Em estudos e em casos da vida real, os medicamentos à base de canabidiol (CBD) têm se mostrado eficientes na redução das crises causadas pela epilepsia. Eles ajudam o cérebro a funcionar melhor, regulando a comunicação entre os neurônios. Esse efeito acontece porque o CBD interage com o sistema endocanabinoide, ajudando a controlar a atividade cerebral, que costuma estar desregulada em pessoas com epilepsia.
O CBD é mais usado na forma oral, como óleos e extratos. No entanto, há um problema: o “efeito de primeira passagem”. Isso significa que, ao ser ingerido, uma parte do CBD é eliminada pelo fígado antes de entrar na corrente sanguínea. Assim, o corpo aproveita menos o composto.
Agora, pesquisadores desenvolveram uma alternativa que pode melhorar a absorção do CBD em pacientes com epilepsia: o uso de supositórios.
Inovação no uso de canabinoides
Um dos maiores desafios no tratamento da epilepsia, especialmente em crianças, é a necessidade de manter níveis estáveis dos medicamentos no sangue. Se a concentração do remédio oscila, há risco de crises ou efeitos colaterais. Além disso, muitos anticonvulsivantes são eliminados rapidamente pelo organismo, exigindo doses frequentes.
Para resolver esse problema, os pesquisadores criaram um supositório inovador feito com impressão 3D. Ele tem uma estrutura oca e duas partes principais: uma concha externa curvada, que contém o CBD, e um suporte interno em forma de mola, que ajuda a manter a estrutura do supositório.
Essa tecnologia permite que o CBD seja liberado de forma lenta e controlada, aumentando a eficácia. Nos testes em laboratório, o supositório garantiu a liberação do CBD por até cinco horas.
Outra vantagem é o formato oco do supositório, projetado para aderir melhor ao corpo e evitar a expulsão precoce, um problema comum em supositórios tradicionais.
O supositório com CBD funciona na epilepsia?
Após os testes de laboratório, os pesquisadores analisaram o supositório com CBD em ratos com epilepsia induzida. Os resultados foram positivos:
- Redução dos danos cerebrais e da inflamação.
- Melhora a composição da microbiota intestinal, aumentando a presença de bactérias benéficas como Akkermansia e Lachnoclostridium.
Esses microrganismos estão associados a uma melhor saúde intestinal e podem desempenhar papel importante na recuperação da função cerebral.
De acordo com os pesquisadores, este é o primeiro estudo envolvendo um supositório carregado com CBD para o tratamento da epilepsia utilizando técnicas de impressão 3D. A administração retal de medicamentos tem vantagens importantes, como maior absorção e possibilidade de uso em pacientes que não conseguem engolir comprimidos.
Agora, mais estudos são necessários para confirmar sua eficácia e segurança.
CBD pode dar mais qualidade de vida para pessoas com epilepsia
Segundo a Liga Brasileira de Epilepsia, estima-se que cerca de 65 milhões de pessoas vivem com essa condição. Destes, 70% poderiam viver livres de crises se tivessem o diagnóstico correto e acesso aos tratamentos adequados.
Medicamentos à base de Cannabis podem complementar os tratamentos convencionais para a epilepsia, contribuindo para reduzir o número e a intensidade das crises. Mesmo formas graves, como a síndrome de Dravet e de Lennox-Gastaut, podem se beneficiar.
História de sucesso: Ariane e o uso de CBD para epilepsia
Recentemente, publicamos na nossa sessão “História dos pacientes”, o relato da Ariane, uma paciente com epilepsia que passou a ter uma vida mais ativa após controlar as crises com medicamentos à base de CBD de uso oral.
Após seis anos de tratamento, a evolução é perceptível para os familiares, como contou a mãe dela.
“O que mudou para ela e para a nossa família é a qualidade de vida. Ela agora vai à academia, faz atividades que antes eram impossíveis. O canabidiol fez uma diferença real.
Nos primeiros momentos, houve muito preconceito, mas as pessoas que conheceram Ariane antes e depois do tratamento perceberam a mudança. Hoje, isso já não é mais um problema.”
Leia aqui a história completa da Ariane.
Como iniciar um tratamento para epilepsia com medicamentos à base de Cannabis
No Brasil, o uso de produtos com canabinoides no tratamento da epilepsia é legal, mas deve ter acompanhamento de um médico. É fundamental que um profissional da saúde oriente o paciente sobre a melhor dose e o produto mais adequado para a condição.
O supositório com CBD ainda está em fase experimental e não está disponível para compra. Por outro lado, há outros formatos, como óleos e extratos para uso oral, além de cremes para uso tópico. Nas consultas com o médico, ele irá indicar a melhor opção para o seu caso após uma análise cuidadosa.
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