Chegamos no Março Amarelo e Lilás, cores que simbolizam, respectivamente, a conscientização sobre a endometriose e o câncer do colo do útero.
A endometriose é uma condição que afeta cerca de 7 milhões de mulheres no Brasil e 176 milhões no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença ocorre quando o tecido que normalmente reveste o interior do útero começa a crescer fora dele, causando dores intensas, especialmente durante a menstruação. Além disso, estima-se que entre 30% e 50% das mulheres com endometriose enfrentam dificuldades para engravidar.
Já o câncer do colo do útero é uma das principais preocupações no que diz respeito à saúde da mulher, representando a terceira doença mais frequente entre as mulheres brasileiras. Pois o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais comum entre mulheres no Brasil, com cerca de 15.000 novos casos diagnosticados anualmente.
Os principais fatores de risco incluem a infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV), uma condição que pode ser prevenida através da vacinação e do uso do preservativo. E a detecção precoce do câncer do colo do útero pode ser realizada por meio de exames de rastreamento, como o Papanicolau, que é fundamental para o diagnóstico precoce e a eficácia do tratamento.
Março Amarelo e Lilás
Portanto, a campanha de Março Amarelo e Lilás é imprescindível para aumentar a consciência sobre a endometriose e o câncer do colo do útero. E também para promover um espaço de discussão sobre tratamentos inovadores, como a Cannabis medicinal. O avanço nas pesquisas e as histórias reais de mulheres que tiveram as vidas transformadas pela terapia canabinoide podem trazer novas esperanças para quem sofre com essas condições.
Afinal, a saúde da mulher deve estar sempre em primeiro plano. E o diálogo sobre alternativas de tratamento como a Cannabis medicinal deve ser constantemente incentivado.
A saúde feminina e o sistema endocanabinoide
Sabe-se que o sistema endocanabinoide (SEC), sistema regulatório presente em todo o corpo humano, desempenha um papel crucial na modulação da dor, inflamação e humor. Mas é importante observar que este sistema atua em nós mulheres de uma maneira diferente.
“O sistema endocanabinoide (SEC) tem uma atuação diferenciada no organismo feminino, principalmente por sua interação com hormônios como o estrogênio e a progesterona, que influenciam sua atividade. O SEC regula a secreção de hormônios ovarianos e os níveis de gonadotrofinas no organismo, desempenhando um papel essencial nos processos reprodutivos femininos. E há uma ampla distribuição de receptores em órgãos reprodutivos femininos”, explica a Dra. Beatriz Jalbut Jacob Milani.
A médica, que tem endometriose, encontrou o alívio em produtos à base de Cannabis. Nesta entrevista exclusiva com o portal Cannabis & Saúde a profissional compartilha conhecimentos e apresenta sua história de vida com a endometriose e a Cannabis medicinal.
Como a Cannabis pode ajudar no tratamento das cólicas menstruais e na redução da dor associada a doenças como a endometriose?
“Os fitocanabinoides, que são os canabinoides presentes na planta Cannabis (como o CBD e o THC) atuam no alívio da dor por meio da modulação do sistema endocanabinoide, que está presente no corpo todo, com receptores tanto no sistema nervoso central quanto na periferia. Esses compostos podem reduzir as cólicas menstruais e a dor da endometriose por diminuírem a inflamação, modularem a percepção da dor e reduzirem a hipersensibilidade causada por essa condição. Podem atuar também na redução de espasmos musculares e melhora do bem-estar geral, como melhora do humor e do sono, impactando diretamente a qualidade de vida das mulheres que sofrem com essas condições”.
Quais os principais benefícios do uso de CBD e THC para a saúde das mulheres?
“Os fitocanabinoides oferecem diversos benefícios para a saúde feminina, principalmente no manejo da dor, da inflamação e da saúde mental. Eles podem auxiliar no alívio da dor crônica, como nas cólicas menstruais, endometriose e fibromialgia, além de possuírem propriedades anti-inflamatórias. Atuam na regulação do humor, sendo aliados no controle da ansiedade, depressão e estresse, condições frequentes entre as mulheres.
A qualidade do sono também pode ser beneficiada, já que os canabinoides ajudam a melhorar distúrbios do ciclo circadiano e insônia. Outro ponto relevante é a influência no equilíbrio hormonal, uma vez que esse sistema desempenha um papel regulador na secreção de hormônios ligados às funções reprodutivas e de resposta ao estresse – por isso pode impactar sintomas da TPM e da menopausa, incluindo libido”.
