Início

Quando o corpo muda, a conversa precisa mudar: por que a Cannabis medicinal entra no capítulo da menopausa?

Quando o corpo muda, a conversa precisa mudar: por que a Cannabis medicinal entra no capítulo da menopausa?

“A Cannabis medicinal surge como uma opção que precisa ser investigada com rigor científico. Justamente porque muitas mulheres não podem ou não querem usar hormônios, e merecem alternativas baseadas em evidências, não em preconceito”, afirma a médica ginecologista Dra. Fabiane Berta.

Publicado em

1 de dezembro de 2025

• Revisado por

Fala, escreve e pesquisa sobre Cannabis, saúde e bem-estar. Mestre em Comunicação e Cultura, com passagem pela Unesco, já produziu milhares de histórias e conversas que mostram como a Cannabis transforma vidas. Mãe de dois, acredita em um mundo onde conhecimento e consciência caminham junto da planta.

A menopausa, também conhecida por climatério, deixa de ser silêncio e ganha voz por meio de mulheres, ciência e novas terapias como a Cannabis medicinal. Mas você conhece alguém que está passando por esta fase? Certamente sim, e, arrisco a dizer que você não deve saber. O assunto ainda é cercado de tabus. Não é para menos, a travessia é íntima, profunda, e, até pouco tempo atrás, solitária.

Por exemplo, foi o caso da apresentadora Fernanda Lima, que recebeu o diagnóstico de menopausa há dois anos. O impacto foi tão grande que ela transformou a experiência em propósito: criou um podcast cuja primeira temporada mergulhou no universo da menopausa. “Foi um assunto que invadiu a minha vida e mudou meu corpo, meu espírito e minha mente”, relatou Fernanda. Nas conversas, ela reúne mulheres que admira e especialistas para discutir tudo aquilo que gostaria de ter ouvido antes, porque assim como acredito, informação também é cuidado.

Assim como ela, um número crescente de brasileiras têm buscado respostas, acolhimento e tratamentos que atendam às suas necessidades. E, inclusive opções integrativas e baseadas em ciência, como a Cannabis medicinal. Nos últimos anos, evidências têm apontado o potencial de fitocanabinoides no manejo de sintomas como insônia, irritabilidade, dor crônica e até alterações cognitivas, abrindo caminhos antes ignorados dentro da saúde feminina.

“O maior desafio da mulher brasileira na menopausa é ser tratada como invisível”, afirma a médica ginecologista Dra. Fabiane Berta

Conversamos com a especialista sobre a fase que hoje no Brasil 30 milhões de mulheres passam. Porém, apenas 52% buscam tratamento, e só 22% têm acesso à terapia hormonal. Os dados são do estudo ReNEW, coordenado por ela, que revelam diferenças marcantes entre regiões e grupos raciais, desde intensidade dos sintomas até acesso ao cuidado.

Nesse contexto, a especialista observa que a Cannabis medicinal surge como alternativa importante para mulheres que não podem ou não desejam fazer terapia hormonal. Mas isso, desde que apoiada em rigor clínico e não em promessas infundadas.

Por que cresce o interesse das mulheres pela Cannabis na menopausa?

O interesse pelo uso terapêutico da Cannabis medicinal na menopausa cresce à medida que novos estudos sugerem seu potencial para aliviar sintomas como ondas de calor, distúrbios do sono, irritabilidade, dor crônica e alterações metabólicas. Pesquisas indicam que canabinoides como o CBD e o THC modulam mecanismos ligados ao Sistema Endocanabinoide (SEC), um regulador chave de processos hormonais, emocionais e de percepção da dor.

Nesse cenário, especialistas em saúde da mulher têm desempenhado papel central na tradução segura e responsável desse conhecimento. Entre elas está a médica Dra. Berta, uma das vozes mais influentes no debate contemporâneo sobre climatério, terapias integrativas e inovação científica na saúde feminina.

