Você já ouviu falar na Síndrome de Tourette?
Embora não seja um transtorno mental muito conhecido, essa condição traz diversas consequências tanto para seus portadores quanto para seus familiares.
Normalmente seu início se dá nas fases da infância e da adolescência e se caracteriza pelos famosos tiques. Tiques são ações causadas de maneira involuntária e que normalmente podem causar estranheza por parte das outras pessoas.
Nesse sentido, portadores da síndrome de Tourette apresentam tiques tanto vocais quanto motores. Ou seja, movimentos ou vocalizações involuntárias são comuns, fazendo com que a vida desta pessoa não seja exatamente como ela gostaria.
É comum, por exemplo, que haja a repetição de sons ou até mesmo o uso de palavrões sem que a pessoa queira. Por isso, há muito preconceito com os portadores da doença, o que reflete muitas vezes a falta de conhecimento.
Por outro lado, como boa notícia está o fato de que a doença pode ser tratada, reduzindo assim o nível dos sintomas e melhorando diversas condições.
Se você quer entender um pouco melhor sobre a doença e os tratamentos disponíveis, continue lendo! Aqui, trouxemos algumas das melhores informações a respeito da Síndrome de Tourette.
O que é Síndrome de Tourette?
A Síndrome de Tourette é um distúrbio/transtorno psiquiátrico caracterizado pela presença de movimentos ou espasmos involuntários, bem como o uso de vocalizações indesejadas.
Parte dessas vocalizações podem se dar em forma de ecos ou repetições de palavras e sons realizados anteriormente ou até mesmo o excesso do uso de palavrões.
Com isso, é muito comum que tanto os indivíduos que tenham a doença quanto os seus familiares sintam-se constrangidos nos momentos de maior crise.
Assim, muitas famílias acabam se sentindo mal em socializar as crianças e adolescentes com a síndrome de Tourette – por medo do julgamento, acabam mantendo a pessoa apenas em casa.
Isso faz com que o tratamento e o desenvolvimento da criança/adolescente fique prejudicado e seja praticamente impossível que ela consiga socializar de forma adequada posteriormente.
Os tiques podem se apresentar de maneiras diferentes, tendo sua ocorrência em formas de crises. As intensidades e frequências variam e não estão necessariamente ligadas com problemas psicológicos, mas psiquiátricos.
Nesse sentido, doenças como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e estresse em excesso podem estar ligados à síndrome de Tourette.
Por fim, a Síndrome de Tourette pode ser caracterizada quando os tiques não somem após alguns meses.
O consenso principal é que deve-se acompanhar/monitorar o paciente por 1 ano para determinar se os sintomas de fato estão relacionados ao Tourette ou algum outro transtorno relacionado.
O que causa a Síndrome de Tourette?
Assim como em boa parte dos transtornos mentais, não há uma única causa clara cientificamente sobre as causas da síndrome de Tourette.
Entretanto, há fortes indícios a respeito da relação de uma componente genética, bem como problemas na produção de neurotransmissores cerebrais, sobretudo a dopamina.
A dopamina é um neurotransmissor que age no cérebro para levar informações para as mais variadas partes do corpo. Ela desperta sensações que estão relacionadas com nossas emoções, com o aprendizado, humor e atenção.
Além disso, a dopamina também age no controle do sistema motor. Dessa forma, quando há alguma deficiência na sua produção, pode haver alterações tanto nas questões neurológicas quanto do movimento.
Problemas na dopamina estão relacionadas não só com a Síndrome de Tourette, mas também com as seguintes doenças:
- Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC);
- Depressão;
- Crises de ansiedade;
- Doença de Parkinson;
- Distúrbios do sono;
- Transtorno de Bipolaridade;
- Demência;
- Problemas Cognitivos.
O que acontece na cabeça de quem tem Tourette?
De acordo com um estudo de 2005, é muito comum que pacientes com a Síndrome de Tourette passem por algumas condições durante os seus episódios/crises da doença.
De forma similar às pessoas que precisam conviver com outras doenças neurológicas, há uma necessidade muito grande de manifestar um tique, mesmo quando eles ainda não ocorreram.
Ou seja, mesmo que a pessoa não tenha vontade de que aquilo aconteça, ela acaba se manifestando por algo similar à compulsão.
Nesse sentido, é importante que as pessoas que convivem com um portador da síndrome saibam que o tique é involuntário, logo não deve ser reprimido com raiva, palavras fortes ou atitudes similares a isso.
É muito importante que o portador da síndrome seja acolhido e que sua família entenda melhor sobre suas necessidades e sobre os tratamentos disponíveis.
Com isso, pode-se controlar melhor tanto os sintomas quanto questões ligadas à forma com que o portador da síndrome lida com suas questões internas.
Tourette é uma síndrome hereditária?
Não existem comprovações científicas a respeito da possibilidade de Tourette ser uma síndrome com origem genética. Entretanto, há fatores hereditários que estão ligados a alguns dos sintomas sentidos por seus portadores.
Sintomas da Síndrome de Tourette
Como já dissemos anteriormente, a Síndrome de Tourette tem seus sintomas classificados em dois grupos.
