainda não estão disponíveis no Brasil. Por outro lado, o uso terapêutico dos canabinoides, compostos ativos da Cannabis, é legal de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde que com acompanhamento médico.
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