“O SEC regula exatamente aquilo que a mulher perde quando o estrogênio declina”: O Sistema Endocanabinoide como protagonista da menopausa

Para a Dra. Berta, o SEC é um eixo fisiológico crítico e ainda subestimado na compreensão da menopausa. Ela explica que o estrogênio modula a enzima FAAH, responsável por degradar a anandamida, um dos principais endocanabinoides humanos. Com a queda hormonal, ocorre uma desordem do tônus endocanabinoide, repercutindo em humor, sono, memória, dor e termorregulação.

Receptores CB1 e CB2 estão distribuídos no hipotálamo, no sistema límbico e no córtex pré-frontal, áreas diretamente afetadas durante o climatério. Segundo a médica, fitocanabinoides como o CBD podem atuar como moduladores alostéricos capazes de amenizar parte desse desequilíbrio.

Menopausa

Sono: o sintoma mais negligenciado e aquele que mais pode melhorar com o CBD

A insônia é um dos sintomas mais debilitantes do climatério, influenciando humor, cognição, metabolismo e risco cardiovascular. E segundo a médica, é também o quadro com melhor resposta à Cannabis.

Pesquisas reforçam essa observação: estudo de Harvard (Menopause, 2022) mostrou que 67% das mulheres usuárias de Cannabis buscavam alívio para distúrbios do sono e relataram melhora. O CBD atua modulando receptores serotoninérgicos, reduzindo cortisol e aumentando anandamida, enquanto baixas doses de THC podem reduzir a latência do sono.

Quais sintomas mais respondem à Cannabis medicinal?

A Dra. Berta diferencia expectativas de evidências: “Os fitocanabinoides não são bala de prata para todos os sintomas da menopausa. Mas para alguns, são notavelmente eficazes”.

Segundo ela, os melhores resultados são observados em:

  • Insônia e despertares noturnos
  • Ansiedade e irritabilidade
  • Dores musculoesqueléticas
  • Névoa mental (fog mental)

Ela cita, por exemplo, pesquisa da UFRGS mostrando que o CBD reverte déficits cognitivos em modelos animais com deficiência estrogênica. Em contrapartida, lembra que os fogachos têm resposta limitada aos canabinoides, e a terapia hormonal permanece padrão-ouro para sintomas vasomotores intensos.

THM + Cannabis: combinação possível, mas requer cautela

Embora faltem ensaios clínicos sobre o uso combinado de Terapia Hormonal da Menopausa (THM) e canabinoides, a médica aponta considerações importantes:

  • CBD e estrogênios orais compartilham vias metabólicas no citocromo P450, o que exige cautela.
  • A via transdérmica de estrogênio é preferível em pacientes que desejam combinar tratamentos.
  • A associação pode ser útil para insônia, ansiedade e dores persistentes apesar da THM.
  • Pacientes com arritmias, transtornos psiquiátricos graves ou necessidade de medicações de janela terapêutica estreita devem evitar certas combinações.

Leia na íntegra nossa entrevista com Dra. Berta.

Nos últimos anos, estudos vêm apontando o Sistema Endocanabinoide como um regulador importante da função hormonal. Na prática clínica, como a Dra. vê a relação entre o SEC e os sintomas da menopausa, como alterações do humor, do sono e da temperatura corporal? 

O Sistema Endocanabinoide (SEC) é talvez o sistema de comunicação celular mais negligenciado na formação médica — e um dos mais importantes para entender a menopausa. Estamos diante de um sistema que regula exatamente aquilo que a mulher perde controle quando o estrogênio declina: termorregulação, sono, humor, cognição e dor. 

A relação é bidirecional e profunda. O estrogênio modula a expressão da enzima FAAH (fatty acid amide hydrolase), que degrada a anandamida — nosso “canabidiol endógeno”. Quando o estrogênio cai na menopausa, há uma disfunção do tônus endocanabinoide. É como se o corpo perdesse sua capacidade de “se autorregular” emocionalmente e termicamente. 