– Tiques vocais
Os tiques vocais são os mais comuns de se manifestar e acometer pessoas portadoras da Síndrome de Tourette.
Nesse sentido, é bem comum que os pacientes façam algum tipo de vocalização que pode variar desde grunhidos, gemidos ou repetições de sílabas. No entanto, há casos em que o paciente pode utilizar de palavras que não estejam adequadas ao contexto em que o paciente está.
Por isso, é bem comum que os pacientes façam o uso involuntário de palavrões, o que pode chamar a atenção de uma forma não desejada e confortável para seus portadores.
Além disso, pode haver também a repetição de sons de objetos ou de outras pessoas, bem como gestos obscenos.
– Tiques motores
Embora os tiques motores não tenham o mesmo “poder” destruidor dos tiques vocais (como o uso de palavrões), eles também podem trazer bastante prejuízo para os portadores da Síndrome de Tourette.
Os tiques motores mais apresentados envolvem piscadas, caretas, movimentos bruscos da cabeça e o encolhimento de ombros. Entretanto, há casos em que pode haver a combinação de mais de um tique simples.
Há ainda casos em que se registra copropraxia (uso de gestos de conotação sexual ou obscenos) e também a Ecopraxia (que é quando o portador da síndrome imita os movimentos de alguém, mesmo que de forma involuntária.)
Como funciona o diagnóstico da Síndrome de Tourette?
O diagnóstico da síndrome de Tourette é feito por meio de testes clínicos e monitoramento por parte de um médico (ou uma equipe de profissionais de saúde).
A Síndrome de Tourette só pode ser confirmada quando um paciente passou por mais de um quadro de tiques vocais e/ou tiques motores por um período superior a 1 ano.
Há pacientes que experimentam alguma sensação parecida com os sintomas da Síndrome de Tourette, mas apenas uma vez. Nesses casos, não deve-se fazer o diagnóstico como alguém portador da síndrome.
Tratamento da Síndrome de Tourette
Os tratamentos da síndrome de Tourette variam bastante.
Entre as formas mais comuns está o uso de injeções de botox (que evitam os tiques nervosos) e medicamentos que podem fazer ajustes na atividade cerebral e na reposição de substâncias importantes na cognição.
– Injeções de Botox
A utilização das injeções de botox é feita quando tratamentos mais conservadores não conseguem surtir efeito.
Nesse sentido, o botox (ou toxina botulínica) é utilizado devido ao fato de agirem de modo a paralisar o movimento dos músculos afetados pelos tiques. Ao contrário do que se pode pensar, as injeções de botox não são indicadas apenas para casos de tiques motores, mas também para os tiques vocais.
Há indicações em que a toxina botulínica, quando aplicada nas cordas vocais, houveram diminuições nos tiques vocais, inclusive da coprolalia.
Por outro lado, em características relacionadas ao fechamento dos olhos ou contrações cervicais, o botox também traz melhoras satisfatórias com relação aos efeitos destes movimentos – como a dor e diminuição da capacidade visual.
– Remédios inibidores adrenérgicos
Os inibidores mais comuns dos receptores adrenérgicos são a clonidina e a guanfacina. Estas substâncias auxiliam a controlar comportamentos não desejados como a impulsividade e os ataques de raiva.
Nesse sentido, o paciente pode experimentar bons índices de melhora devido a diminuição da sua atividade impulsiva, reduzindo por consequência os seus movimentos ou vocalizações involuntárias.
– Antipsicóticos
O uso de antipsicóticos para o tratamento da Síndrome de Tourette é bastante comum e é relatado na maior parte da literatura a respeito da doença.
Entretanto, o uso de medicamentos como o aripiprazol pode trazer efeitos colaterais importantes que envolvem até mesmo alterações cardíacas e deve ser utilizado apenas em casos onde estes efeitos são conhecidos, bem como os efeitos benéficos sejam realmente compensadores.
Outros medicamentos deste tipo e que são utilizados no tratamento da Síndrome de Tourette são o haloperidol e a pimozida.
– Topiramato
O topiramato é um medicamento do tipo anticonvulsivante utilizado no tratamento de outras doenças, sobretudo por suas características cientificamente comprovadas a respeito da melhora do humor e neuroproteção.
No caso de portadores da síndrome de Tourette, o topiramato age também no intuito de diminuir a impulsividade.
Entretanto, não há estudos clínicos com um grande número de pacientes que apontem vantagens substanciais no uso do topiramato em portadores de Tourette grave.
Canabinóides auxiliam no controle da síndrome de Tourette?
– Estudos que indicam benefícios da Cannabis para tratar Tourette
O tratamento da Síndrome de Tourette por meio do uso de substâncias canabinoides já têm sido estudado há pelo menos uma década.
Um dos estudos mais relevantes e que abriu caminho para a utilização dos medicamentos à base de Cannabis Medicinal para o tratamento da doença, é este estudo da Hannover Medical School, da Alemanha.
Neste estudo, foi feita a avaliação de outros estudos e fez-se uma relação entre deficiências no sistema endocanabinoide e os tiques motores e vocais experimentados por pacientes com síndrome de Tourette.
