Na última live do portal Cannabis & Saúde, que aconteceu na noite de ontem, contamos com o médico Dr. Gilberto Vieira Pannunzio. O profissional explorou como a Cannabis medicinal pode atuar no tratamento de vícios e na redução de danos. Segundo ele, moléculas como CBD e THC podem ser ferramentas valiosas quando utilizadas de forma adequada e com o devido acompanhamento médico no no controle de vícios e na redução de danos.
Veja agora cinco pontos-chave apresentados durante a live, com trechos diretos do médico que ajudam a entender o panorama atual:
1. O sistema endocanabinoide regulado faz toda a diferença no tratamento de vícios, na redução de danos e na qualidade de vida
O Dr. Pannunzio deu seu start na live explicando como o sistema endocanabinoide, presente em todo o corpo humano, tem papel fundamental na regulação do humor, da memória, do estresse e da motivação.
“Temos receptores canabinoides espalhados no nosso corpo inteiro, sistema nervoso central, periférico. Então esses receptores são como chaves e fechaduras”. Ele reforçou que existem endocanabinoides produzidos naturalmente, como a anandamida e a 2-AG, o que sugere uma “Cannabis interna” que já opera no organismo.
Segundo o médico, a resposta da Cannabis ser uma ferramenta a mais está no sistema endocanabinoide regulado.
“A relação do vício com esse sistema é que eles interagem com o SEC; o sistema de recompensa, ligado aos receptores tipo 1 (CB1), está fortemente conectado ao sistema dopaminérgico e ao THC”, afirmou.
2. A Cannabis pode reduzir a tão conhecida fissura em pessoas viciadas
O médico abordou a ideia de que a fissura — aquele desejo intenso por álcool, nicotina ou outras substâncias — pode ser amenizada pela intervenção com Cannabis. Embora a live tenha enfatizado o papel do CBD e de outros componentes, o ponto central é o equilíbrio do SEC para modular a craving.
Como fonte, o médico apresentou um livro conhecido como a Bíblia da Cannabis com os principais fundamentos e organizado por uma das referências nacionais no tema, a médica Dra. Ana Gabriela Hounie.
Igualmente, o médico citou o ensaio clínico brasileiro, da Universidade de Brasília, que avaliou o uso do Canabidiol (CBD) como alternativa terapêutica para dependentes de crack. O estudo foi randomizado, duplo-cego e controlado. Os resultados mostraram que o grupo tratado com CBD apresentou redução significativa da fissura (craving) por crack, além de melhorias no apetite, na saúde física e mental e com menor incidência de efeitos adversos em comparação ao grupo que usou medicamentos convencionais.
Para o médico, os achados reforçam o potencial do CBD como ferramenta de redução de danos e como estratégia complementar ao tratamento da dependência química. O estudo se destaca por trazer evidências científicas brasileiras de que a cannabis medicinal pode ser uma alternativa eficaz e mais bem tolerada em contextos de uso problemático de substâncias psicoestimulantes como o crack.
Além disso, Dr. Pannunzio destacou que a indicação de Cannabis não é universal, devendo ocorrer sob supervisão médica e com avaliações individualizadas, considerando o perfil do paciente e as metas terapêuticas.
3. Gummies de Cannabis já estão disponíveis no Brasil como alternativa no tratamento, e a qualidade do produto impacta sim o resultado do tratamento de saúde
Durante a conversa, foi mencionada a variedade de formas de administração no Brasil, incluindo gummies – que estão disponíveis via importação através da RDC 660. O médico explicou que tratamentos à base de Cannabis vão além de óleos e que produtos importados costumam oferecer mais opções de vias de administração, citando que gummies e outras formas podem compor o arsenal terapêutico.
Ele ressaltou a importância da qualidade do produto: “óleos full spectrum, que contêm uma gama de canabinoides e terpenos, são frequentemente os mais indicados, especialmente quando acompanhados por orientação médica”. Além disso, a segurança e a eficácia dependem da qualidade do controle de qualidade, da origem legal e da supervisão profissional.
4. CBD tem efeito ansiolítico e neuroprotetor. E isso é ótimo para quem está tratando vícios e focando em redução de danos
Segundo o Dr. Pannunzio, o CBD tem potencial ansiolítico, ajudando a reduzir a ansiedade associada à abstinência e a situações de alto estresse que podem acionar recaídas. Ele enfatizou que esse benefício pode contribuir para uma melhor adesão ao tratamento e para reduzir comportamentos de risco durante o processo de recuperação.
Em relação aos efeitos neuroprotetores, o médico destacou que o CBD pode oferecer proteção neuronal em contextos de uso intenso ou prolongado de substâncias. A neuroproteção pode favorecer a estabilidade neural durante a recuperação, ajudando a mitigar efeitos adversos e promover funções cognitivas mais estáveis ao longo do tratamento.
5. Cannabis pode contribuir para a redução de sintomas de abstinência e servir como abordagem de redução de danos
O Dr. Pannunzio descreveu a Cannabis como uma ferramenta para redução de danos quando utilizada com monitoramento médico.
A ideia central é a substituição parcial de substâncias mais perigosas por um fármaco com perfil de risco diferente, visando reduzir danos diretos associados ao uso de drogas ilícitas ou adulteradas.
“A orientação clínica é essencial para evitar novas dependências e garantir que o uso seja orientado por objetivos terapêuticos claros, com acompanhamento clínico contínuo”, pontuou.
Conclusão: o futuro promissor da Cannabis no Brasil
O médico expressou visão otimista sobre o papel da Cannabis na medicina de vícios e na redução de danos. Ele enfatizou que as evidências ainda estão se consolidando, mas o campo aponta para um potencial significativo em termos de redução de recaídas, melhoria da qualidade de vida e manejo de sintomas de abstinência.
O que se destaca é a necessidade de mais estudos robustos, padronização de protocolos e acesso regulamentado a tratamentos que possam beneficiar pacientes de forma segura. O Dr. Pannunzio encerrou reforçando que o caminho é colaborativo: clínica, pesquisa e políticas públicas precisam andar juntos para transformar a Cannabis em uma ferramenta confiável no manejo de vícios. Se depender de nós, o uso da Cannabis no Brasil irá crescer exponencialmente.
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