O corpo humano é biologicamente preparado para lidar com um pouco de estresse, mas quando um estressor vira parte da sua rotina, ele pode causar sérios problemas.

O corpo tem um mecanismo para proteger você de perigos, como predadores e ameaças. Hoje, esses perigos são raros, mas isso não quer dizer que a vida está livre de estresse.

Você provavelmente enfrenta um monte de desafios diariamente, como uma carga de trabalho pesada, contas para pagar e a responsabilidade de cuidar da família.

Seu corpo trata essas situações como ameaças. E aí, libera uma grande quantidade de cortisol para deixá-lo sempre em alerta máximo.

A longo prazo, os efeitos dessa liberação desenfreada de cortisol prejudica sua saúde, causando, por vezes, doenças irreversíveis.

Mas não se preocupe, você pode recuperar o controle e impedir que o estresse domine sua vida. Veja abaixo o que o estresse pode causar no corpo humano e como você pode mitigar esses impactos:

• O que o estresse pode causar no corpo e na mente?
• Quais doenças o estresse pode causar?
• Quando o estresse é preocupante?
• Tratamentos para o estresse
• Quais atividades ajudam a reduzir o estresse?
• Como a Cannabis medicinal ajuda a reduzir os sintomas de estresse?

O que o estresse pode causar no corpo e na mente?

Se você é como a maioria das pessoas, já passou por momentos de estresse em algum momento.

Pode ser que tenha sentido aquele nervosismo durante uma situação difícil ou que o estresse esteja consistentemente presente no trabalho, em casa, ou em qualquer outro lugar.

A verdade é que o estresse faz parte da vida. Em pequenas doses, ele ajuda a manter você em alerta e até a melhorar seu desempenho diante de situações tensas.

Quando você se encontra em um cenário estressante, seu corpo automaticamente entra em ação. Seu cérebro emite sinais para liberar hormônios como cortisol e adrenalina na sua corrente sanguínea.

Esses hormônios ajudam seu corpo a se preparar para reagir, e então:

• O coração bate mais rápido e forte;
• Os pulmões trabalham mais para trazer oxigênio;
• Seu corpo libera mais energia (glicose).
• Seus músculos ficam prontos para agir.
• O corpo desvia energia de funções menos essenciais, como digestão e reprodução.

Quando isso acontece, você sentirá alguns sintomas temporários, como:

• Coração e respiração aceleradas;
• Tensão muscular;
• Sensação de calor ou rosto avermelhado;
• Boca seca;
• Sudorese.
• Dificuldade em pensar claramente.

Essas reações são parte do que chamamos de resposta “lutar-fugir-congelar”. É uma resposta natural ao perigo, uma estratégia de sobrevivência que ajudou nossos ancestrais a sobreviverem.

Pequenos picos de estresse te protegem e até te motivam. Por exemplo, pode ajudar a evitar um acidente ou fazer você reagir rapidamente em uma situação de emergência.

Mas quando o estresse se torna crônico, ele impactará fortemente sua saúde mental e física. Afinal, nossos corpos não foram feitos para viver em estado de alerta o tempo todo.

Quais doenças o estresse pode causar?

Quase todas as doenças conhecidas possuem o estresse como uma das causas, de alguma forma.

Por exemplo, grávidas que passam por uma situação fortemente estressante durante a gestação aumentam o risco de transtornos do neurodesenvolvimento no feto.

Crianças e adolescentes em estresse constante são mais propensos a ter problemas de saúde mental. Do mesmo modo, adultos que não gerenciam o estresse têm maiores chances de desenvolverem doenças.