Na prática clínica, isso se traduz naquela paciente que relata: “Dra., eu não me reconheço mais. Durmo mal, acordo irritada, tenho ondas de calor que parecem vulcões e minha memória virou peneira.” Não é exagero — é bioquímica. 

O SEC possui receptores CB1 e CB2 distribuídos no hipotálamo (centro termorregulador), no sistema límbico (centro emocional), no córtex pré-frontal (memória e cognição) e na amígdala (ansiedade). A menopausa desestabiliza todo esse circuito. Os fitocanabinoides, especialmente o CBD, podem atuar como moduladores alostéricos, restaurando parte desse equilíbrio perdido”. 

Quais são os principais desafios das brasileiras na menopausa?

“O maior desafio da mulher brasileira na menopausa é ser tratada como invisível em um sistema de saúde que ainda não compreendeu que ela existe. Temos cerca de 30 milhões de mulheres no climatério e menopausa no Brasil, segundo o IBGE — quase 30% da população feminina. Mais de 70% delas apresentam sintomas significativos, mas apenas 52% buscam algum tratamento. E entre as que tratam, meros 22% têm acesso à terapia hormonal. A maioria recorre a antidepressivos, fitoterápicos ou simplesmente sofre em silêncio. 

O estudo ReNEW, que coordeno — o primeiro registro nacional de menopausa do Brasil, com mulheres das 27 capitais — revelou algo que deveria chocar qualquer gestor de saúde: a menopausa tem sotaque no Brasil. A mulher negra, nordestina, de baixa renda, tem uma experiência completamente diferente da mulher branca do Sudeste. Os sintomas são mais intensos, o acesso é mais precário, e o estigma é maior. 

A menopausa foi excluída do SUS por décadas. Só recentemente temos projetos de lei tramitando no Senado para garantir acesso à terapia hormonal. A mulher brasileira enfrenta não apenas os fogachos, a insônia e as dores articulares, mas também um sistema que a manda “tomar um chá” ou “aceitar que isso é da idade”. 

A Cannabis medicinal surge nesse contexto como uma opção que precisa ser investigada com rigor científico — justamente porque muitas mulheres não podem ou não querem usar hormônios, e merecem alternativas baseadas em evidências, não em preconceito“. 

Pesquisas internacionais sugerem que a Cannabis pode ajudar na insônia e nos distúrbios do sono relacionados ao climatério, especialmente por meio do CBD (Frontiers in Psychology). Quais são os benefícios que a Dra. observa nesse uso? 

“O sono é provavelmente o sintoma mais negligenciado e mais devastador da menopausa — e aquele em que o CBD demonstra seus efeitos mais consistentes. A insônia do climatério não é um problema isolado. Ela tem uma cascata de consequências: piora do humor, da cognição, da imunidade, do metabolismo e do risco cardiovascular. Uma mulher que dorme mal na menopausa tem mais fogachos no dia seguinte, mais irritabilidade, mais névoa mental. É um ciclo vicioso. 

O estudo de Harvard publicado na revista Menopause (Dahlgren et al, 2022) avaliou 258 mulheres na perimenopausa e pós-menopausa: 67% das usuárias de cannabis relataram uso específico para distúrbios do sono, sendo este o principal motivo de uso. E relataram melhora. 

O CBD atua em múltiplos mecanismos: modula receptores 5-HT1A (serotoninérgicos), reduz o cortisol, aumenta os níveis de anandamida por inibição da FAAH, e tem propriedades ansiolíticas que facilitam a transição para o sono. O THC, em doses baixas e controladas, pode reduzir a latência do sono — ou seja, a mulher adormece mais rápido. 

O diferencial do tratamento canabinoide é que ele não causa dependência química como os benzodiazepínicos, não gera ressaca como os Z-drugs, e não suprime o sono REM de forma significativa. Para uma mulher que acorda 5 vezes por noite com suores, isso é transformador. 

