Desde 1998, o mundo celebra o Dia Mundial de Luta contra a AIDS em 1º de dezembro. No Brasil, a data ganhou ainda mais força com a instituição do Dezembro Vermelho, em 2017. Desde então, a luta contra o HIV e a AIDS avançou significativamente, com o Brasil liderando a resposta global.
Em celebração ao Dezembro Vermelho, vamos mostrar como cientistas do mundo inteiro investigam os benefícios da Cannabis na luta contra a AIDS e o HIV, sobretudo no manejo dos sintomas de pessoas que vivem com o vírus ou que já desenvolveram a doença.
O Brasil como exemplo no combate ao HIV
O Brasil, através do Sistema Único de Saúde (SUS), é uma referência global por sua abordagem humanizada no combate ao HIV. De acordo com Andrea Boccardi, a representante brasileira do programa das Nações Unidas sobre AIDS (UNAIDS), isso se deve ao programa brasileiro oferecer medidas preventivas gratuitas, como:
- 311 milhões de preservativos distribuídos;
- 9 milhões de autotestes;
- 100 mil pessoas fazem uso da Profilaxia Pré-exposição (PrEP), um medicamento que previne a infecção.
Os sintomas do tratamento para o HIV
O tratamento antirretroviral disponível no SUS é capaz de controlar a replicação do vírus, fortalecer o sistema imune e aumentar a expectativa de vida. Além disso, populações vulneráveis, como mulheres trans, profissionais do sexo e homens que fazem sexo com outros homens, têm acesso gratuito a esse cuidado.
Medicamentos com Cannabis também são aliados poderosos para aliviar alguns sintomas e de pacientes com HIV, como:
- Perda de peso;
- Náuseas;
- Dores;
- Depressão;
- Ansiedade;
- Problemas de memória e concentração.
Vamos destacar alguns estudos científicos que indicam os benefícios do tratamento complementar com medicamentos à base de Cannabis para aliviar sintomas em pacientes com HIV.
A Cannabis e os sintomas do HIV
1. Sintomas cognitivos
O HIV pode afetar o sistema nervoso central e prejudicar algumas funções cognitivas, como a memória, concentração e a velocidade do raciocínio. Em alguns casos, essa condição pode progredir e chegar a um quadro conhecido como demência associada ao HIV.
De acordo com o estudo The Impact of Cannabis Use on Cognition in People with HIV: Evidence of Function-Dependent Effects and Mechanisms from Clinical and Preclinical Studies, os canabinoides podem aliviar esses sintomas. A meta-análise identificou 34 estudos clínicos, os componentes da Cannabis oferecem neuroproteção graças a sua propriedade anti-inflamatória.
2. Náuseas e perda de apetite
O tratamento antirretroviral, mencionado anteriormente, é fundamental para frear a progressão da doença. Por outro lado, essa terapia causa alguns efeitos colaterais intensos como, náuseas, dores e perda de apetite. E é exatamente nesses sintomas que a Cannabis poderia contribuir, de acordo com o estudo Therapeutic Cannabis as an Antiemetic and Appetite Stimulant in Persons with Acquired Immunodeficiency Syndrome.
O uso de produtos com canabinoides, principalmente o delta-9-THC, contribuiria para aliviar os efeitos colaterais do tratamento antirretroviral. Desse modo, pacientes com HIV conseguem comer melhor e evitar a perda de peso, além de controlar sintomas relacionados à saúde mental.
3. Dores crônicas
Até um terço das pessoas com HIV relatam usar produtos com Cannabis para lidar com alguns dos seus sintomas.
O estudo Cannabis Use in HIV for Pain and Other Medical Symptoms analisou os principais motivos para esses pacientes buscarem os canabinoides e observou que as dores também aparecem na lista. Em depoimentos de mais de 100 pacientes nos EUA, os pesquisadores identificaram 94% dos pacientes com HIV utilizam canabinoides para reduzir as dores. Outros sintomas tratados foram:
- Perda de apetite (97%)
- Náuseas (93%)
- Ansiedade (93%)
- Depressão (86%)
A importância do acompanhamento médico
A campanha da UNAIDS para o Dezembro Vermelho de 2024 reforça que a luta contra a AIDS/HIV envolve proteger os direitos dessas pessoas, sobretudo o direito à saúde. Aceitação, respeito e cuidado são vitais para uma abordagem eficaz contra a AIDS. Do mesmo modo, leis, políticas e programas de saúde pública nos ajudam a evitar novas transmissões e cuidar de quem tem o vírus.
Se você ou algum conhecido deseja incluir medicamentos com Cannabis no tratamento para qualquer condição, é muito importante ter o acompanhamento de um profissional da saúde. Ele deve avaliar cuidadosamente a condição e, caso seja necessário, vai recomendar algum produto com canabinoides.
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