Os números da obesidade no Brasil são alarmantes: um a cada três brasileiros, 31%, vive com obesidade e essa porcentagem tende a crescer nos próximos cinco anos.
Os dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025 (World Obesity Atlas), da Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF), lançado no último dia 3, também revelam que no Brasil, 68% da população tem excesso de peso e, dessas, 31% tem obesidade e 37% tem sobrepeso. O Atlas traz ainda uma projeção de que o número de homens com obesidade até 2030 pode aumentar em 33,4%. Entre as mulheres, essa porcentagem pode crescer 46,2%.
Neste cenário, de que maneira a Cannabis pode atuar no tratamento da obesidade?
Segundo a médica endocrinologista Dra. Camila Sampaio Santos a resposta está no sistema endocanabinoide, já que ele é crucial na regulação do metabolismo energético e do apetite.
“Um desequilíbrio no sistema endocanabinoide, especialmente a hiperativação dos receptores CB1, pode levar ao aumento do apetite e ao acúmulo de gordura corporal, contribuindo para o desenvolvimento da obesidade”, pontua.
Além disso, essa desregulação está associada à resistência à insulina, uma condição em que as células do corpo não respondem adequadamente à insulina, elevando os níveis de glicose no sangue e aumentando o risco de diabetes tipo 2.
Portanto, o sistema endocanabinoide (SEC) é uma rede complexa de receptores e moléculas sinalizadoras que desempenha um papel crucial na regulação de diversas funções fisiológicas, incluindo o apetite, metabolismo e homeostase energética. Recentemente, ele tem ganhado destaque no tratamento de condições como a obesidade, com um foco especial no THCV, um canabinoide que se mostra promissor na modulação do controle do peso e da fome.
Neste sentido, o estudo O sistema endocanabinoide e o tratamento da obesidade: Annals of Medicine afirma que o SEC e os endocanabinoides estão abrindo caminhos para o desenvolvimento de uma “nova classe de medicamentos, como os bloqueadores CB1, como terapia para combater a obesidade e os principais fatores de risco cardiovascular associados”.
THCV: o fitocanabinoide com potencial terapêutico no controle da obesidade
Entre os fitocanabinoides, moléculas da Cannabis com potencial terapêutico, o THCV tem mostrado potencial para suprimir o apetite. E regular o metabolismo da glicose, fatores que podem beneficiar o tratamento e manejo da obesidade.
De acordo com a endocrinologista, que possui experiência na aplicação da terapia canabinoide no tratamento de doenças crônicas, o uso do THCV no controle da obesidade se apresenta como uma abordagem inovadora. Ela enfatiza que as propriedades do THCV vão além do controle do apetite, abrangendo melhorias na sensibilidade à insulina e no metabolismo de lipídios.
Neste sentido, Dra. Camila salienta que o THCV pode ajudar no controle da obesidade “ao reduzir o apetite por meio do bloqueio dos receptores CB1 e melhorar a regulação da glicose, sendo promissor para o tratamento do diabetes tipo 2”.
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Em suma, os mecanismos de ação do THCV se dividem em dois pontos principais que podem impactar no tratamento da obesidade. Primeiramente, na supressão do apetite. Já que o THCV atua como um antagonista do receptor CB1, que é frequentemente superativado em indivíduos obesos, resultando na diminuição da fome e aumento do gasto energético.
E, também, na redução da adipogênese. E assim, o THCV pode diminuir a formação de novas células de gordura, limitando o armazenamento de gordura no corpo, um aspecto vital na luta contra a obesidade.
Embora a pesquisa sobre o uso de fitocanabinoides no tratamento da obesidade ainda esteja em andamento, o THCV demonstra um potencial promissor como uma ferramenta terapêutica complementar no combate a essa condição complexa e multifatorial.
A importância da escolha do fitocanabinoide no tratamento com Cannabis
Sendo assim, além do acompanhamento médico ser imprescindível para o tratamento com Cannabis medicinal, a escolha do fitocanabinoide correto no tratamento da obesidade é fundamental devido ao papel específico que esses compostos desempenham na modulação do sistema endocanabinoide. Afinal, o SEC desempenha um papel central na regulação do apetite, do metabolismo energético e, consequentemente, do peso corporal.
E em indivíduos com predisposição à obesidade, a modulação inadequada do SEC pode exacerbar o problema. É nesse ponto que a distinção entre os fitocanabinoides se torna essencial.
“Em indivíduos com predisposição à obesidade, o uso de THC pode agravar o quadro, favorecendo o acúmulo de gordura corporal e aumentando o risco de desenvolver resistência à insulina e diabetes tipo 2”, explica a médica.
Como o CBD pode atuar no tratamento da obesidade?
Já o Canabidiol, conhecido como CBD, por outro lado, atua de maneira diferente do THC. Estudos sugerem que ele pode agir como um antagonista do receptor CB1, ajudando a regular a ingestão de alimentos e a reduzir a compulsão alimentar. Igualmente, o CBD tem mostrado potencial para aumentar a produção de adiponectina, uma proteína que melhora a oxidação de ácidos graxos e pode ajudar a reduzir a gordura corporal.
Para a Dra. Camila, realmente o CBD tem sido estudado por seus possíveis efeitos na regulação do metabolismo e no controle de peso. A profissional destaca que as principais formas pelas quais o CBD pode influenciar esses processos incluem:
- conversão de gordura branca em gordura marrom,
- regulação do apetite,
- propriedades anti-inflamatórias.
Igualmente, a médica alerta que embora esses mecanismos sejam promissores, as evidências científicas sobre o uso do CBD para o controle da obesidade ainda são preliminares.
Dados da obesidade no mundo
Por fim, novos tratamentos, como a Cannabis medicinal, podem ser um farol para quem sofre com esta condição. Atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas em todo o planeta convivem com a obesidade. As previsões sugerem que esse total pode exceder 1,5 bilhão até 2030, a menos que sejam adotadas medidas eficazes.
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