Mas é fundamental: isso não é automedicação. É prescrição médica individualizada, com acompanhamento, ajuste de doses e formulações adequadas”.

O Menopause Journal registrou que a maioria das pacientes que utilizam Cannabis relatam melhora em sintomas como dor, irritabilidade e ondas de calor. Em sua experiência, quais são os quadros que mais respondem ao tratamento com fitocanabinoides? 

Vou ser honesta: os fitocanabinoides não são a bala de prata para todos os sintomas da menopausa. Mas para alguns, são notavelmente eficazes. 

Na minha experiência e na literatura, os quadros que melhor respondem são: 

  1. Insônia e despertares noturnos: É o sintoma com melhores taxas de resposta. A maioria das pacientes relata melhora já nas primeiras semanas. 
  2. Ansiedade e irritabilidade: O estudo de Harvard mostrou que 46% das usuárias relataram melhora significativa. O CBD tem propriedades ansiolíticas bem documentadas, e isso é particularmente relevante na perimenopausa, quando as flutuações hormonais geram uma “montanha-russa emocional”. 
  3. Dores musculoesqueléticas: A menopausa traz uma sarcopenia e uma perda óssea que se traduzem em dores articulares. O CBD tem ação anti-inflamatória via receptores CB2 e inibição de citocinas pró-inflamatórias. Muitas pacientes com fibromialgia ou osteoartrite associadas relatam alívio. 
  4. Névoa mental: O estudo brasileiro da UFRGS (Corrêa et al, 2021) demonstrou em modelos animais que o CBD reverteu déficits de memória causados pela deficiência estrogênica. É promissor, mas precisamos de ensaios clínicos em humanas. 

E os fogachos? Aqui sou cautelosa. O estudo de Harvard mostrou que as ondas de calor não foram o sintoma com melhor resposta. Isso faz sentido biológico: o hipotálamo, centro termorregulador, não parece ser tão responsivo aos canabinoides quanto as áreas corticais e límbicas. Para fogachos intensos, a terapia hormonal continua sendo o padrão-ouro”. 

Uma preocupação comum é a interação entre Cannabis medicinal e terapias hormonais. O que a ciência já sabe sobre a combinação entre fitocanabinoides e a Terapia Hormonal da Menopausa (THM)? Existem casos em que o uso combinado pode ser benéfico — ou não recomendado? 

“Esta é uma pergunta crítica — e preciso dizer que a ciência ainda está devendo respostas definitivas. Não existem ensaios clínicos randomizados avaliando especificamente a combinação THM + canabinoides. Mas podemos fazer algumas considerações baseadas em farmacologia e prudência clínica. O que sabemos: O CBD é metabolizado pelo citocromo P450, especialmente CYP3A4 e CYP2C19. Os estrogênios orais também passam por essa via. Teoricamente, pode haver interação farmacocinética, com alteração dos níveis séricos de um ou ambos os compostos. Por isso, recomendo cautela com doses elevadas de CBD em pacientes usando estrogênio oral. 

A via transdérmica de estrogênio minimiza essa preocupação, pois evita o metabolismo de primeira passagem hepática. Se a paciente deseja usar ambas as terapias, a combinação mais segura seria: estrogênio transdérmico + CBD em doses moderadas. Quando pode ser benéfico?  Para mulheres que usam THM mas ainda têm sintomas residuais — especialmente insônia, ansiedade ou dores — o CBD pode ser um adjuvante interessante. A THM é excelente para fogachos e prevenção de osteoporose, mas nem sempre resolve completamente os sintomas neuropsicológicos. Nesses casos, a combinação pode ser sinérgica. 

Quando evitar? Mulheres com histórico de arritmias, transtornos psiquiátricos graves ou uso de medicações com estreita janela terapêutica devem ser avaliadas com extremo cuidado. O THC, em particular, pode ter efeitos cardiovasculares e psicomiméticos que contraindicam seu uso em determinadas populações”. 

