A trajetória da médica Bibiana Lima Peres com a Cannabis medicinal não foi impulsionada por certezas, mas por uma série de questionamentos que a surpreenderam.
Sua jornana começou em um hospital secundário na zona leste de São Paulo, recorda ela, relembrando os primeiros passos ao implantar uma enfermaria de cuidados paliativos. Foi ali, ao receber pacientes encaminhados de grandes centros de referência, que algo inesperado desafiou algumas de suas convicções iniciais.
“Pacientes com prognósticos fechados, como cânceres avançados e doenças degenerativas, estavam usando Cannabis medicinal e, ao contrário das expectativas, estavam em melhor estado do que os prognósticos indicavam. Eles estavam caminhando pelos corredores, interagindo, conversando… Não estavam ali como aqueles pacientes depressivos e passivos que eu esperava”, revela.
Foi esse choque inicial que a levou a investigar mais a fundo o potencial da Cannabis. “Eu tinha uma visão muito limitada sobre esse assunto. Na minha cabeça, ainda existiam diversos estigmas. Mas, quando vi pacientes com câncer avançado, por exemplo, reagindo de forma tão positiva ao tratamento, me senti desafiada a entender o que estava acontecendo”, conta.
A imersão da Dr Bibiana Lima Peres no mundo da Cannabis
Motivada pelo que observou, Dra. Bibiana iniciou sua imersão no universo da Cannabis medicinal. Ela começou a buscar mais informações, realizou cursos de iniciação, participou de pós-graduação e congressos.
“Fiz meu primeiro curso na área de Cannabis medicinal, com cerca de 20 horas. Em seguida, fiz uma pós-graduação e diversos cursos de extensão. Desde então, não consigo mais parar de me atualizar. Participar de congressos e fazer networking na área. Já apresentei alguns cases e, a cada nova experiência, fico mais impressionada com os resultados da Cannabis no tratamento de diversas condições. O que encontrei foi muito mais do que eu imaginava. A Cannabis não era só uma alternativa, ela era uma revolução na medicina”, afirma.
A médica destaca que, à medida que se aprofundava, percebeu a imensa necessidade de mais profissionais capacitados para prescrever com segurança. “Quando você começa a entender o Sistema Endocanabinoide, as vantagens da Cannabis ficam ainda mais evidentes. Mas, o mais importante, é o impacto que ela tem na vida das pessoas. Isso é o que me faz seguir nesse caminho.”
As primeiras experiências
A médica passou a prescrever Cannabis medicinal para uma variedade de condições. ‘Inicialmente, quem me procurava eram pacientes sem prognóstico. Eram aqueles pacientes oncológicos, em tratamento quimioterápico, ou com doenças como esclerose múltipla, fibromialgia, insônia, dor crônica, ansiedade. Eram pessoas que já haviam tentado inúmeras terapias alopáticas e não tinham mais respostas, seja por efeitos colaterais ou pela falta de eficácia. A Cannabis, então, acabou se tornando a última fronteira para aqueles que estavam desacreditados da medicina tradicional’, conta. “E, mesmo com alguns pacientes em um estado de grande desesperança, conseguimos resgatar a qualidade de vida deles, ajustando a terapia com o uso de Canabinoides, de acordo com a necessidade de cada um”, revela.
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Cannabis e autismo
Entre a gama de condições que a médica lida em sua prática clínica, o autismo se tornou uma área em que ela observou resultados surpreendentes. “O autismo é um transtorno neuroinflamatório. As crianças autistas têm um excesso de glutamato, um neurotransmissor excitatório, que afeta a capacidade de se comunicar e interagir socialmente. O Canabidiol, por exemplo, ajuda a modular essa hipertransmissão do glutamato, o que traz uma regulação importante para esses pacientes”, explica.
Ela compartilha que, ao tratar pacientes autistas com Cannabis, percebeu melhorias significativas no comportamento e na qualidade de vida das crianças. “Eu trato desde autistas de grau 3 até os de grau 1. Para muitos, os resultados foram transformadores. Crianças que, antes, não falavam, começaram a se comunicar. Aqueles que não interagiam com outras crianças, começaram a brincar, a socializar. A melhoria é clara, e as mães ficam maravilhadas”, conta Dra. Bibiana.