Ao receberem tratamentos com o uso de THC, houve uma melhora considerável em alguns dos itens avaliados, como memória, tempo de reação, concentração e atenção.
Além disso, muitos dos pacientes também tiveram bons resultados com a utilização do CBD (canabidiol) para o tratamento da síndrome de Tourette. Isso se deve sobretudo à sua maior tolerabilidade e menor custo.
Por fim, o estudo aponta que o uso da Cannabis é seguro, pois em nenhuma das análises realizadas houveram efeitos colaterais importantes.
Por outro lado, este estudo polonês, trouxe a revisão bibliográfica de outros importantes estudos já publicados anteriormente ao redor do mundo.
Estes estudos avaliavam a utilização de medicamentos à base de substâncias cannábicas que incluem o dronabinol, nabiximols, tetrahidrocanabinol ou canabidiol no tratamento de Síndrome de Tourette ou tiques vocais e nervosos não relacionados à síndrome de tourette.
Nesse sentido, o artigo é conclusivo ao apontar que a utilização da Cannabis Medicinal é eficaz no tratamento de tiques e comorbidades psiquiátricas em pacientes portadores da síndrome de Tourette.
Além disso, o artigo aponta que os medicamentos à base de canabinoides podem ser utilizados não apenas em adultos, mas também em menores de idade.
Isso ocorre pois ao avaliar casos de pacientes adolescentes, concentrações baixas de THC não trouxeram danos às atividades cerebrais do paciente, muito menos ao seu desenvolvimento.
Por fim, indica ainda que o tratamento deve ser administrado de forma progressiva, com o aumento de dose conforme passam-se as semanas. Isso garante que o tratamento seja eficaz e não traga efeitos colaterais indesejados para crianças e adolescentes.
– Como é feito o tratamento por meio da Cannabis medicinal?
Assim como para qualquer outra doença, a Cannabis Medicinal pode ser utilizada no Brasil. Isso está de acordo com as legislações mais recentes da Anvisa, que apontam que a compra (ou importação) é legal.
Para que isso seja feito da forma correta, o tratamento por meio da Cannabis Medicinal deve ser prescrito por um médico (ou profissional da saúde habilitado).
Este profissional deve indicar em sua receita quais são os medicamentos a serem utilizados no tratamento da Síndrome de Tourette, bem como as dosagens adequadas e terapias complementares.
Embora a utilização de substâncias canabinoides em formato medicinal não tenha apresentado efeitos indesejados relevantes ao longo dos anos, é necessário que haja um monitoramento médico adequado.
Com isto, aumenta-se as chances de obter uma melhora nos efeitos do tratamento e ao mesmo tempo reduzir efeitos colaterais.
Além disso, há casos em que a utilização do CBD e THC pode ser indicada como um complemento às terapias e medicação convencionais. Nesse sentido, a dosagem deve ser menor.
– Onde buscar ajuda para esse tipo de tratamento?
O uso da Cannabis Medicinal no Brasil é legal e autorizado pela Anvisa para qualquer doença.
O melhor de tudo é que, ao contrário do que muitos podem pensar, o processo para a compra das substâncias à base de Cannabis medicinal é bastante simplificado.
De acordo com a regulamentação RDC 660 da Anvisa, para a utilização de qualquer medicamento à base de Cannabis Medicinal, é necessário fazer a consulta com um profissional habilitado, que será quem irá prescrever o tratamento mais adequado para cada situação.
Nesse sentido, o profissional habilitado realiza a prescrição, com o medicamento, a dosagem (ou concentração) de cada componente e como deve ser adquirido o medicamento.
Entretanto, pesquisas apontam que menos de 0,4% dos médicos no Brasil tem experiência na prescrição de tratamentos à base de Cannabis.
Especialistas acreditam que esse baixo índice tenha a ver com o reduzido conhecimento sobre o sistema endocanabinoide e estudos relacionados aos benefícios da Cannabis no tratamento de doenças relacionadas a esse sistema.
Devido a esse baixo número de médicos prescritores de Cannabis, o Portal Cannabis & Saúde criou uma plataforma exclusiva para solicitações de consultas com profissionais habilitados e experientes na abordagem terapêutica de canabinoides.
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Conclusão
Como qualquer transtorno mental, a Síndrome de Tourette pode ser bastante desafiadora tanto para os seus portadores quanto para os familiares que convivem com ele.
Por ser uma doença que enfrenta muitos preconceitos devido aos seus estereótipos, muitas pessoas acabam perdendo a própria autonomia – seja por opção própria ou de seus familiares.
No entanto, a Síndrome de Tourette é um problema de saúde mental tratável – por meio das terapias adequadas, pode-se reduzir a frequência e intensidade dos episódios, fazendo com que a doença esteja controlada a um nível aceitável.
Nesse sentido, novas terapias foram desenvolvidas nos últimos anos e têm trazido mais qualidade de vida para seus portadores. Uma delas envolve a utilização da Cannabis na forma medicinal.
Se você conhece alguém com síndrome de Tourette e está interessado no tratamento com o uso de substâncias canabinoides, procure um médico com experiência.
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