Diante do diagnóstico de um tumor cerebral localizado próximo à hipófise — uma glândula do tamanho de uma ervilha, mas fundamental para a regulação hormonal do corpo —, Gizele Thame se deparou com um cenário desafiador. Por se tratar de um tipo de tumor que não responde a tratamentos convencionais, a única alternativa apontada pela medicina tradicional era a cirurgia.
No entanto, a complexidade do procedimento e suas consequências levantaram preocupações legítimas. A localização do tumor exigiria uma intervenção delicada, com alto risco de impactar diretamente o funcionamento da hipófise. Isso implicaria, segundo os médicos, a necessidade de reposição hormonal vitalícia, com o uso diário de até 22 medicamentos. Para Gizele, que já havia enfrentado um câncer de tireoide e conhecia bem as dificuldades em ajustar esse tipo de medicação, essa perspectiva comprometeria profundamente sua qualidade de vida.
Um novo olhar diante da incerteza
Com a decisão de não realizar a cirurgia, Gizele buscou alternativas para lidar com os impactos físicos e emocionais do diagnóstico. A princípio, enfrentou um período difícil, marcado por insônia, mau humor constante e uma sensação de desamparo. “Eu estava convencida de que ia morrer. Já tinha aceitado isso. Só não queria viver da forma como seria após a cirurgia”, lembra.
Nesse momento de vulnerabilidade, surgiu a sugestão do próprio filho: conhecer mais sobre os usos da Cannabis medicinal. Ainda fortemente marcada por tabus e ideias preconcebidas sobre a planta, Gizele resistiu. “Eu cresci ouvindo que era algo de marginal. Era um medo, um estigma muito forte. Não fazia distinção entre o uso medicinal e o uso recreativo. Foi difícil desconstruir isso.”
Mas a persistência do filho em compartilhar informações e depoimentos de outras pessoas em situações semelhantes começou a fazer diferença. “Foi ouvindo histórias reais, de gente que se tratava com Cannabis, que eu comecei a repensar. Resolvi me informar de verdade, sem preconceito.”
Primeiros sinais de melhora na qualidade de vida
Gizele iniciou o tratamento com orientação médica. Sua médica, Dra. Eliane, foi cautelosa, mas direta: “não sabemos o que vai acontecer com o tumor, mas todo o entorno da doença — as dores, a ansiedade, a insônia — poderia melhorar rapidamente.” E foi exatamente o que aconteceu.
“Aos poucos, passei a dormir melhor, meu humor mudou, me senti mais tranquila. Era como se eu finalmente estivesse respirando. Dois meses depois, já percebia uma grande diferença na minha disposição e na forma como eu lidava com tudo aquilo.”
Acompanhamento e evolução do quadro
Ao longo do tratamento, o acompanhamento por ressonância magnética passou a ser feito de forma periódica. A expectativa era apenas monitorar a estabilidade do tumor. No entanto, vieram boas surpresas: depois de um ano e meio, a primeira redução significativa foi constatada.
Cinco anos depois, uma nova ressonância revelou outra redução importante. O tumor, classificado como macroadenoma, diminuiu de 1.2 cm para 0.7 cm. Desde então, os exames de controle passaram a ser anuais e, atualmente, Gizele não faz uso de nenhum outro medicamento além da Cannabis.
Rotina com o tratamento
A dosagem utilizada por Gizele foi ajustada de forma individualizada, como é comum nesse tipo de terapia. A fase inicial incluiu três doses diárias de óleo (manhã, tarde e noite), administradas por via oral, com efeitos perceptíveis cerca de 50 minutos após o uso.
“O óleo me dava sono, então eu incluía pausas na rotina para descansar um pouco após cada dose. Com o tempo, à medida que o quadro foi se estabilizando, excluí a dose da tarde e segui com as da manhã e da noite. Durmo bem, acordo disposta e, o mais importante: me sinto viva de verdade.”
Qualidade de vida restaurada
Hoje, Gizele afirma com segurança que sua qualidade de vida é muito superior — não apenas em comparação ao período do diagnóstico, mas até mesmo antes de descobrir o tumor.
“Viver com leveza, com sono regular, sem dor de cabeça, com bom humor… Isso mudou tudo. Parece simples, mas é transformador.”
Quebrando o estigma
Um dos aspectos mais importantes para Gizele, hoje, é poder contribuir para a quebra de preconceitos que ainda envolvem a Cannabis medicinal. Ela fala com propriedade, pois passou por esse processo pessoalmente.
“O preconceito que eu tinha era puro desconhecimento. Eu só comecei a mudar quando decidi me informar de verdade. As informações estão aí — artigos, pesquisas, depoimentos, experiências reais. Mas é preciso querer aprender.”
Ela acredita que ações educativas em larga escala, com apoio de políticas públicas e campanhas institucionais, são fundamentais para levar a informação a quem mais precisa. “Hoje, todo mundo já ouviu falar em Cannabis medicinal, mas poucos entenderam de fato o que é. Muitos ainda confundem tudo, têm medo, julgam sem saber.”
Gizele conclui seu relato reforçando o poder da informação e da escuta. “O que me convenceu foram os depoimentos de outras pessoas. Por isso faço questão de contar a minha história. Eu fui ajudada por quem teve coragem de falar — agora, quero ajudar também.”
Importante!
O uso medicinal da Cannabis é legal no Brasil, desde que prescrito por um profissional de saúde habilitado. Para começar um tratamento com canabinoides, é essencial buscar orientação especializada. Em nossa plataforma, você pode agendar uma consulta com um dos mais de 300 profissionais qualificados.