O colangiocarcinoma, um tumor maligno raro que se origina nos dutos biliares, representa um desafio complexo para a oncologia devido à sua agressividade e difícil detecção precoce. Um estudo investigou os efeitos do canabidiol (CBD), um dos compostos da Cannabis, sobre esse tipo de câncer.
Os resultados são promissores e mostram que o CBD pode impedir o crescimento das células do tumor e induzir a sua destruição. O canabinoide afetaria múltiplos mecanismos dentro das células do câncer, dificultando a adaptação ao tratamento convencional.
O que é o colangiocarcinoma
Diferente de outros cânceres de fígado (hepatocarcinoma) ou de pâncreas, o colangiocarcinoma é mais raro e agressivo. Ele começa nos pequenos canais que transportam a bile do fígado para o intestino e muitas vezes só é descoberto quando já está em estágio avançado. Isso dificulta o tratamento, pois a cirurgia nem sempre é possível.
Os tratamentos convencionais para o colangiocarcinoma incluem quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, transplante de fígado. No entanto, esses métodos têm resultados limitados, o que torna essencial a busca por novas opções, como o uso do CBD.
Os efeitos do CBD no colangiocarcinoma
No estudo, intitulado Cannabidiol suppresses proliferation and induces cell death, autophagy and senescence in human cholangiocarcinoma cells via the PI3K/AKT/mTOR pathway e publicado no Journal of Traditional and Complementary Medicine, cientistas tailandeses analisaram o efeito do CBD em três linhagens de células do colangiocarcinoma em laboratório e em animais.
Eles observaram que o CBD age de várias formas:
- Reduz a multiplicação das células do câncer.
- Interrompe o ciclo de divisão celular, impedindo o crescimento do tumor.
- Aumenta a produção de radicais livres, que podem levar as células do câncer à morte.
- Induz a autofagia, um processo em que a célula se autodestrói quando não funciona corretamente.
- Estimula a senescência celular, uma espécie de envelhecimento da célula do câncer, impedindo-a de se multiplicar.
- Desestabiliza as mitocôndrias, afetando o gasto energético das células.
- Diminui a expressão de vias importantes para o crescimento e sobrevivência das células.
Em testes em animais, o CBD reduziu o crescimento do tumor e alterou marcadores associados à proliferação celular.
O potencial do CBD como terapia complementar para colangiocarcinoma
No estudo, os cientistas concluíram que o CBD tem potencial como terapia complementar para o colangiocarcinoma. Ele pode atuar em conjunto com métodos convencionais, como a quimioterapia, para aumentar a eficácia do tratamento.
“O estudo mostrou que o CBD tem um efeito antitumoral significativo em células de colangiocarcinoma por meio de vários mecanismos, incluindo a inibição da proliferação celular in vitro e in vivo, a redução da capacidade de formação de colônias e a indução de múltiplos processos celulares, notavelmente autofagia, parada do ciclo celular, senescência celular, disfunção mitocondrial, formação de gotículas lipídicas e superprodução de ROS.
Os resultados do estudo sugerem fortemente que o CBD é muito promissor como um agente terapêutico para tratar colangiocarcinoma e potencialmente outros cânceres.”
Embora os resultados tragam esperança, ainda são necessários mais estudos para confirmar sua eficácia e segurança em humanos. Apesar disso, o uso de compostos derivados de plantas pode abrir caminho para terapias menos agressivas e com menos efeitos colaterais.
Outros estudos sobre os efeitos anticâncer dos canabinoides
Pesquisas anteriores já haviam mostrado o potencial anticâncer dos compostos da Cannabis. Atualmente, essas pesquisas estão em estágios iniciais, com testes em células ou em animais no laboratório.
Anteriormente, pesquisadores observaram o potencial anticâncer do CBD e do canabigerol (CBG) no mesmo colangiocarcinoma. Ambos canabinoides inibiram o crescimento do tumor e induziram a morte das células cancerígenas. Uma outra análise observou esses mesmos efeitos com outro canabinoide, o canabinol (CBN).
Pesquisadores também sugerem potencial anticâncer dos canabinoides para:
Apesar dos resultados promissores, essas pesquisas ainda estão em fase inicial, com testes em células e animais. Por enquanto, não há medicamentos ou protocolos de tratamento com canabinoides aprovados para o combate ao câncer.
Cannabis para pacientes em tratamento de câncer
Enquanto o uso de canabinoides no combate direto aos tumores ainda está em estudo, medicamentos à base de Cannabis já são usados para aliviar os efeitos colaterais do tratamento contra o câncer. Os sintomas provocados pela quimioterapia podem ser incapacitantes, mas os medicamentos com canabinoides podem ajudar a lidar com alguns, como:
- Náuseas e vômitos;
- Fadiga;
- Perda de apetite;
- Neuropatia periférica induzida por quimioterapia;
- Dor oncológica;
Como iniciar um tratamento com Cannabis
Começar a usar medicamentos à base de Cannabis em um tratamento é um processo simples, mas que exige a orientação de um profissional da saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige a prescrição de um médico para a compra dos produtos e para acompanhar a evolução do paciente.
Portanto, o primeiro passo é marcar uma consulta com um profissional experiente na prescrição desse tipo de tratamento. Para facilitar a busca por médicos qualificados, listamos mais de 300 médicos na nossa plataforma de agendamento.
Na consulta, o médico vai avaliar a sua condição e histórico de saúde para decidir se o uso de produtos à base de Cannabis é indicado para o seu caso. Acesse nossa plataforma e encontre o especialista certo para te orientar na sua jornada por mais qualidade de vida e bem-estar.