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Além disso, a médica explica que o uso de Cannabis também permite reduzir outras medicações, muitas vezes com efeitos colaterais importantes. “É possível, com a Cannabis, desmamar essas crianças de medicamentos antipsicóticos, como quetiapina e risperidona, que têm efeitos colaterais, como compulsão alimentar e ganho de peso, coisas que não acontecem com a Cannabis”, destaca.
A médica também menciona que, com o uso da Cannabis, ela não só observa melhorias no comportamento, mas também em aspectos físicos, como a alimentação. “Crianças que eram seletivas com a comida, ou que só comiam um tipo específico de alimento, começaram a aceitar uma dieta mais variada. E o mais importante: essas mudanças se deram sem causar efeitos adversos, o que é muito gratificante.”
Esse enfoque no autismo, especialmente em um tratamento que gera resultados tão visíveis e transformadores, é um dos maiores marcos da sua carreira. Ela nunca deixa de expressar o impacto emocional de testemunhar tantas vidas sendo profundamente transformadas. ‘Ver essas crianças darem os primeiros passos rumo à comunicação e à interação social é algo que me toca profundamente. São mudanças que realmente emocionam o coração’, afirma.
Nunca vou esquecer o que disse a mãe de um paciente: ‘Agora, meu filho olha para mim, agora ele ri. Ele não fazia isso antes’. Esse momento foi, para mim, um divisor de águas’, compartilha.
O impacto no cotidiano dos pacientes
Dra. Bibiana também destaca a importância da Cannabis na vida de pacientes idosos com doenças degenerativas, como Alzheimer. “É impressionante. Pacientes que perderam a autonomia, que não conseguiam mais realizar tarefas simples, voltaram a viver. Eles começaram a cozinhar, regar o jardim, fazer as coisas do dia a dia que antes eram impossíveis. Isso é emocionante”, compartilha.
A médica observa que muitos pacientes estão se voltando para a Cannabis medicinal como uma opção viável, especialmente após não encontrarem soluções satisfatórias nos tratamentos tradicionais. Para ela, essa mudança de perspectiva é um reflexo da busca por soluções que ofereçam resultados concretos com menos efeitos colaterais. Nesse contexto, a médica compartilha sua visão sobre o impacto desse tratamento em sua prática clínica:
“Os pacientes que chegam até mim geralmente já estão cansados de tratamentos tradicionais que não surtiram efeito. Quando veem que a Cannabis pode oferecer resultados com menos efeitos colaterais, se tornam defensores desse tratamento. Claro que ainda existe preconceito, mas ele está diminuindo”, pontua.
A Cannabis como parte do arsenal terapêutico
Ao olhar para o futuro, Dra. Bibiana é otimista quanto ao papel crescente da Cannabis no tratamento de diversas condições. “A Cannabis está revolucionando a medicina, trazendo novas possibilidades terapêuticas. E, para algumas condições, como o autismo ou transtornos neurológicos, ela pode ser a primeira opção”, afirma, com confiança.
Ela acredita que a cannabis, ainda que não seja a primeira linha em todas as patologias, deve ocupar um espaço cada vez mais importante nas escolhas terapêuticas. “Em muitas situações, como a ansiedade, eu já prefiro prescrever Canabidiol a um benzodiazepínico. A Cannabis oferece uma alternativa com menos efeitos colaterais e mais qualidade de vida para o paciente”, conclui.
Dra. Bibiana, com sua trajetória marcada pela busca constante por conhecimento e pela vontade de melhorar a vida de seus pacientes, segue ajudando a construir um novo olhar sobre a Cannabis medicinal. “O que mais me emociona é ver a transformação na vida das pessoas. Isso é o que me faz continuar”, finaliza.
Importante!
No Brasil, o uso terapêutico da Cannabis Medicinal deve sempre ser realizado sob a orientação de um profissional qualificado, como a Bibiana Lima Peres. Para agendar uma consulta, clique aqui ou acesse nossa plataforma, que conecta você a mais de 300 médicos especializados, prontos para prescrever e monitorar o tratamento com Cannabis medicinal.