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Cannabis ‘fura bolha’ na 17ª Conferência Nacional de Saúde

Cannabis ‘fura bolha’ na 17ª Conferência Nacional de Saúde

De forma inédita, o uso terapêutico da Cannabis entrou na pauta da 17ª Conferência Nacional de Saúde.

Publicado em

7 de julho de 2023

• Revisado por

Jornalista especializada em política nacional. Pós-graduada em Assessoria em Comunicação Pública e Cannabis medicinal. Mestre em Ciência da Informação. Fundadora da InformaCANN. Correspondente em Brasília do Portal Cannabis & Saúde.

Cannabis é destaque na 17ª Conferência Nacional de Saúde

Pela primeira vez, o uso terapêutico da Cannabis entra em discussão em evento que vai definir as políticas públicas em saúde para os próximos quatros anos

Antes de tudo, “Garantir direitos, defender o SUS, a vida e a democracia – amanhã vai ser outro dia!”, esse foi o tema da 17ª Conferência Nacional em Saúde (CNS), que aconteceu em Brasília, nessa semana, para discutir e aprovar políticas públicas que vão nortear o SUS nos próximos 4 anos.

Além disso, de forma inédita, o uso terapêutico da Cannabis entrou na pauta do encontro, que reuniu mais de 6 mil delegados de todas as partes do país.

A Conferência é uma iniciativa do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional da Saúde, colegiado que tem integrantes de movimentos sociais, entidades de saúde e a comunidade científica.

“O público se encantou. De fato, muita gente nunca tinha ouvido falar sobre o uso terapêutico da Cannabis. Agora, com a possibilidade de trazer essa pauta para um evento como esse, furamos a bolha”, avaliou a médica Eliane Nunes, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis Sativa (SBEC) e delegada da CNS.

Faixa: Cannabis medicinal Já

Com uma faixa enorme – que roubou a cena no pavilhão principal – o texto cobrou Cannabis no Sistema Único de Saúde.

Ângela Boim e Eliane Nunes na 17ª Conferência Nacional de Saúde

Ângela Boim e Eliane Nunes na 17ª Conferência Nacional de Saúde

Além disso, um outro manifesto também pediu a descriminalização da planta medicinal pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que remarcou o julgamento sobre a não criminalização do usuário para o dia 02 de agosto.

1ª Conferência Livre Nacional de Cannabis medicinal

Anteriormente, em maio, a SBEC e outras 30 entidades da sociedade civil e movimentos sociais promoveram a 1ª Conferência Livre Nacional de Cannabis medicinal, com o objetivo elaborar um documento com propostas concretas para apresentarem na etapa nacional.

A mãe atípica e ativista, Ângela Boim, presidente da Federação das Associações de Cannabis Terapêutica (Fact), e também uma das delegadas do evento, conta que a preparação para a etapa nacional está acontecendo há mais de um ano.

“Do mesmo modo, a Cannabis também foi pauta em outras conferências livres: na de saúde mental, saúde da mulher, população de rua. Portanto, são diversos olhares diferentes.  Agora, esse evento trouxe a oportunidade de discutir diretamente com as pessoas que constroem o SUS nas suas cidades”, detalhou Boim.

20 propostas apresentadas

Ângela Boim na 17ª Conferência Nacional de Saúde

Ângela Boim na 17ª Conferência Nacional de Saúde

Ao todo, 20 propostas foram aprovadas pela Conferência Livre de Cannabis medicinal e apresentadas na plenária da CNS. Entre elas, a descriminalização dos usuários, pacientes e a reparação histórica da população encarcerada e dependente de substâncias químicas.

“Recebemos um grande apoio! As pessoas já entenderam que a guerra às drogas não é a solução. Nesse sentido, precisamos de políticas públicas integradas no SUS. Cannabis é caso de saúde pública e não de polícia”, defendeu Ângela Boim.

Exclusão da Cannabis da lista ‘E’

Por outro lado, o grupo ainda propôs à Conferência Nacional de Saúde que a Cannabis Sativa seja reinserida na farmacopeia brasileira e excluída da lista “E” da Portaria 344/981, do Ministério da Saúde, que torna a planta proscrita e de prescrição controlada.

