O líquen escleroso é uma doença crônica e autoimune que afeta a pele, principalmente da vulva e da região anal. Embora a condição seja mais comum em mulheres, homens também podem ser afetados, mas de forma mais rara. A doença provoca lesões que, se não tratadas adequadamente, podem causar danos permanentes, como o estreitamento do canal vaginal e até a fusão dos lábios vaginais, dificultando o ato sexual. Além disso, o líquen escleroso está associado a um aumento do risco de câncer na região genital.
Para entender mais sobre a doença e as opções de tratamento, conversamos com a Dra. Vanessa Matalobos, que explicou não apenas os principais sintomas e efeitos dessa condição, mas também como a Cannabis medicinal pode se tornar uma alternativa importante no tratamento especialmente para pacientes que não podem usar corticoides continuamente.
O que é o líquen escleroso?
O líquen escleroso é uma condição autoimune que causa lesões esbranquiçadas na pele da vulva e, em menor grau, do ânus. “Embora possa ocorrer também em homens, as mulheres são muito mais afetadas, com uma prevalência de até 10 vezes maior“, afirma a Dra. Vanessa. Ela destaca que a doença é mais comum em mulheres adultas, mas também pode surgir em meninas entre 1 e 13 anos, embora de maneira rara.
Sem tratamento, as lesões evoluem, deixando a vulva mais fina e causando outras alterações anatômicas. “Em casos mais avançados, os pequenos e grandes lábios podem se fundir, o que impossibilita o ato sexual”, explica a médica. Esse estreitamento da região genital é um dos maiores desafios do líquen escleroso e pode levar a complicações graves.
Tratamento
O tratamento padrão para o líquen escleroso envolve o uso de glicocorticoides tópicos, que são a única opção disponível. No entanto, a Dra. Vanessa destaca que esses medicamentos têm limitações importantes. “Quando usamos corticoides tópicos potentes, pode ocorrer maior atrofia da pele, e seu uso contínuo não é recomendado”, alerta.
Ela explica que o tratamento deve ser limitado a um período de seis a oito semanas, após o qual é necessário interromper o uso. “É fundamental monitorar os pacientes de perto para identificar sinais precoces de atrofia, tanto causados pelo corticoide quanto pela própria doença”, completa a médica.
O papel da Cannabis no tratamento de condições ginecológicas
Embora, segundo Dra. Vanessa Matalobos, a Cannabis medicinal ainda precise de mais pesquisas para ser amplamente reconhecida como uma terapia padrão, ela já adota a substância no tratamento de diversas condições ginecológicas. “Já utilizo a Cannabis em várias patologias femininas, como líquen escleroso, endometriose, esterilidade conjugal e também em pacientes oncológicas que não podem receber hormônios”, afirmou.
A médica destaca que, ao contrário de outros tratamentos, a Cannabis pode ser utilizada de forma contínua no manejo do líquen escleroso, sem os danos típicos de outras medicações. “A Cannabis é uma opção terapêutica promissora, com propriedades anti-inflamatórias eficazes, sem causar os efeitos colaterais dos corticoides. Ela ajuda a controlar os sintomas sem o risco de atrofia da pele, uma vantagem importante para quem está em tratamento contínuo”, explica Dra. Vanessa.
Como a Cannabis medicinal age no tratamento do líquen escleroso?
O diferencial da Cannabis no tratamento do líquen escleroso está na sua capacidade de se adaptar às necessidades do corpo. “A vagina e a vulva têm uma alta concentração de receptores para canabinoides, o que faz com que a Cannabis atue diretamente na redução da inflamação e no alívio dos sintomas”, diz a médica.
Além disso, pode ser utilizada de duas formas: tópica, diretamente sobre as lesões, ou oral, para um efeito mais sistêmico. Ambas as formas têm mostrado eficácia no controle da doença, reduzindo a dor, a coceira e as erosões que surgem nas fases mais avançadas do líquen escleroso. “O tratamento com Cannabis pode ajudar a evitar as complicações mais graves, como o fechamento do introito vaginal, e melhorar a qualidade de vida da paciente”, completa Dra. Vanessa.
Perspectivas futuras
“Sabemos que a Cannabis tem um grande potencial, especialmente porque a vulva é uma região do corpo que responde bem aos canabinoides. Ao utilizá-la precocemente, conseguimos evitar as complicações do líquen escleroso e garantir uma vida sexual mais saudável para a paciente”, conclui Dra. Vanessa.
Com a expansão das pesquisas sobre os benefícios da Cannabis medicinal, é possível que ela se consolide como uma alternativa eficaz e segura no tratamento do líquen escleroso, proporcionando uma nova abordagem para a gestão dessa condição autoimune.
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