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Fundos de investimento em Cannabis derretem

Fundos de investimento em Cannabis derretem

A falta de regulamentação do comércio da planta é uma das possíveis explicações para a queda de lucratividade. Ouvimos especialistas para explicar o assunto. Confira!

Publicado em

18 de agosto de 2023

• Revisado por

Jornalista especializada em política nacional. Pós-graduada em Assessoria em Comunicação Pública e Cannabis medicinal. Mestre em Ciência da Informação. Fundadora da InformaCANN. Correspondente em Brasília do Portal Cannabis & Saúde.

Fundos de Cannabis despencam mais de 70%

A desvalorização acumulada dos fundos de Cannabis ultrapassa 70%

Diversos relatórios sobre economia canábica (confira abaixo) indicam que o mercado legal da Cannabis se consolida em franco crescimento e expansão. Entretanto, quem investiu nas carteiras desse segmento amarga perdas que ultrapassam 70% do valor investido, desde que foram lançadas em 2019/2020.

Tanto o Fundo Empiricus Canabidiol, como o Fundo da XP, Trend Cannabis FIM, registraram desvalorização nos últimos dozes meses, respectivamente, de 57,48% e 52,03%.

Opera no negativo

A rentabilidade mensal também é negativa em 36,49% para o Fundo da Empiricus e 28,10% no caso da XP. No acumulado de 36 meses, o prejuízo é ainda mais significativo: 74,85% para a XP Investimentos, e o Fundo Canabidiol da Empiricus registra queda 76,85%, desde 2019.

Mas, se os números relativos ao comércio da Cannabis são sempre tão grandiosos, como mostram os relatórios das empresas especializadas, o que está acontecendo com esse tipo de patrimônio? É o que vamos tentar explicar.

O boom foi em 2021

De acordo com Rodrigo Knudsen, gestor de fundos da Empiricus Investimentos, o investimento no Fundo Canabidiol chegou a ter um ganho de 156% em 2021 – logo depois das votações que elegeram Joe Biden, presidente dos Estados Unidos.

Entretanto, como a agenda pró-Cannabis não avançou como o esperado, em termos nacionais, houve uma retração dos investimentos e os fundos começaram a despencar.

Leis nacionais não avançaram

Foto: abrace Esperança (PB)

Foto: abrace Esperança (PB)

A expectativa do mercado era de que o novo governo eleito nos EUA conseguisse aprovar, com rapidez, projetos de lei como o Secure and Fair Enforcement Act (Safe Banking Act) e o Marijuana Opportunity Reinvestment and Expungement Act (MORE Act).

De forma simplificada, a primeira proposta permite que o setor da Cannabis se integre ao sistema financeiro e tenha acesso – que hoje é negado – a todos os serviços do sistema bancário, que vão desde abrir uma simples conta corrente até obter empréstimos.

E a segunda, propõe excluir a Cannabis da lista de substâncias controladas do país, legalizando a planta e o seu comércio, tanto para o uso recreativo, como para o uso medicinal, em todo território nacional.

E a legalização federal?

Muito embora quase metade dos estados norte-americanos já tenha regulamentado o comércio da planta de forma local, nacionalmente, apenas o cultivo do cânhamo (hemp) – uma subespécie da Cannabis com baixíssimos teores de tetrahidrocanabinol (THC) – é legal naquele país.

Não podem usar os bancos

“Hoje, nos Estados Unidos, as empresas de Cannabis não conseguem operar pelo sistema financeiro, ou seja, não conseguem pagar e receber pelos bancos, por falta de uma regulamentação federal”, detalha.

Segundo o executivo, as empresas que fazem parte do Fundo Empiricus Canabidiol são todas sérias, mas enfrentam inúmeras dificuldades para vender seus produtos. E a demanda é atropelada pela falta de regulamentação, na avaliação do economista.

Afinal, o que são fundos de investimento?

São carteiras de investimento, em formas de aplicação, onde investidores se unem para viabilizar a criação de um fundo, sem personalidade jurídica, que funciona como uma espécie de condomínio.

Nessa associação, cada um objetiva gerar o maior lucro possível para os investidores com o menor risco possível. Esse patrimônio é dividido em cotas que valorizam ou desvalorizam, de acordo os investimentos realizados pelo gestor do fundo.

Quais empresas fazem parte do Fundo Canabidiol?

