Embora ainda não exista cura para a doença de Alzheimer, aliviar seus sintomas é fundamental para garantir mais qualidade de vida aos pacientes e tornar a rotina dos cuidadores menos sobrecarregada. A perda de memória, a confusão mental e a dependência progressiva são alguns dos desafios mais difíceis enfrentados por quem convive com a doença — seja diretamente ou ao lado de um familiar.
É nesse contexto que o canabidiol (CBD), um dos compostos da Cannabis, começa a ganhar destaque. Considerado seguro, ele vem sendo estudado por seus efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e de proteção dos neurônios. No caso do Alzheimer, essas propriedades podem ajudar a aliviar os sintomas e frear a progressão da doença, tornando o canabinoide um importante aliado.
Um estudo publicado na revista Alzheimer’s Research & Therapy trouxe evidências promissoras sobre o uso do CBD no tratamento de sintomas da doença. A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de Barcelona, demonstrou que o canabidiol atua em diversos mecanismos biológicos associados à condição, proporcionando alívio e indicando que ele pode transformar a rotina de pacientes e cuidadores.
O que é Alzheimer e por que ainda não tem cura
Alzheimer é a forma mais comum de demência no mundo. Ele provoca perda progressiva da memória, dificuldades cognitivas, alterações de humor e comportamento — comprometendo a independência e a qualidade de vida dos pacientes. Embora o envelhecimento seja o principal fator de risco, a causa exata da doença envolve uma combinação de fatores genéticos, ambientais e biológicos.
Cientistas já mapearam os principais fatores que agravam o Alzheimer:
- Acúmulo de placas de proteína beta-amiloide no cérebro
- Formação de emaranhados da proteína Tau hiperfosforilada (pTau)
- Inflamação crônica do tecido cerebral
- Excesso de radicais livres, levando ao estresse oxidativo
- Perda de sinapses e de neurônios, prejudicando a comunicação entre as células
Esses processos afetam regiões fundamentais do cérebro, como o hipocampo e o córtex, resultando na deterioração das funções cognitivas e, com o tempo, na morte de neurônios. Atualmente, os tratamentos disponíveis apenas controlam temporariamente os sintomas — sem impedir o avanço da doença.
As várias frentes de atuação do CBD nos sintomas do Alzheimer
O estudo testou os efeitos do canabidiol em modelos celulares e animais da doença de Alzheimer, com resultados promissores. Segundo os autores, o CBD atacou simultaneamente os principais mecanismos da doença, o que pode tornar os tratamentos convencionais mais eficazes. Abaixo, confira os principais efeitos observados pelos pesquisadores:
Redução das proteínas tóxicas no cérebro
O CBD diminuiu significativamente os níveis de beta-amiloide, Tau e pTau nas células nervosas. Além disso, impediu que essas proteínas se movimentassem entre diferentes neurônios — um processo que contribui para a propagação dos danos cerebrais.
Os pesquisadores observaram que o CBD reduziu em até 82% a formação da proteína Tau, uma das mais ligadas à progressão do Alzheimer, demonstrando efeito preventivo contra o agravamento dos sintomas.
Proteção dos neurônios e estímulo à regeneração
Uma das descobertas mais relevantes foi a capacidade do CBD de proteger os neurônios contra a morte celular. Em culturas de neurônios expostos à beta-amiloide e ao glutamato (substância associada à toxicidade cerebral), o canabidiol restaurou os níveis de sobrevivência celular.
Além disso, o CBD ajudou a recuperar a formação de neuritos — estruturas que conectam os neurônios e são essenciais para a comunicação entre células no cérebro. O canabinoide conseguiu reverter parcialmente a retração dessas conexões causadas pelas proteínas tóxicas.
Efeito antioxidante
Outro ponto positivo foi a capacidade do CBD de reduzir a formação de espécies reativas de oxigênio (ROS), que causam estresse oxidativo e danificam células. Esse efeito antioxidante ajuda a preservar a saúde do cérebro por mais tempo.
Controle da inflamação no cérebro
Em modelos animais que simularam as características do Alzheimer em estágio avançado, o CBD regulou a atividade da microglia, um tipo de célula do sistema imunológico cerebral. Em vez de permanecer em estado inflamatório, essas células passaram a agir de forma reparadora.
Além disso, o CBD reduziu a liberação da citocina pró-inflamatória IL-1β e aumentou a produção de IL-10, uma substância com efeitos anti-inflamatórios.
Melhora da memória e da cognição
Para verificar se os efeitos moleculares se traduziriam em benefícios comportamentais, os pesquisadores aplicaram testes de memória em camundongos com Alzheimer. No teste de reconhecimento de objeto novo (NORT), os animais que receberam CBD diariamente por quatro semanas apresentaram melhora significativa na memória de curto e longo prazo em comparação aos não tratados.
Outro experimento mostrou que o canabidiol reduziu a formação de placas no cérebro e melhorou a mobilidade dos animais — outro sintoma associado ao avanço da doença.
Entenda como o CBD atua no cérebro
Segundo os autores do estudo, o CBD exerce seus efeitos por meio da interação com dois receptores do sistema endocanabinoide, especialmente:
- CB1, presente principalmente nos neurônios
- CB2, presente nas células imunológicas do sistema nervoso, como a microglia
Nesse sentido, a ativação do CB1 está ligada à proteção e regeneração neuronal, enquanto a interação com CB2 ajuda a modular a inflamação cerebral. Além desses, o CBD também interage com outros receptores — como os de serotonina e adenosina — o que pode explicar seus efeitos abrangentes.
CBD pode transformar a rotina de pacientes e cuidadores
Os resultados do estudo mostram que o CBD pode ajudar a frear a progressão do Alzheimer, proteger o cérebro e preservar funções cognitivas. Isso pode representar:
- Mais tempo com autonomia para o paciente
- Menos episódios de confusão
- Rotina menos estressante para os cuidadores
- Um novo caminho no cuidado integral da doença
Embora os testes ainda estejam em fases iniciais, os resultados oferecem uma base sólida para ensaios clínicos com humanos. O fato de o CBD atuar sobre múltiplos aspectos da doença de Alzheimer ao mesmo tempo o torna uma possibilidade real no desenvolvimento de terapias mais eficazes e menos agressivas.
Para quem convive com os sintomas do Alzheimer no dia a dia, essa pode ser uma nova perspectiva — uma jornada com mais leveza, dignidade e bem-estar.
Como iniciar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis para os sintomas do Alzheimer
Se você está considerando um tratamento com canabinoides para uma pessoa com Alzheimer, o primeiro passo é consultar um médico que seja experiente nesse tipo de abordagem. Ele poderá avaliar a condição, histórico e necessidades individuais do paciente e, se necessário, recomendar um tratamento com medicamentos à base de Cannabis.
Portanto, inicie essa jornada com responsabilidade e segurança: acesse nossa plataforma de agendamento e marque uma consulta com um dos nossos especialistas.