“De fato, sabemos que esse é um ato normativo do Ministério da Saúde. Porém, queremos a Cannabis como política pública de saúde, fazendo parte das práticas integrativas complementares”, defendeu a presidente do SBEC.

Orçamento para Cannabis

Ainda mais, consta no documento, aprovado em assembleia, incluir no orçamento do Ministério da Saúde recursos direcionados às Farmácias Vivas, pesquisas e ações de Educação continuada e capacitação dos profissionais do SUS, para prescrição e manejo da Cannabis.

Cannabis nas Farmácias Vivas

“Assim, queremos a Cannabis na Farmácia-Viva do SUS e a criação de uma Agência Nacional de Cannabis Terapêutica, como já propunha Elisaldo Carlini. Também pedimos que o auto cultivo seja possível no país, assim como o plantio por meio de associações”, defende Nunes.

Além dos canabinoides, outras 1.500 propostas e diretrizes, elaboradas em conferências municipais, estaduais e livres também foram discutidas na intensa agenda do evento.

Dessa forma, o resultado da etapa nacional serve de subsídio para a elaboração do Plano Nacional de Saúde e Plano Plurianual de 2024-2027, ainda não divulgado.

Cultura e arte

A programação dos quatro dias também incluiu atividades autogestionadas, espaço para Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) e um espaço cultural, com apresentações e network entre os participantes.

“Nessa atividade autogestionada, chegamos com uma faixa enorme, pedindo a descriminalização da planta e o remédio no SUS. Chegamos com tudo. E a troca foi a melhor possível. Quando passamos a nossa moção, coletamos muitas assinaturas”, comemorou a médica.

De acordo com o geriatra Mário Cato, essa foi uma edição histórica. “A 17ª CNS retoma a participação popular depois de quatro anos de extinção dos colegiados. Isso é muito emblemático”, pontua o médico.

Extinção dos conselhos

A última CNS aconteceu em 2019, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PSL) baixou o Decreto 9.759, que pôs um fim aos colegiados, comitês e comissões. A recriação dos espaços de participação popular foi um dos primeiros atos do presidente Lula quando eleito.

No encerramento da 17ª CNS, o presidente Lula enalteceu a participação popular na formulação de políticas públicas, defendeu o piso nacional da Enfermagem e a importância do SUS no enfrentamento à pandemia.

SUS na pandemia

“Graças ao SUS, graças a todos os profissionais de saúde, a gente não chegou a 1 milhão de mortos neste país – ou mais. Porque as pessoas morreram por falta de atenção, por negacionismo, por falta de vacina, por falta de respirador. Isso não ficará impune na história da saúde brasileira”, discursou o presidente.

Lula também saiu em defesa da ministra da Saúde, Nísia Trindade. E disse que ela fica no cargo. Havia rumores de que o governo cederia às pressões de partidos do ‘centrão’ e entregaria o Ministério da Saúde, em troca de governabilidade.

Manobras políticas à parte, a ministra Nísia Trindade seguiu a mesma linha do presidente, ao abrir os trabalhos da 17 ª Conferência. “Não é mais possível pensar um governo isolado da sociedade civil”, defendeu a gestora.

Reconstrução do Ministério

A ministra enfatizou que o momento é de reconstrução da pasta e do orçamento da saúde. “Nesses seis meses, eu posso dizer que a saúde está de volta, mas é a saúde como um projeto coletivo, na luta contra as desigualdades e pela conquista do bem-viver”, completou Trindade.

O Conselho Nacional de Saúde, recém-recriado, é responsável por realizar conferências e fóruns de participação social, além de aprovar o orçamento da saúde e acompanhar a execução do Plano Nacional de Saúde a cada quatro anos.

O órgão, permanente e colegiado, é regulado pela Lei n° 8.142/1990, e faz parte do Ministério da Saúde. O principal objetivo do CNS é de controle social com a missão de fiscalizar e monitorar as políticas públicas de saúde nas suas mais diversas áreas.

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