Atualmente, 19 empresas norte-americanas e canadenses compõe o Fundo Empiricus Canabidiol. Entre elas: a Tilray, a Curaleaf, a Greenthumb e a Inovaty Property.

As demais são mantidas em sigilo estratégico, segundo Rodrigo Knudsen, mas estão ligadas a todo o processo da cadeira produtiva da Cannabis e foram selecionadas, a dedo, pela equipe técnica da Empiricus Investimentos.

Para esse tipo de fundo apenas investidores qualificados podem assumir o risco. Isso significa dizer, que só é possível colocar se tornar um investidor nessa carteira, se a pessoa tiver mais de R$ 1 milhão em outras aplicações.

Trend Cannabis

Já o investimento Trend Cannabis, é aberto para qualquer um que queria apostar nesse segmento. Diferentemente, do modelo acima, o Trend Cannabis investe, de maneira passiva, num “ETF” (um fundo negociado na bolsa de valores) listado nos Estados Unidos.

Nesse tipo de ação, o fundo investe globalmente em ações de empresas relacionadas, direta ou indiretamente, ao processo de cultivo legal, indústrias farmacêuticas, empresas de marketing e distribuição de produtos de Cannabis, para fins tanto medicinais, quanto para o uso adulto.

Relatório Money Rider

No caso do fundo Canabidiol, sua criação, quase quatro anos atrás, foi embasada nas informações do relatório Money Rider (2019). Na parte que analisou o setor da Cannabis, o documento apresentava um cenário bastante promissor naquela ocasião.

Outros números também demonstram que esse comércio pode ser gigantesco. Dados da Prohibition Partners (2021), mostram que a economia da Cannabis, para uso medicinal no mundo e, especialmente na América Latina, vai movimentar mais de US$ 105 bilhões até 2026.

55,3 bilhões de dólares até 2024

Outro levantamento feito pela Clarivate Analytics e Derwent sobre Cannabis – Pesquisa, Inovação e Tendências de Mercado, projeta um mercado que deve impulsionar a economia em cerca de US$ 55,3 bilhões até 2024.

Já a norte-americana Mérida Capital Holdings, prospectou um mercado ainda mais grandioso, envolvendo também a fibra do cânhamo. Todas as possibilidades de uso da Cannabis, segundo o relatório, deverão injetar US$ 1 trilhão na economia global do planeta nos próximos quatro anos.

Alta de juros influenciam

Segundo o economista, Joaquim Cavalcante, as ações dos fundos canábicos também são impactadas pelo cenário de alta de juros na economia norte-americana.

“Como as empresas precisam de recursos para investir e crescer, a taxa de juros mais elevada pode ser crucial para as startups. A elevação na taxa de juros nos Estados Unidos tem um efeito cruel: aumenta a dívida das empresas, que ainda ficam sem caixa para girar”, observa.

Pode valorizar?

Para Cavalcante, quando ações estão em queda, há oportunidades interessantes de negócio. “Esse é um tipo de investimento de altíssimo risco. Então, se o investidor tem recurso sobrando e acredita a legalização da Cannabis, é possível que possa ganhar lá na frente”, analisa o economista.

Rodrigo Knudsen avalia de forma similar. “O comércio da Cannabis vai prosperar? Acreditamos que sim. Mas, não sabemos dizer quando. Então, para quem quiser fazer uma aposta, a dica é colocar pouco dinheiro”, ensina.

O economista Joaquim Cavalcante faz as contas e diz que investir hoje em fundos de Cannabis é dois terços mais barato do que três anos atrás. “Acredito que esse é um investimento a longo prazo. Ainda há muitas incertezas no próprio Brasil. Na minha visão, o mercado vai explodir”, conclui  o economista.

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O uso medicinal da Cannabis no Brasil já é regulado pela Anvisa por meio da Resolução da Diretoria Colegiada RDC 660 e  RDC 327, desde que haja prescrição médica.

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O Cannabis& Saúde é um portal de jornalismo, que fornece conteúdos sobre Cannabis para uso medicinal, e, preza pelo cumprimento legal de todas as suas obrigações, em especial a previsão Constitucional Federal de 1988, dos seguintes artigos. Artigo 220, que estabelece que a liberdade de expressão, criação, informação e manifestação do pensamento não pode ser restringida, desde que respeitados os demais dispositivos da Constituição.
Os artigos seguintes, até o 224, tratam de temas como a liberdade de imprensa, a censura, a propriedade de empresas jornalísticas e a livre concorrência.

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