E existem provas científicas que mostram que o risco de várias patologias sérias aumenta quando uma pessoa sofre com estresse crônico, entre as quais:

• Doença cardíaca – Aumento do risco de infarto e outras condições cardíacas;
• Pressão alta – Hipertensão arterial persistente;
• Obesidade – Ganho de peso devido a alterações hormonais e comportamentais;
• Diabetes tipo 2 – Resistência à insulina e controle glicêmico prejudicado;
• Asma – Agravamento dos sintomas e aumento da frequência de crises;
• Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) – Piora dos sintomas e avanço da doença;
• Síndrome do intestino irritável (SII) – Aumento dos sintomas digestivos como dor e desconforto;
• Úlceras gástricas – Formação de úlceras no estômago devido ao aumento da produção de ácido;
• Enxaquecas – Maior frequência e intensidade das dores de cabeça;
• Artrite – Agravamento da inflamação e dor nas articulações;
• Psoríase – Piora dos sintomas da condição de pele;
• Eczema – Agravamento da inflamação e coceira na pele;
• Doença autoimune – Exacerbação de doenças como lúpus e artrite reumatoide;
• Infecções recorrentes – Sistema imunológico enfraquecido, aumentando a suscetibilidade a infecções;
• Doença de Crohn – Aumento da inflamação e sintomas da doença inflamatória intestinal.

Além disso, o estresse prolongado também eleva o risco de problemas de saúde mental ou piora condições já existentes, como:

• Depressão, em todas as suas formas;
• Ansiedade, em todas as suas formas;
• Transtornos por uso de substâncias;
• Distúrbios alimentares;
• Transtorno bipolar.

Quando o estresse é preocupante?

O estresse é preocupante quando se torna crônico e afeta a saúde e o bem-estar. Situações de estresse agudo, como prazos apertados ou eventos estressantes, são normais e geralmente temporárias.

No entanto, o estresse é um perigo quando vira parte da sua rotina, como em situações de pressão no trabalho, conflitos familiares ou problemas financeiros persistentes.

Se o estresse está afetando o desempenho diário, causando fadiga, irritabilidade e dificuldade de concentração, também é um sinal de alerta urgente.

Reconhecer quando o estresse está fora de controle e buscar estratégias para gerenciá-lo ajuda a amenizar os impactos que ele causa no corpo humano.

Tratamentos para o estresse

Não existe um remédio que elimine ou previna o estresse completamente.

No entanto, dependendo do nível de estresse, uma combinação de estratégias pode ajudar a melhorar muito a qualidade de vida.

Geralmente, essas estratégias incluem a adoção de comportamentos que favoreçam a saúde física, como uma boa nutrição e exercícios, além de técnicas que promovam o bem-estar emocional e mental.

A meditação, por exemplo, tem mostrado potencial para melhorar a resposta ao estresse, reduzir a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e a inflamação.

Estudos também indicam que a prática de atenção plena diminui o sofrimento emocional e a reatividade do corpo em situações estressantes.

Quando o estresse é muito grave, certos medicamentos ajudam a gerenciar os sintomas, como tranquilizantes, beta-bloqueadores e inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs).

Tranquilizantes, como as benzodiazepinas, são frequentemente prescritos por seus efeitos calmantes.

Normalmente, esses medicamentos são usados a curto prazo, por 2 a 4 semanas, devido ao risco de dependência e outros efeitos colaterais.

Eles ajudam a aumentar o efeito do neurotransmissor GABA, que envia sinais calmantes ao corpo, aliviando rapidamente os sintomas, mas o efeito costuma durar apenas algumas horas.

Entre os tranquilizantes mais comuns estão: alprazolam, clonazepam, lorazepam e diazepam.

Quais atividades ajudam a reduzir o estresse?

Para diminuir os riscos que o estresse pode causar no corpo humano, o primeiro passo é identificar os estressores.

Situações grandes, como uma mudança, trocar de emprego ou um divórcio, são fáceis de identificar, mas até mesmo pequenos estressores podem ter um grande impacto no seu bem-estar físico e mental.

Portanto, você não pode evitar o estresse no dia a dia, mas você pode impedir que ele se torne opressivo praticando algumas das atividades abaixo:

Organização e gestão do tempo

A nossa vida vira um caos quando não temos um plano. Em contrapartida, a organização e a gestão do tempo são verdadeiros salvadores quando o estresse começa a se acumular.

A chave é criar um roteiro. Comece com uma lista de tarefas. Escreva tudo o que precisa fazer e organize as tarefas em ordem de prioridade.

