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Cannabis medicinal desponta como alternativa em transtornos mentais complexos

Cannabis medicinal desponta como alternativa em transtornos mentais complexos

Com um olhar que combina ciência e experiência de vida, a médica Dra. Cinthia Valadão trouxe à tona um tema delicado e ainda pouco explorado: o papel da Cannabis medicinal no manejo do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e do Transtorno Afetivo Bipolar (TAB).

Publicado em

4 de setembro de 2025

• Revisado por

Fala, escreve e pesquisa sobre Cannabis, saúde e bem-estar. Mestre em Comunicação e Cultura, com passagem pela Unesco, já produziu milhares de histórias e conversas que mostram como a Cannabis transforma vidas. Mãe de dois, acredita em um mundo onde conhecimento e consciência caminham junto da planta.

live

Na live Borderline e Bipolaridade: Como a Cannabis Pode Ajudar?, a médica Dra. Cinthia Valadão abriu a conversa com um relato pessoal que rompeu a barreira entre clínica e vivência.

“Tive o diagnóstico de TDAH e bipolaridade tipo 2. A Cannabis foi a melhor medicação ansiolítica da minha vida. Senti uma plenitude tão grande que percebi: precisava compartilhar isso com meus pacientes. Além de prescritora, sou também paciente de Cannabis”, contou, estabelecendo uma conexão imediata entre sua trajetória e a prática médica.

A frase, mais do que um depoimento pessoal, traduz um movimento crescente: médicos que não apenas estudam a Cannabis, mas que também vivenciam seus efeitos como pacientes

Esse cruzamento entre ciência e experiência confere legitimidade e empatia, aproximando profissionais de saúde das angústias que seus próprios pacientes enfrentam.

O peso dos transtornos

“Os transtornos de personalidade borderline e afetivo bipolar possuem características distintas, apesar de apresentarem sintomas semelhantes. Diferenciar entre eles é um desafio clínico que exige observação cuidadosa do histórico do paciente”, pontuou.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) afeta cerca de 40 milhões de pessoas no mundo, sendo considerado uma das dez maiores causas de incapacidade global. O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), por sua vez, atinge entre 1,6% e 5,9% da população geral, de acordo com a American Psychiatric Association (APA), e está fortemente associado a comportamentos autodestrutivos e tentativas de suicídio.

Ambos representam condições de alta complexidade, que frequentemente exigem acompanhamento multiprofissional, uso de medicações e intervenções terapêuticas.

“O paciente com bipolaridade enfrenta um sofrimento invisível, marcado por crises cíclicas que nem sempre são compreendidas pela sociedade. Já no borderline, a dor é contínua que afeta vínculos e a autoestima”.

TAB x Borderline: diferenças fundamentais

Apesar de apresentarem sintomas que se confundem, como impulsividade e alterações de humor, bipolaridade e borderline são transtornos distintos.

O TAB é um transtorno de humor episódico, caracterizado por fases bem definidas de mania, hipomania e depressão. Entre os episódios, o paciente pode experimentar períodos de relativa estabilidade. Já o TPB é um transtorno de personalidade, em que a instabilidade emocional é quase contínua, marcada por padrões persistentes de impulsividade, medo de abandono, relacionamentos instáveis e sensação crônica de vazio.

Essa diferenciação é essencial para o tratamento. Enquanto o TAB responde melhor a estabilizadores de humor e, em alguns casos, à Cannabis de forma controlada, o borderline costuma exigir psicoterapias específicas, como a Terapia Comportamental Dialética (DBT), podendo se beneficiar de fitocanabinoides como suporte para reduzir impulsividade e ansiedade.

Cannabis e bipolaridade: cautela e acompanhamento médico

A médica fez questão de reforçar as nuances no uso da Cannabis para pacientes com TAB:

“O uso de Cannabis no tratamento do transtorno afetivo bipolar requer cuidado com o THC, já que pode agravar episódios de mania e psicose nos casos de bipolaridade tipo 1. Eu sou tipo bipolar 2 e uso o THC assistido, com acompanhamento médico. Porém, de fato, o CBD é a molécula mais indicada pelos seus efeitos estabilizadores de humor e ansiolíticos.”

Pesquisas confirmam essa necessidade de atenção. Uma meta-análise publicada no Frontiers in Psychiatry (2023) analisou cinco estudos prospectivos com 13.624 indivíduos e concluiu que o uso indiscriminado de Cannabis pode aumentar em até 2,6 vezes o risco de episódios maníacos em pacientes bipolares tipo 1. Por outro lado, estudos clínicos destacam que o CBD apresenta efeitos protetores, podendo auxiliar no sono, na ansiedade e na estabilização do humor em casos mais controlados.

Borderline: esperança em novos tratamentos

Se no TAB o uso precisa ser monitorado, no borderline não é diferente e os resultados são mais animadores.

“Tenho visto relatos consistentes no consultório. A Cannabis ajuda a dar estabilidade emocional, reduz a ansiedade e favorece a adesão às terapias convencionais. Não é uma cura milagrosa, mas é um suporte real para quem enfrenta uma dor psíquica constante”, relatou a médica.

A ciência acompanha essa percepção. Pesquisadores do Reino Unido e da Colômbia publicaram em 2023 um estudo que testou produtos à base de Cannabis em pacientes borderline. O trabalho concluiu que tanto o THC quanto o CBD contribuíram para reduzir sintomas como impulsividade e estresse emocional, além de melhorar indicadores de bem-estar. A publicação ganhou destaque no setor de saúde mental por apontar um novo horizonte para um transtorno historicamente de difícil manejo.

Estudo: Cannabis é eficaz no tratamento do transtorno de personalidade borderline

“A Cannabis tem mostrado eficácia em sintomas relacionados ao transtorno borderline, regulando neurotransmissores e reduzindo compulsões. É uma alternativa complementar, mas não substitui os tratamentos convencionais”, frisou Dra. Cinthia.

Diferenças do uso da Cannabis em relação aos alopáticos

Na comparação entre fármacos tradicionais e fitocanabinoides, a médica trouxe reflexões importantes:

“Os alopáticos são fundamentais, mas frequentemente vêm acompanhados de efeitos colaterais. Já a Cannabis, quando bem indicada, pode reduzir a carga medicamentosa e minimizar os efeitos adversos. Além de ser segura. Não se trata de excluir o que já existe, mas de integrar. A Cannabis amplia as possibilidades terapêuticas e devolve qualidade de vida ao paciente.”

Esse caráter personalizável — com ajuste de doses, combinações de moléculas e formas de administração — se mostra como um diferencial importante frente ao modelo tradicional, que muitas vezes aplica protocolos uniformes sem contemplar a singularidade do paciente.

Cannabis e o futuro da saúde mental

Encerrando a live, Dra. Cinthia fez uma defesa da medicina mais humanizada:

“A Cannabis representa uma medicina que acolhe, que respeita a singularidade de cada paciente e que se conecta com a vida real. O futuro da saúde mental passa por terapias mais individualizadas e menos engessadas. E os fitocanabinoides como o THC e o CBD podem ser protagonistas desse caminho.”

A nossa conversa na live mostrou que a Cannabis medicinal não é uma solução única nem uma cura, mas surge como um vetor de inovação em um campo que ainda carece de abordagens eficazes para condições como o TAB e o TPB. O fio condutor da fala da médica é claro: mais ciência, mais cautela e mais humanidade no tratamento da saúde mental.

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