O Sistema endocanabinoide atua em nós mulheres de uma maneira diferente? Porque é tão importante manter este sistema em condição?
“Sim, o sistema endocanabinoide (SEC) tem uma atuação diferenciada no organismo feminino, principalmente por sua interação com hormônios como o estrogênio e a progesterona, que influenciam sua atividade. O SEC regula a secreção de hormônios ovarianos e os níveis de gonadotrofinas no organismo, desempenhando um papel essencial nos processos reprodutivos femininos.
Há uma ampla distribuição de receptores em órgãos reprodutivos femininos. Esse sistema está envolvido, inclusive, na maturação dos folículos, no transporte do embrião pelas tubas uterinas e na implantação do blastocisto no endométrio. Essa presença significativa nos órgãos reprodutivos femininos sugere um papel fundamental na regulação de processos como o ciclo menstrual, a fertilidade e a percepção da dor. Flutuações hormonais ao longo da vida da mulher podem impactar o funcionamento do sistema endocanabinoide, tornando-as mais suscetíveis a dores, distúrbios do humor e condições inflamatórias, como a endometriose.
Sua regulação é fundamental não apenas para a saúde reprodutiva, mas também para funções como apetite, metabolismo, sono, ansiedade, estresse, dor, função imunológica, memória e aprendizado. Manter o SEC equilibrado pode trazer benefícios para a saúde feminina. Um dos métodos naturais para ativá-lo é a prática de exercícios físicos de intensidade moderada a alta, que aumenta a produção de endocanabinoides e ativa seus receptores no corpo”.
Em relação à prevenção do câncer de colo uterino, há alguma indicação de que a Cannabis possa auxiliar na prevenção ou no tratamento adjunto após o diagnóstico?
“A prevenção do câncer de colo do útero é feita por meio da rotina ginecológica regular, que inclui exames como o Papanicolau e a vacinação contra o HPV, principais formas de reduzir a incidência da doença.
Até o momento, não há evidências científicas sólidas que indiquem que a Cannabis possa prevenir esse tipo de câncer. No entanto, alguns estudos sugerem que os canabinoides podem modular o crescimento celular e induzir apoptose (morte programada) em células tumorais em determinados tipos de câncer. Embora esse seja um campo de pesquisa promissor, ainda não há recomendação formal para seu uso na prevenção ou no tratamento primário do câncer de colo do útero.
Por outro lado, a Cannabis pode ser uma aliada no tratamento adjunto, auxiliando no controle de sintomas comuns em pacientes oncológicas, como dor, náuseas e ansiedade, especialmente durante a quimioterapia e radioterapia. Seu uso deve sempre ser discutido com a equipe médica para garantir segurança e evitar interações medicamentosas, principalmente em relação aos quimioterápicos e imunoterápicos”.
Qual a sua opinião sobre o uso de Cannabis para tratar dores crônicas femininas, como as relacionadas à endometriose, e como garantir que o tratamento seja seguro e eficaz?
“A Cannabis medicinal tem se mostrado uma alternativa promissora para o tratamento da dor crônica feminina, especialmente em condições como a endometriose. A dor associada a essa condição é muitas vezes debilitante e de difícil controle, impactando significativamente a qualidade de vida das mulheres. Os fitocanabinoides atuam na modulação da dor e da inflamação, ajudando a reduzir a hipersensibilização do sistema nervoso e proporcionando um alívio que muitas pacientes não encontram em tratamentos convencionais.
Falo isso como alguém que convive com a endometriose. Pessoalmente, encontrei nos produtos à base de cannabis um alívio que até então nunca havia experimentado, o que reforça minha convicção sobre o potencial dessa terapia. Essa experiência me fez compreender, ainda mais de perto, a importância de um tratamento individualizado e bem conduzido.
Para garantir segurança e eficácia, é essencial que o uso da Cannabis medicinal seja feito com acompanhamento médico, considerando fatores como dose, formulação adequada, possíveis interações medicamentosas e resposta individual ao tratamento. Além disso, o acesso a produtos de qualidade é fundamental para que as pacientes tenham os melhores resultados com segurança. Cada paciente pode responder de maneira diferente ao tratamento, por isso, o acompanhamento médico é fundamental para garantir segurança e eficácia com esse tratamento”.
A Dra. Beatriz participa na próxima quarta-feira, dia 12, às 19h, da live “Cannabis no tratamento da endometriose e da adenomiose, aqui em nosso canal do YouTube.
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