O cirurgião-dentista José Muniz fala sobre a aplicação da Cannabis e da luta para que os canabinoides façam parte da odontologia
O cirurgião-dentista José Magalhães Muniz Filho tem uma meta: “Eu quero me tornar o cara da Cannabis no Rio de janeiro.”
Nem todo mundo sabe, mas, assim como médicos, profissionais da odontologia também podem prescrever Cannabis medicinal para os seus pacientes. A relação de Muniz com a Cannabis, no entanto, começou fora do exercício de sua especialidade.
Sua filha, hoje com 12 anos, foi diagnosticada com síndrome de Turner, dentro do espectro autista, aos três anos. Desde então, Muniz passou a se envolver com a causa. Começou com grupos de familiares de pessoas com necessidades especiais até passar a fazer parte da comissão de defesa de portadores de necessidades especiais e é presidente da comissão de pacientes especiais dentro do Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro (CRO/RJ).
“Dentro dessa condição das pessoas com necessidade especial, fui procurar mais informações acerca e descobri que existia uma planta milagrosa que é a Cannabis”, conta. “Ajuda principalmente pessoas com epilepsia. Um terço dos autistas são epilépticos, mas e pra minha filha que não é?”
Junto aos médicos da filha, porém, não encontrou boas notícias. “Nem ventilaram a possibilidade de tratar com Cannabis. Nenhum interesse”, revela. “Os médicos não credibilizam a Cannabis e, como sou separado e não tenho o apoio da mãe, fiquei sozinho nessa história. Para mim, isso é horrível, mas só me deu mais vontade de estudar sobre a Cannabis.”
Chegar às aplicações dentro da odontologia foi uma consequência natural. “Vi que tem várias possibilidades para a utilização, como antimicrobiano em creme dental, várias doenças periodontais. Como tratamento para odontofóbicos, pessoas que sentem muita ansiedade antes da consulta, na redução de uma estereotipia chamada bruxismo”, afirma Muniz, que também é especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. “E para dores, especificamente dor crônica e aguda.”
Atualmente, porém, o dentista conta com a ajuda de um colega para fazer a prescrição. Apesar de estar na fase final de uma pós-graduação em Cannabis medicinal, sua cautela se explica pela responsabilidade que carrega.
Delegado do CRO/RJ e presidente da comissão, além de coordenador de curso e professor da graduação em Odontologia, busca ter toda a segurança para sustentar sua batalha para que a Cannabis seja cada vez mais comum dentro dos consultórios dos dentistas.
“É uma luta muito grande. Quando fala em maconha, acham que é o demônio. Tem medo. A gente tem que desconstruir isso com ciência. A luta é para incluir a disciplina da medicina canabinoide na grade curricular do curso de odontologia e para que a cannabis seja reconhecida pelo Conselho como parte medicamentosa importante no tratamento de pacientes odontológicos.”
“A Odontologia está caminhando para ser uma especialidade sistêmica. Um paciente diabético, por exemplo, já tem estudos mostrando que a Cannabis ajuda a controlar a diabetes e é uma doença que interfere na saúde periodontal.”
Por fim, sua luta é contra o estigma que a Cannabis carrega. “É uma possibilidade de se ampliar e de tirar o preconceito da planta”, finaliza. “O sistema endocanabinoide está dentro da gente e a gente pode trabalhar nele para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.”
Se você ou algum familiar possui alguma doença odontológica com indicação para a Cannabis, clique aqui para agendar uma consulta com o cirurgião-dentista José Magalhães Muniz Filho, radicado em Niterói.
Na plataforma de agendamento do portal Cannabis & Saúde é possível entrar em contato com cerca de 200 médicos e dentistas prescritores de Cannabis medicinal. Acesse agora e agende sua consulta.