Diagnosticar mielite transversa (MT) é, por si só, um desafio. A doença é uma inflamação que atravessa a medula espinhal, interrompendo o trânsito de sinais nervosos motores. Essa interrupção resulta num quadro dramático e rápido: dor em cinturão — geralmente na lombar ou região dorsal — seguida por fraqueza progressiva nas pernas, distúrbios sensitivos e, em muitos casos, comprometimento do controle vesical e intestinal.
Dr. Vinicius Mesquita explica que “a combinação de dor precoce, fraqueza ascendente, nível sensitivo bem definido e disfunção esfincteriana forma a ‘assinatura’ clínica da mielite transversa. Quanto mais rápido o diagnóstico, maior a chance de minimizar sequelas permanentes.”
Mas a jornada até o diagnóstico raramente é direta. Os sintomas iniciais se confundem facilmente com outras condições mais comuns. Entre elas, hérnia de disco ou radiculopatias. Outro ponto que o médico destaca sobre o diagnóstico é que e exames de ressonância magnética, cruciais para confirmar a inflamação, nem sempre captam a lesão nos primeiros dias.
“Até 40% dos pacientes apresentam imagem inicial normal ou inconclusiva”, destaca o Dr. Vinicius. Esse cenário atrasado é agravado por exames sorológicos que podem demorar semanas, retardando o início da imunoterapia adequada.
Tratamentos convencionais: eficácia limitada e efeitos colaterais
A abordagem tradicional da mielite transversa começa com altas doses de corticosteroides para conter a inflamação. Embora beneficie cerca de 60% dos pacientes, a resposta não é universal. Além disso, os efeitos colaterais — glicemia elevada, risco de infecções e alterações de humor — podem ser severos, especialmente para idosos e diabéticos.
Quando a resposta aos corticosteroides é insuficiente, entra em cena a plasmaférese, uma troca do plasma sanguíneo que pode melhorar significativamente a recuperação motora, desde que iniciada precocemente. Depois, para evitar recaídas, são indicados imunossupressores como azatioprina, micofenolato ou rituximabe.
Mas é na fase crônica da doença que o maior desafio se impõe. Dor neuropática intensa, espasticidade e espasmos musculares persistentes que comprometem a qualidade de vida. “Esses sintomas são resistentes a muitos tratamentos convencionais e podem levar à incapacidade funcional grave”, explica o Dr. Vinicius.
Cannabis medicinal: um campo promissor para sintomas refratários
Neste cenário, a Cannabis medicinal aparece como uma alternativa complementar, especialmente para pacientes que não respondem (ou não toleram) os medicamentos tradicionais.
“O uso de fitocanabinoides, como THC e CBD, atua na modulação dos circuitos neuronais responsáveis pela dor e espasticidade. O que ajuda a reequilibrar o sistema nervoso central”, afirma o Dr. Vinicius. Ele reforça que a indicação vem quando, após pelo menos 12 semanas da fase aguda, sintomas como dor neuropática e espasticidade permanecem intensos, mesmo com o uso de baclofeno, gabapentinoides e fisioterapia.
Ainda de acordo com Dr. Vinicius Mesquita, os dados científicos ainda são incipientes, mas crescentes. Um levantamento recente (SRNA 2024) com quase 300 pacientes com mielite transversa e doenças relacionadas mostrou que 61% usavam Cannabis medicinal, com 72% relatando alívio moderado a significativo dos sintomas, principalmente dor e espasmos, e apenas 7% interromperam por efeitos colaterais.
Alé, disso, uma revisão da Frontiers, em 2022, compilou 25 ensaios clínicos em esclerose múltipla e dor medular traumática, evidenciando redução consistente da dor e melhora na rigidez, sem aumento de eventos adversos graves.
Segurança, riscos e desmistificação
Apesar do potencial, o uso da Cannabis medicinal exige cautela e acompanhamento médico rigoroso. Efeitos colaterais como sedação, tontura e boca seca são comuns no início, mas geralmente transitórios. Doses elevadas de THC podem aumentar ansiedade, o que exige monitoramento constante.
“Desconstruir mitos é fundamental”, alerta o Dr. Vinicius. “Não é ‘planta que cura tudo’. O que temos é um medicamento, com indicações, doses, riscos e benefícios que precisam ser manejados com profissionalismo.”
Uma nova esperança para pacientes como Maria de Lourdes
A história de Maria de Lourdes Vaz Oliveira, já publicada neste link, ilustra esse caminho. Diagnosticada em 2014, ela enfrentou anos de limitações e efeitos colaterais até encontrar no óleo de Cannabis uma melhora real dos espasmos e da qualidade do sono, sem os efeitos colaterais indesejados dos medicamentos tradicionais.
Seu relato, acompanhado de perto pelo Dr. Vinicius Mesquita, é um exemplo de como a medicina pode avançar ao integrar novas abordagens, especialmente para doenças raras e complexas como a mielite transversa.
Mielite transversa é uma condição rara, porém devastadora, que desafia pacientes e médicos. Enquanto o diagnóstico precoce e o tratamento imunológico são cruciais para minimizar danos, os sintomas residuais de dor e espasticidade ainda carecem de soluções eficazes e seguras.
A Cannabis medicinal não é uma cura, mas representa uma opção terapêutica promissora e fundamentada por evidências crescentes para pacientes refratários, que ainda lutam contra sequelas incapacitantes.
Com responsabilidade clínica e mais pesquisa, essa fronteira pode se ampliar, oferecendo qualidade de vida onde a medicina tradicional ainda tropeça.
Importante!
Para quem convive com os efeitos da mielite transversa — como espasticidade e dor neuropática — a busca por abordagens complementares pode abrir novos caminhos. A Cannabis medicinal, nesse contexto, tem se mostrado uma opção promissora para o alívio dos sintomas.
Mas é fundamental lembrar: o uso de Cannabis medicinal exige acompanhamento médico qualificado. Só um profissional com experiência nesse tipo de prescrição pode avaliar seu caso com segurança.
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