Não adianta tentar abraçar o mundo inteiro em um dia só. Divida grandes tarefas em partes menores e vá riscando da lista à medida que vai concluindo cada uma.

Use ferramentas de gestão de tempo, como aplicativos ou diários, para manter tudo em ordem. Defina horários específicos para tarefas e compromissos. E, claro, seja realista.

Se você se sobrecarregar com tarefas que não são viáveis em um dia, o estresse surgirá. Não se esqueça de incluir momentos para pausas e lazer na sua agenda.

Uma técnica que você pode utilizar nesse processo é o método Pomodoro. Funciona da seguinte forma: trabalhe por 25 minutos e depois faça uma pausa de 5 minutos. Após quatro ciclos, tire uma pausa maior.

Esse método ajuda a manter o foco e a evitar o esgotamento. Lembre-se, a organização do tempo não é apenas sobre fazer mais coisas, mas fazer as coisas certas no momento certo.

Conexão social

Estar cercado por pessoas que nos compreendem e nos apoiam faz toda a diferença na nossa vida.

Quando conversamos com amigos, familiares ou colegas, criamos um espaço para compartilhar nossas preocupações e aliviar a carga emocional.

Não subestime o poder de uma conversa sincera ou de um abraço caloroso. Esses momentos de interação social têm o efeito de acalmar a mente em situações estressantes.

Invista tempo em relacionamentos que são positivos e edificantes. É importante cercar-se de pessoas que te levantam e que estão dispostas a ouvir.

Organize encontros, mesmo que virtuais, e participe de atividades em grupo que você goste. Fazer parte de uma comunidade com interesses semelhantes também ajuda a reduzir sentimentos de solidão.

Não se esqueça de que a qualidade da conexão é mais importante do que a quantidade.

Ter um círculo pequeno, mas íntimo, onde você se sente valorizado e compreendido, é mais eficaz do que ter uma grande rede social sem profundidade.

Técnicas de respiração

Respirar parece simples, mas a forma como respiramos influencia profundamente o nível de estresse que processamos.

Técnicas de respiração ajudam a acalmar o sistema nervoso e a promover um estado de relaxamento.

Experimente a respiração diafragmática, onde você inspira profundamente pelo nariz, expandindo o abdômen, e expira lentamente pela boca.

Outra técnica útil é a respiração 4-7-8. Inspire pelo nariz contando até 4, segure a respiração por 7 segundos e expire pela boca contando até 8.

Essa prática ajuda a desacelerar o ritmo cardíaco e a relaxar a mente. Faça isso por alguns minutos sempre que sentir que o estresse está aumentando.

Passar tempo ao ar livre

Estar em contato com a natureza ajuda a mitigar os impactos que o estresse pode causar no corpo humano, já que passar tempo ao ar livre traz uma sensação de calma e renova as energias.

Caminhar em um parque, fazer trilhas ou simplesmente sentar-se em um jardim ajuda a desacelerar o ritmo frenético do dia a dia. A natureza tem um jeito especial de nos fazer sentir mais relaxados.

A luz natural do sol também ajuda a regular nosso ritmo circadiano, o que contribui para um melhor sono e um estado de espírito mais equilibrado. Portanto, aproveite o sol sempre que possível, mas não se esqueça de se proteger com protetor solar.

Além disso, atividades ao ar livre como jardinagem, passeios de bicicleta ou até mesmo um piquenique em família são formas descontraídas de reduzir o estresse.

Essas experiências oferecem oportunidades para se desconectar das pressões diárias e se conectar com o presente.

Como a Cannabis medicinal ajuda a reduzir os sintomas de estresse?

Todos os mamíferos possuem uma rede de sinalização interna chamada sistema endocanabinoide (SEC), o qual é responsável por manter a homeostase do nosso organismo.

Quando passamos por situações estressantes, esse equilíbrio é interrompido, levando ao surgimento de sintomas e doenças.

A boa notícia é que a Cannabis atua sobre o SEC por meio dos receptores CB, que estão diretamente ligados à modulação do estresse.

