Para o professor Lucelmo Lacerda não há dúvidas de que o CBD, uma das moléculas da Cannabis, é considerado uma esperança no tratamento do autismo, com pesquisas mostrando benefícios potenciais.
O profissional que contabiliza mais de 340 mil seguidores nas redes sociais compartilhou com exclusividade a sua experiência pessoal com o autismo. Após o diagnóstico do filho autista, que hoje tem 17 anos, ele também foi diagnosticado com a condição. Foi assim que Lucelmo se envolveu na pesquisa e na disseminação científica sobre o tema.
Foco na ciência para a tomada de boas decisões de tratamentos de autismo
Em uma conversa franca, o professor, psicopedagogo, Doutor em Educação pela PUC-SP e com pós-doc em psicologia pela UFSCa, destacou a importância de informações científicas para ajudar famílias a tomar decisões informadas sobre o uso de Cannabis. Para ele, somente informações precisas, com bases científicas, podem dar o norte necessário para familiares de pessoas autistas.
“Meu filho teve o diagnóstico de autismo com 3 anos e meio. E é um caso de autismo nível três e aí aquela altura eu fiquei muito como qualquer pessoa, muito dependente do Google, e comecei a entender o que se falava sobre autismo. E, obviamente, as respostas que eu encontrava nem sempre eu entendia que eram verdadeiras. Em um momento eu era pesquisador de outra área e mudei de área de pesquisa e comecei a me identificar sobre a questão do autismo. Nesse momento eu comecei a ver que muitas das coisas que eu tinha visto estavam erradas. As pessoas podem seguir o que elas quiserem, mas precisam saber o que as pesquisas estão dizendo para tomar boas decisões. E isso, na verdade, tem a ver com empoderar essa família com alguém autista”, relata.
Cannabis e autismo
“O Canabidiol é uma esperança promissora para o tratamento de autismo, com muitos na comunidade científica aguardando resultados positivos. A pesquisa sobre seus benefícios está em expansão e gera muita expectativa”, pontua em nossa entrevista exclusiva.
Pesquisas e desafios do CBD para autismo
Segundo o professor, as pesquisas iniciais sobre CBD e autistas, tanto retrospectivas quanto prospectivas, indicam que esta molécula da Cannabis pode ajudar na redução de sintomas como agressividade e comportamentos estereotipados.
No entanto, ele ressalta que os estudos mais avançados, chamados de fase três, essenciais para aprovação oficial de medicamentos, ainda não foram concluídos devido a questões éticas e científicas.
Um ponto de cautela é o risco potencial associado ao THC, que pode estar ligado a gatilhos para esquizofrenia em pessoas geneticamente predispostas.
Assim, o CBD isolado é o foco dos estudos mais recentes, como os conduzidos em São Diego e Seattle, que buscam comprovar seus efeitos benéficos em autistas, especialmente aqueles com maior intensidade de sintomas.
O olhar na prática e a importância da informação científica
O professor distingue claramente relatos empíricos e científicos, destacando que muitos depoimentos positivos ajudam as famílias na busca por qualidade de vida, mas precisam ser comprovados para guiar decisões informadas.
Segundo ele, o efeito placebo é comum e amplificado em autistas, o que requer mais rigor na avaliação dos tratamentos para garantir segurança e eficácia.
Educação inclusiva: um sistema amplo, complexo e urgente no Brasil
Além do tratamento, o professor enfatiza a importância da educação inclusiva para pessoas autistas. Ele defende que essa inclusão não deve ser vista apenas como a presença do aluno em uma sala comum, mas como um sistema integrado que inclui salas especializadas e escolas específicas quando necessário.
O uso de práticas baseadas em evidências na sala comum é crucial para apoiar adequadamente os alunos autistas. Ele reconhece a dificuldade em lidar com comportamentos desafiadores, que constituem uma barreira significativa para a efetiva inclusão escolar. E que neste quesito, o CBD pode trazer benefícios.
Abril Azul: mês de conscientização do autismo
No mês dedicado ao autismo, o professor conclama para que o tema deixe de ser apenas uma preocupação da comunidade autista e ganhe atenção de toda a sociedade. Ele acredita que essa conscientização ampla é fundamental para promover mudanças reais e ampliar o acesso a tratamentos e inclusão.
E, finaliza, sobre o CBD no tratamento de autistas: a expectativa é alta, com novidades vindouras que podem consolidar seu papel no tratamento da condição.
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