Segundo a Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas, 1 em cada 36 crianças é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA). E, sendo assim, com uma população estimada em 203.080.756 teríamos cerca de 5.641.132 autistas no Brasil. Neste contexto, a utilização de Cannabis medicinal tem se tornado um tema recorrente nos círculos médicos e entre mães atípicas, especialmente no contexto do tratamento de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Daniele Alves, mãe de Valentim, uma criança de cinco anos que apresenta autismo nível 3 de suporte, compartilha sua experiência transformadora. “Hoje ele não faz uso de nenhuma outra medicação”. Para ela, há inúmeros benefícios significativos que a Cannabis trouxe, permitindo melhorias no comportamento, comunicação e qualidade de vida do seu filho.
Após quatro anos, Dani ouviu o primeiro mãe
Após quatro longos anos de espera e desafios, o momento em que Dani ouviu pela primeira vez a palavra “mãe” foi um marco em sua vida.
“Demorei quatro anos e alguns meses para ouvir o mãe. Ele falou mãe duas vezes. E isso foi logo em seguida de um processo de neuromodulação. A Cannabis não faz milagres sozinha, mas abre os caminhos para que outras intervenções possam ter sucesso”, reflete.
Portanto, Dani observou a partir do tratamento do filho que as moléculas da Cannabis podem atuar como um facilitador, abrindo portas para outras modalidades de tratamento alcançarem eficácia.
Qualidade de vida e Cannabis
Não se pode negar a noção crescente, respaldada por pesquisas científicas e relatos clínicos, de que a terapia canabinoide pode ser o ponto de virada no tratamento de condições complexas, especialmente aquelas ligadas a distúrbios como o TEA, proporcionando qualidade de vida.
“Foi o que nós sentimos quando entramos com a Cannabis, com a neuromodulação e quando nós entramos também com a fisioterapia que ele não fazia. Foi como se começasse a ligar os pontinhos que a gente não conseguia. E hoje ele tem um contato visual lindo”.
Além disso, Dani observou que o uso da Cannabis ajudou o filho a manter novas habilidades, ao contrário do padrão anterior em que ele perdia habilidades rapidamente.
Nossa comunidade de mães atípicas compartilham suas experiências trazendo acolhimento e força
Para Dani, a comunicação e a troca de experiências entre membros de uma comunidade de mães atípicas são essenciais para o fortalecimento e a resiliência diante das adversidades. “Sempre vou estar sempre aberta para qualquer mãe que tenha dúvidas pois é desesperador. Realmente nosso chão se abre, mas depois das nuvens o sol aparece de novo. E com a Cannabis melhorou tudo”, pontua Dani.
É necessário mais informação sobre a Cannabis para mães de crianças autistas
Porém, ainda no contexto das mães atípicas, Dani acredita que existem preconceitos sobre a terapia canabinoide, muito por falta de informação.
Cannabis não é o tratamento mais caro
Para Dani, um ponto relevante a ser considerado é a percepção de custo associado ao tratamento com Cannabis em comparação a outras opções disponíveis no mercado.
“Muitas mães usam outras medicações que em algumas vezes são até mais caras que a Cannabis. E aí eu falo para elas, vocês tem que primeiro dar a oportunidade ao seu filho. E aí depois você decide. Também já conversei com várias mães que davam outros medicamentos, eram muito mais caros e com efeitos colaterais muito piores. A gente não teve efeito colateral nenhum no tratamento do nosso filho”.
Ou seja, a mãe do Valentim observa que quando se discutem as opções de tratamento, a transparência acerca dos preços e dos efeitos colaterais pode proporcionar uma visão mais clara sobre o que cada alternativa implica. E, assim, a Cannabis se apresenta não apenas como uma opção potencialmente mais acessível, mas também como uma alternativa com menores probabilidades de provocar reações adversas nos pacientes.
Porém, Dani entende que o fundamental são as conexões entre mães e a confiança construída entre elas, já que cada vivência contribui para um espaço seguro e acolhedor às mães atípicas.
Um tratamento com Cannabis sem THC
O neurologista, Dr. Marcos Prandine, responsável pelo atendimento ao Valentim, explica que a escolha do tratamento do menino com um um produto à base de Cannabis sem THC se dá pela segurança e assertividade no tratamento. “O Valentim realmente está tendo uma evolução surpreendente. Ele trata com um óleo CBD broad spectrum CBD 3 mil mg por conta do transtorno do espectro autista. E todos os terapeutas que cuidam dele dão um retorno positivo”, pontua.
Segundo o médico, o caso de Valentim ilustra a eficácia e segurança desse tipo de tratamento. Ademais, o neurologista destaca que, até os sete anos de idade, é recomendável evitar qualquer produto que contenha THC, uma vez que essa substância pode interferir nas transmissões sinápticas dos neurônios e causar o que é conhecido como poda neuronal. Esse fenômeno pode resultar em alterações no desenvolvimento cerebral, potencialmente prejudicando as funções cognitivas e emocionais da criança.
Neste caso, a opção por um tratamento que contenha Canabidiol (CBD) sem THC assegura a busca por uma terapia que aproveite os benefícios das propriedades terapêuticas da Cannabis, sem os riscos associados ao THC. O CBD tem se mostrado promissor na redução da ansiedade, na melhora do foco e na promoção do bem-estar geral, aspectos fundamentais para o desenvolvimento saudável de crianças com TEA, como é o caso do Valentim.
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Importante!
Portanto, a terapia canabinoide pode ser uma alternativa eficaz no tratamento de condições como o autismo. Porém, é essencial que o tratamento seja considerado sempre sob a supervisão de um profissional de saúde qualificado. O acompanhamento médico especializado é imprescindível para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.