A ativação dos receptores CB1 pelo THC, por exemplo, reduz a atividade do eixo HPA, diminuindo a liberação de cortisol, a secreção de CRH e ACTH (hormônio adrenocorticotrófico).

Esse mecanismo permite que o nosso corpo lide melhor com o estresse e ameniza os impactos que ele causa em nossa saúde.

A Cannabis também influencia a liberação de serotonina e dopamina. O CBD é um modulador alostérico dos receptores 5-HT1A, promovendo a melhoria do humor e maior sensação de bem-estar.

E por ser anti-inflamatório, ele reduz a inflamação crônica causada por altos níveis de cortisol. Assim, previne-se o enfraquecimento do sistema imunológico e o surgimento de doenças.

Além destas, há outras vantagens em utilizar a Cannabis para amenizar os impactos do estresse no corpo humano, como:

• Proteção contra neurotoxicidade: A exposição prolongada ao estresse causa neurotoxicidade e dano neuronal, mas a Cannabis protege os neurônios do estresse oxidativo e de danos celulares;
• Regulação do ciclo sono-vigília: Se o estresse tem afetado seu sono, não se preocupe! A Cannabis melhora a qualidade do sono e reduz distúrbios que impedem o descanso;
• Melhoria da resiliência ao estresse: A Cannabis ajusta a resposta do corpo a situações estressantes, promovendo um mecanismo adaptativo mais eficiente;
• Estabilização do humor: Por aumentar a anandamida, o CBD reduz os sintomas de ansiedade e depressão, frequentemente associados ao estresse;
• Relaxamento muscular: O THC é um forte relaxante muscular, que reduz a tensão causada pelo estresse.

Quais os benefícios comprovados da Cannabis para o estresse?

Um estudo de 2021 investigou como os derivados da Cannabis, especialmente o canabidiol, influenciam o estresse, a ansiedade, o humor e outros aspectos da qualidade de vida.

O estudo foi composto por 387 pessoas que usam ou já usaram Cannabis, os quais responderam a uma pesquisa online com 20 perguntas.

Os participantes forneceram informações básicas, seus hábitos de uso, os motivos para usarem e os efeitos sobre ansiedade, sono e estresse.

De acordo com os resultados, 75% dos participantes utilizavam a forma sublingual de CBD, alegando que os principais motivos para o uso foram ansiedade (42,6%), problemas de sono (42,5%), estresse (37%) e bem-estar geral (37%).

As análises mostraram que as mulheres tendem a utilizar mais para bem-estar geral e dor muscular, enquanto homens recorrem aos derivados da Cannabis com maior frequência para lidar com ansiedade e insônia.

Pessoas mais velhas relataram maior utilização para tratar o estresse, dor muscular, ansiedade, problemas de pele, foco e sono.

De maneira geral, os participantes alegam que os derivados da Cannabis foram altamente eficientes em reduzir o estresse, problemas de sono e ansiedade, com benefícios sendo consistentes a longo prazo.

Como iniciar um tratamento à base de Cannabis medicinal?

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Após entender seu quadro clínico, o médico pode — ou não — prescrever a terapia com Cannabis sob medida para você, indicando a dosagem e o tipo de produto mais adequado.

Ao iniciar o tratamento, acompanhe sua evolução e mantenha contato regular com seu médico.

Como cada pessoa tem uma resposta única à Cannabis medicinal, é importante ter paciência e seguir as orientações prescritas para garantir que os benefícios esperados sejam plenamente obtidos.

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Conclusão

Quando o estresse entra em cena, seu organismo é o primeiro a sentir o impacto. De sintomas simples a condições irreversíveis, o estresse afeta o corpo humano de várias maneiras.

A boa notícia é que há maneiras de amenizar esses efeitos, e uma delas é com a Cannabis. Através da interação com o sistema endocanabinoide, ela ajuda a recuperar o equilíbrio interno que o estresse desestabiliza.

Não se trata apenas de uma solução temporária para mitigar um estressor, mas de uma abordagem cujos benefícios são duradouros na qualidade de vida geral.

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