Ainda existe desinformação entre mulheres sobre a segurança do uso da Cannabis medicinal. Quais critérios clínicos a senhora considera essenciais antes de indicar fitocanabinoides no tratamento da menopausa? E quais sinais mostram que esse tratamento pode ser realmente adequado? 

“Antes de qualquer prescrição, preciso ser clara: a NAMS (North American Menopause Society), no seu Position Statement de 2023, não recomenda canabinoides para tratamento de sintomas vasomotores devido à insuficiência de evidências de nível I. E concordo que precisamos de mais ensaios clínicos randomizados. 

Dito isso, a medicina não é feita apenas de position statements — é feita de pacientes reais com necessidades reais que não podem esperar décadas por ensaios perfeitos. Meus critérios para considerar a indicação: Falha ou contraindicação a tratamentos de primeira linha: Mulheres que não podem usar THM (história de câncer de mama, tromboembolismo, doença hepática) ou que não responderam adequadamente. 

Sintoma predominante responsivo a canabinoides: Insônia, ansiedade, dor crônica — estes sim têm plausibilidade biológica e dados observacionais favoráveis. Ausência de contraindicações absolutas: Histórico de psicose, arritmias graves, uso de anticoagulantes com estreita janela terapêutica. Paciente informada e engajada: Que compreende tratar-se de um tratamento com evidências em construção, não uma panaceia. Acompanhamento médico rigoroso: Prescrição por profissional capacitado, início com doses baixas, titulação gradual, reavaliação frequente. 

Sinais de que o tratamento pode funcionar: Paciente com queixa principal de insônia resistente a higiene do sono e melatonina. Ansiedade que não justifica antidepressivo, mas afeta qualidade de vida. Dores articulares com contraindicação a anti-inflamatórios. Desejo de alternativas não hormonais por escolha informada.

O pior cenário é a paciente que se automedica com produtos sem procedência, sem dosagem padronizada, sem acompanhamento. Isso não é Cannabis medicinal — é roleta russa. A regulamentação da ANVISA existe para proteger, não para burocratizar. 

A Cannabis medicinal não substitui a terapia hormonal para quem pode e deve usar. Mas pode ser uma aliada valiosa para quem precisa de alternativas — desde que com ciência, não com fé”.

Como começar um tratamento com Cannabis?

Aqui no Brasil, o uso medicinal da Cannabis é possível desde que tenha a prescrição de um médico ou dentista. Acessando a nossa plataforma de agendamentos você pode marcar uma consulta com um profissional da saúde experiente na prescrição desse tipo de tratamento.

Compartilhe:

Fala, escreve e pesquisa sobre Cannabis, saúde e bem-estar. Mestre em Comunicação e Cultura, com passagem pela Unesco, já produziu milhares de histórias e conversas que mostram como a Cannabis transforma vidas. Mãe de dois, acredita em um mundo onde conhecimento e consciência caminham junto da planta.

O Cannabis& Saúde é um portal de jornalismo, que fornece conteúdos sobre Cannabis para uso medicinal, e, preza pelo cumprimento legal de todas as suas obrigações, em especial a previsão Constitucional Federal de 1988, dos seguintes artigos. Artigo 220, que estabelece que a liberdade de expressão, criação, informação e manifestação do pensamento não pode ser restringida, desde que respeitados os demais dispositivos da Constituição.
Os artigos seguintes, até o 224, tratam de temas como a liberdade de imprensa, a censura, a propriedade de empresas jornalísticas e a livre concorrência.

Agende agora uma consulta com um médico prescritor de Cannabis medicinal

Consultas a partir de R$ 200,00

Agende agora uma consulta com um médico prescritor de Cannabis medicinal

Consultas a partir de R$ 200,00

Posts relacionados

Colunas em destaque

Inscreva-se para não perder nenhuma atualização do portal Cannabis e Saúde

Posts relacionados

Agende agora uma consulta com um médico prescritor de Cannabis medicinal

Consultas a partir de R$ 200,00

Você também pode gostar destes posts: